Saiba como os guias espirituais pensam
Seria
muita arrogância de nossa parte supor ser possível saber como pensam os
espíritos desencarnados que trabalham como guias, até porque cada consciência é
um mundo à parte e os próprios guias podem divergir no seu modo de ver as
coisas, porém, a partir de repetidos estudos dos Diálogos com os Espíritos, da
leitura de muitas obras transmitidas por guias espirituais e da experiência
prática quase diária de contato com eles em diferentes casas e trabalhos, é
possível ter algumas diretrizes que podemos compartilhar com os leitores.
Os guias
espirituais mais preparados, como aqueles que atuam na Umbanda, os quais
passaram, em regra, por universidades de preparação e que continuam estudando
rotineiramente, utilizam uma racionalidade muito distinta daquela dos
encarnados, motivo pelo qual estes cometem inúmeros equívocos no momento de
interpretar o que os seus guias buscam a partir de certas posturas,
orientações, intuições etc.
Os próprios
guias não cansam de dizer que o sistema de crenças humano atual é repleto de
ilusões e crenças limitantes. Em outras palavras, a base de racionalidade
terrena deverá cair nas próximas décadas e, quem sabe, muito já será abalado
nos próximos anos pelo fato de estarmos em um momento muito especial da
evolução deste planeta.
Um guia
espiritual sábio, por estar fora do corpo físico e por ter se preparado para
exercer esse trabalho, tem, em regra, a consciência bem mais expandida do que a
dos encarnados. O fato de ele ter informações das quais não dispomos sobre os
processos evolutivos dos subsistemas sociais onde vivemos torna sua capacidade
de ver as coisas muito mais ampla.
Os guias
também conseguem ver nos corpos dos encarnados o que eles vibram, o que eles
precisam, para muito além daquilo que o encarnado quer esconder dos outros e
até dele mesmo. Aqueles que querem ser o que não são enganam apenas a si mesmos
e atrasam seu processo evolutivo, pois não é tanto o que ele externa o que
estará contando em termos espirituais, mas o que ele vibra, e conectar-se com o
que se é, seja luz, seja sombra, é parte importante do processo de trabalho das
próprias sombras, que devem estar integradas à luz e sendo usadas para os fins
desta.
Por todos
esses fatores e por outros, os guias raciocinam de modo muito diferentes dos
seus guiados. Ambos traçaram um programa encarnatório para aquele guiado com
diversos compromissos de aprendizagem. Não se sabe previamente e detalhadamente
de todas as circunstâncias concretas da encarnação, pois há certo
livre-arbítrio para os encarnados, mas os guias já sabem com certa exatidão
pelo que cada guiado deverá passar ao longo da vida e quais os objetivos de
aprendizagem em cada ciclo.
O guia
preocupa-se com a felicidade do seu guiado, até porque isso mantém o seu padrão
vibratório melhor e lhe permite enfrentar as suas provas com altivez, porém o
compromisso maior dele não é com a alegria diária do guiado, ao passo em que
este, o encarnado, quer, mais do que tudo, estar alegre, o que ele quase sempre
associa ao gozo material, à satisfação dos seus desejos, ao deleite das
sensações.
Se os
encarnados observarem, todos passam por ciclos de altos e baixos de curto,
médio e longo prazo. As provas vão vindo e indo. As dificuldades aumentam e diminuem
para que possamos aprender em cada fase. O segredo é não deixar a vibração cair
demais quando as coisas apertam, nem se exaltar demais quando as coisas parecem
melhores.
Alguns
vivem achando que a vida está sempre ruim pelo fato de entrarem em padrões
vibratórios baixos e insistirem neles, acomodando-se em vitimismos, carências,
reclamações, invejas, sentimentos de raiva, mágoa etc. No entanto, se prestarem
bastante atenção, volta e meia a espiritualidade nos dá algo para que possamos
nos sentir um pouco melhores do ponto de vista mais egóico, que ainda é o que
mais nos toca no sentido de nos fazer alegres.
O
objetivo, contudo, é que não precise ser assim. O encarnado deve aprender a
manter a paz, a felicidade, não importa qual seja a situação em que se
encontre, conseguindo um estado de consciência desperta atento para o fato de
esta terceira dimensão ser, acima de tudo, um ambiente de aprendizagem. Isso
não significa comodismo, mas resiliência.
Por esse
fato, os guias espirituais atuam em relação aos encarnados de forma a
conduzi-los para esse estado de consciência. O objetivo deles, em primeiro,
segundo e terceiro lugar, é fazer com o que o encarnado aprenda aquilo com que
ele se comprometeu, e, segundo eles contam, os próprios encarnados cobram isso
dos seus guias quando estão desdobrados durante o sono ou quando desencarnam.
Quando
muitos encarnados passam por uma dificuldade, eles reclamam, querem que seja
diferente. Ao se desdobrar, entretanto, muitos certamente dizem para os guias:
“pode botar para quebrar”, "pode exigir", "faça-me aprender ao
máximo". A consciência encarnada e a consciência liberta da matéria física
pensam de modo muito diferente.
