domingo, 7 de janeiro de 2018

O DESAPEGO

O DESAPEGO





O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada.

Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. 

Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que tem hoje.

Quem  sabe  o  que  acontecerá  amanhã?  

A mulher  ou  o  homem  que  você  ama...  qualquer  movimento  é  possível:  vocês  podem  se  aproximar  ou  podem  se  distanciar.  Vocês  podem  novamente  se  tornar  estranhos  ou  podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.

Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer.

Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? 

Tudo é. Quando o amor  desabrocha  em  sua  totalidade,  tudo  simplesmente  é.  O  receio  do  amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego.

Todas as nossas misérias e sofrimentos não são nada mais do que apego.
Toda a nossa ignorância e escuridão é uma estranha combinação de mil e um apegos. Nós estamos apegados a coisas que serão levadas no momento da  morte,  ou  mesmo,  talvez,  antes.  Você  pode  estar  muito  apegado  a  dinheiro,  mas  você  pode  ir  à  bancarrota  amanhã.  Você  pode  estar  muito  apegado a seu poder e posição, mas eles são como bolhas de sabão. Hoje eles estão aqui; amanhã eles não deixarão nem um traço. (...)

Todas as nossas posições, todos os nossos poderes, nosso dinheiro, nosso prestígio, respeitabilidade, são todos bolhas de sabão. Não fique apegado a bolhas de sabão; senão, você estará em contínua miséria e agonia. Essas bolhas  de  sabão  não  se  importam  por  você  estar  apegado  a  elas.  Elas  continuam estourando e desaparecendo no ar e deixando-o para trás com o coração ferido, com um fracasso, com uma profunda destruição de seu ego.

Elas o deixam triste, amargo, irritado, frustrado. Elas transformam sua vida num inferno.

Compreender  que  a  vida  é  feita  da  mesma  matéria  que  os  sonhos  é  a  essência  do  caminho.  Desapegue-se:  viva  no  mundo,  mas  não  seja  do  mundo. Viva no mundo, mas não permita que o mundo viva dentro de você. 

Lembre-se  que  ele  é  um  belo  sonho,  porque  tudo  está  mudando  e  desaparecendo.

Não se agarre a nada. 

Agarrar-se é a causa de sermos inconscientes.

Se  você  começar  a  se  desprender,  uma  tremenda  liberação  de  energia  acontecerá dentro de você. 

A energia que estava envolvida no apego às
coisas  trará  um  novo  amanhecer  ao  seu  ser,  uma  nova  luz,  uma  nova  compreensão, um tremendo descarregar – nenhuma possibilidade para a miséria, a agonia, a angústia.

Ao contrário, quando todas essas coisas desaparecem, você se encontra
sereno, calmo e tranquilo, numa alegria sutil. Haverá um riso no seu ser
. (...)

Se você se tornar desapegado, você será capaz de ver como as pessoas estão apegadas a coisas triviais, e quanto elas estão sofrendo por isso. E você rirá de si mesmo, porque você também estava no mesmo barco antes.
O desapego é certamente a essência do caminho.

Osho