Expiações Coletivas
AS CAUSAS
DAS MORTES COLETIVAS
Através da reencarnação, a Doutrina Espírita mostra que há
lógica nas tragédias que chocam a todos nós. Como conciliar a afirmativa de
Jesus de que “a cada um será dado segundo as suas obras”, com as desencarnações
coletivas provocadas pelo terremoto mais violento dos últimos quarenta anos,
ocorrido no dia 26 de dezembro de 2004, que ao produzir ondas gigantescas
(tsunamis), destruiu a região litorânea do Sul da Ásia, matando centenas de
milhares de pessoas?
Como aplicar o ensinamento do Cristo às mortes coletivas que
aconteceram num incêndio de grandes proporções em uma discoteca de Buenos
Aires, no final de dezembro, e que provocou a morte de 175 pessoas; ou aos
óbitos registrados no terremoto que atingiu a cidade de Bam, no Irã, no final
de 2003, que matou milhares de pessoas de todas as idades e condições sociais;
ou ainda, às verificadas no acidente de avião no Egito, que provocou a morte de
148 pessoas que estavam a bordo, em 3 de janeiro de 2004? Enfim, como explicar
todos esses e muitíssimos outros fatos dramáticos sob a ótica da Justiça
Divina?
Para melhor entendermos a questão das expiações coletivas,
esclarece o Espírito Clélia Duplantier, em Obras Póstumas, que é preciso ver o
homem sob três aspectos: o indivíduo, o membro da família e, finalmente, o
cidadão. Sob cada um desses aspectos ele pode ser criminoso ou virtuoso. Em
razão disso, existem as faltas do indivíduo, as da família e as da nação. Cada
uma dessas faltas, qualquer que seja o aspecto, pode ser reparada pela
aplicação da mesma lei.
A reparação dos erros praticados por uma família ou por um certo
número de pessoas é também solidária, isto é, os mesmos espíritos que erraram
juntos reúnem-se para reparar suas faltas. A lei de ação e reação, nesse caso,
que age sobre o indivíduo, é a mesma que age sobre a família, a nação, as
raças, enfim, o conjunto de habitantes dos mundos, os quais formam
individualidades coletivas.
Tal reparação se dá porque a alma, quando retorna ao Mundo
Espiritual, conscientizada da responsabilidade própria, faz o levantamento dos
seus débitos passados e, por isso mesmo, roga os meios precisos a fim de
resgatá-los devidamente.
FAMÍLIA
MORRE QUEIMADA
Vejamos agora como funciona a lei de ação e reação para redimir
culpas passadas de diversos membros de uma família que, por vingança,
incendiaram a casa de um vizinho pela madrugada, matando todos dentro da casa.
Os espíritos que compunham a família criminosa, ao reencarnarem unidos
novamente pelos laços consanguíneos, expiaram seus crimes num desastre, no qual
o carro em que viajavam pegou fogo, morrendo todos queimados dentro do veículo.
Como se vê, cada membro da família reparou individualmente os
crimes cometidos na encarnação anterior, dentro do resgate coletivo. De fato, a
dor coletiva é o remédio que corrige as falhas mútuas. No entanto, cada um só é
responsável pelas suas próprias faltas como determina a Justiça Divina, ou
seja, como indivíduos ou como membros de uma coletividade, todos nós somos
responsáveis pelos nossos atos perante as leis de Deus.
Segundo Emmanuel, nós “criamos a culpa e nós mesmos engenhamos
os processos destinados a extinguir-lhe as consequências. E a Sabedoria Divina
se vale dos nossos esforços e tarefas de resgate e reajuste a fim de
induzir-nos a estudos e progressos sempre mais amplos no que diga respeito à
nossa própria segurança. É por este motivo que, de todas as calamidades
terrestres, o Homem se retira com mais experiência e mais luz no cérebro e no
coração, para defender-se e valorizar a vida”.
Tais apontamentos foram feitos ao final do capítulo intitulado
“Desencarnações Coletivas”, no livro Chico Xavier Pede Licença, quando o
benfeitor espiritual responde porque Deus permite a morte aflitiva de tantas
pessoas enclausuradas e indefesas, como nos casos de incêndios.
TERREMOTOS
Imaginemos guerreiros do passado que destruíram cidades,
arrasaram lares, matando mulheres e crianças sob os escombros de suas casas,
fazendo milhares de vítimas. É lógico que os espíritos desses guerreiros, ao
reencarnarem na Terra em novos corpos, atraídos por uma força magnética pelos
crimes praticados coletivamente, se reúnem em determinadas circunstâncias, e
sofrem “na pele” por meio de um terremoto ou outra catástrofe semelhante, o
mesmo mal que fizeram às suas vítimas indefesas de ontem.
ACIDENTES
DE AVIÃO
O espírito André Luiz, no capítulo 18 do Livro Ação e Reação,
psicografado por Chico Xavier, esclarece que piratas que afundaram e saquearam
criminosamente embarcações indefesas no dorso do mar, ceifando inúmeras vidas,
agora encarnados em outros corpos, morrem coletivamente nos acidentes
aviatórios.
TRAGÉDIA DO
CIRCO
No dia 17 de dezembro de 1961, na cidade de Niterói, em
comovedora tragédia num circo, a justiça da lei, através da reencarnação,
reaproximou os responsáveis em diversas posições da idade física para a
dolorosa expiação, conforme relata o Espírito Humberto de Campos, pelo médium
Chico Xavier, no livro Crônicas de Além Túmulo. Os que morreram no século XX no
circo de Niterói foram os mesmos que, no ano de 177 de nossa era, queimaram
cerca de mil crianças e mulheres cristãs numa arena de um circo na Gália, região
da França, na época do Império Romano.
OUTRAS
CAUSAS
Ainda na mensagem “Desencarnações Coletivas”, o benfeitor
espiritual Emmanuel esclarece outros motivos para as mortes que se verificam
coletivamente. Diz ele:
“Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos
coletividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes,
mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes
públicos. Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito
pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de
epidemias arrasadoras.
Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela
megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração,
pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente
imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas. Corsários que ateávamos fogo
a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no
Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a
desencarnação coletiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a
reencarnação”.
CONCLUSÃO
Diz Allan Kardec, nos comentários da questão 738 de O Livro dos
Espíritos, que “venha por um flagelo à morte, ou por uma causa comum, ninguém
deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única
diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo”.
E finalmente, segundo esclareceram os Espíritos Superiores a
Allan Kardec, na resposta à questão 740 de O Livro dos Espíritos, “os flagelos
são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de
demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem
ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor
ao próximo, se o não domina o egoísmo”.
Publicado por Fernando Rossit
(Texto de Gerson Simões Monteiro)
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