domingo, 24 de novembro de 2019
domingo, 17 de novembro de 2019
O SOBRINHO DO CHICO
O SOBRINHO DO CHICO
Um dos sobrinhos do Chico [Xavier] viveu
com ele cerca de uma dezena de anos.
Era uma crianca cega, surda, muda e não
possuía células gustativas na boca e nas papilas da língua, razão pela qual era
alimentada com a introdução de papas diretamente na garganta.
Nascera quando o médium contava vinte e
seis anos. Pelas contingências da vida, Chico, a partir de algum tempo, passou
a tê-lo qual seu próprio filho.
A cunhada, mãe do menino, não podia mais
cuidar dele porque sua saúde mental estava comprometida, e suas irmãs, com
numerosos filhos, uma com oito, as outras com a prole de dez e doze rebentos,
não tinham tempo sequer para olhá-lo.
No entanto, a criança foi muito amada.
Chico dedicou-se a ela, substituindo,
dentro de suas possibilidades, a mãe ausente, mantendo-a distante de olhares
indiscretos, sempre coberta com um véu muito fino para protegê-la dos insetos.
Quando lá estivemos pela primeira vez,
em 1948, na casa velha, em que se instalara o centro espírita, ao lado da sala,
onde eram feitos atendimentos, sessões e transmissão de passes, ficava o quarto
onde o Chico dormia com a criança.
Soubemos, posteriormente, que, no
período em que ela permaneceu sob seus cuidados, o médium não aceitou convite
algum para sair e passear aos sábados e domingos.
Essa constante intimidade fê-lo adquirir
grande afeição pelo entezinho sofredor.
A comunicação entre ambos era feita por
uma espécie de gemido que a criança dava respondendo-lhe as perguntas. Dessa
forma eles dialogavam externando seus sentimentos.
Chico, ao referir-se a esses fatos, anos
mais tarde, contou-nos que nunca levava os frequentadores do centro para vê-la
porque poderiam dizer:
— Que médium é esse que não resolve
problema algum?
— Algumas vezes, após longas horas de
ausência — prosseguiu — pois só me afastava do menino para os compromissos
sérios e de trabalho, eu o higienizava e quedava-me ao seu lado, para dar o
amor que lhe faltava.
Mas eis que, inopinadamente, surgia uma
mãe em pranto, pedindo-me auxílio e consolo porque seu filho havia perdido o
ano na escola! E eu tinha de deixar o menino para ir atendê-la...
Depois de significativa pausa, Chico
continuou:
— Assim viveu meu sobrinho até 1949.
Quando desencarnou, aos doze anos, parentes se sentiram aliviados, mas eu sofri
muito com a ausência física dele...
O médium calou-se por uns momentos, e
deu sequência ao relato:
— Depois de um tempo, que me pareceu
muito longo, eis que ele me aparece em espírito: era então um moço muito
bonito, aparentando vinte e dois anos.
Da comunicação que se estabeleceu entre
nós, em meio às alegrias do seu retorno, após os saudosos anos de ausência, o
belo rapaz informou-me que teria de permanecer mais cinquenta anos no Além, com
reencarnação programada para o início do Terceiro Milênio.
Quem fora ele, em vida passada, para
sofrer tão severa punição? - pensávamos, intimamente, ao ouvirmos tão comovente
história.
O próprio médium informou-nos, em
seguida, que ele era a reencarnação de Antoine Quentin Fouquier Tinville,
revolucionário e juiz na França durante o conturbado final do século XVIII.
Chico, dirigindo-se a nós, em tom mais
baixo, acrescentou ainda:
— Em pleno Tribunal Revolucionário, no
período de Terror, quando não havia vítimas para serem levadas à guilhotina, ele
enviava algum desconhecido, ou um de seus inimigos, para que a “máquina” não
parasse...
Soubemos, posteriormente, que o nome do
infeliz menino — mas que foi profundamente amado pelo generoso médium — era
Emmanuel Luiz.
Livro: Inesquecível Chico
Romeu Grisi, Gerson Sestini
GEEM – Grupo Espírita Emmanuel Sociedade
Civil Editora
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