Se já
acontece essa diferença de pensar, de raciocinar, de compreender com a mesma
individualidade, em se tratando da própria pessoa encarnada, imaginem a
diferença de raciocínio quando se compara os guias, que estão em estado
contínuo de vivência no plano espiritual, e os encarnados no momento em que
estão acordados e tão limitados pela densidade de energias da terceira
dimensão, pelo seu corpo físico e pelas próprias ilusões e limitações que
criaram ao longo de encarnações passadas e da presente.
Muitos
encarnados têm dificuldades de entender os seus guias e ter maior consciência
dos processos pelos quais passam pelo fato de racionalizarem o que vem dos
guias como se viesse de um amigo encarnado. Vamos a alguns exemplos singelos,
dentre muitos outros que poderiam ser citados.
Se o guia
faz um elogio a um encarnado, ele pode estar querendo fazê-lo perceber que
aquilo alcançado foi importante, que deve ser mantido e até desenvolvido.
Dificilmente, um guia vai falar algo para agradar. Consciências despertas
emanam sua verdade, apenas vibram amor. Elas não procuram ser boazinhas, não
agem fora do que acreditam para agradar o encarnado, nem querem falar coisas
apenas para tocar o ego do outro.
Ser bom e
íntegro é diferente de ser bonzinho, agradável. Ser bom é emanar o amor de
dentro, ser íntegro é ser quem se é, com luz e sombra integradas. Ser bonzinho
e agradável é buscar satisfazer aos outros, desconectando-se de si para atingir
expectativas alheias e ser aceito. Ser bom e íntegro é estar lúcido,
consciente. Ser bonzinho e agradável é estar no ego e com a autoconfiança
fragilizada.
Se o guia
faz um elogio a um encarnado, contudo, ele também pode estar querendo levantar
sua moral, pois aquela pessoa tem pouca autoconfiança e precisa disso. Quando
um guia faz um elogio a um encarnado em público, ele pode estar querendo ver
como a vaidade dele e a inveja dos demais irão reagir.
Não se
enganem, amigos leitores, tudo o que vem dos guias tem uma ciência por trás,
tem preparações feitas com nós mesmos, mas das quais não lembramos agora. É
tudo muito mais profundo e complexo do que parece.
Se o guia
faz uma crítica ao encarnado, muitas vezes pode estar querendo mostrar que algo
não anda bem e que, seguindo um determinado caminho, poderá melhorar. No
entanto, pode também ter por trás um fim de ver quão ofendido o encarnado irá
ficar ou pode ter o intuito de irritar o encarnado para que ele tome uma
atitude necessária ao seu curso de aprendizado naquele momento, como colocar
algo reprimido para fora, como sair de uma casa espiritual que não está mais no
caminho dele, dentre diversas outras intenções.
Os guias
estão trabalhando o ego dos encarnados a todo momento. É uma grande ilusão
achar que eles atuam da forma egóica humana ou que fariam, falariam coisas que
normalmente os próprios encarnados utilizam para agradar os egos dos outros. É
até esperado que o indivíduo menos empático e consciente projete no outro
aquilo que ele faria, então é bastante compreensível que os encarnados
interpretem o que vem dos guias por meio do sistema de crenças próprio, que
induz a compreender aquilo por meio da pergunta: “Qual a intenção eu teria ou
um professor meu teria ou alguém que gosta de mim teria ao fazer ou dizer
isso?”
A própria
semântica do termo guia já nos conduz a perceber que alguém nos conduz. Ainda
que sejam amigos espirituais, eles não agem como os amigos da Terra. O aprendizado
e o programa estão muito acima da satisfação do ego que os encarnados em geral
buscam.
Esse tema
é palpitante e voltaremos a falar sobre ele em muitos textos. Por enquanto, é
importante perceber a enorme relevância que tem o programa Diálogo com os
Espíritos e muitos outros que vêm veiculando a palavra dos guias para estudo
dos encarnados. Ali podemos entender melhor como eles raciocinam, quais tipos
de críticas eles têm às nossas ilusões e limitações.
Há
estudos muitos mais profundos no Diálogo com os Espíritos do que apenas tirar
curiosidades a partir das perguntas e respostas. Ali é possível ir acessando a
racionalidade dos guias, com suas diferenças e semelhanças, levando-nos a
perceber o que eles, como consciências muito mais despertas, mas não super-heróis,
querem para nós e, assim, podemos chegar mais perto do que nós mesmos, enquanto
consciências mais libertas no desdobramento ou após o desencarne, temos como
objetivos para nossa encarnação. Estar muito no ego é ruim porque significa ir
contra o que nós mesmos, enquanto espíritos, queremos para nós.
Creio que
é impossível termos uma consciência tão desperta ao longo da encarnação como um
guia espiritual nosso tem, mas há duas formas de se aproximar mais desse grau
de lucidez e de “acertar” na encarnação: a primeira é sentindo cada vez mais
com o coração as orientações verbais e intuitivas que eles nos dão e agir como
eles sugerem, deixando o ego mais quietinho, sob direção do chamado Eu
superior; a segunda é estudando cada vez mais o que os guias dizem nos inúmeros
veículos de informação hoje existentes, passando o conhecimento pelo coração e
vivendo-o na prática.
Imagem: https://www.somostodosum.com.br/artigos/espiritualidade/viagem-espiritual-a-arte-de-honrar-a-luz-13255.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário