O monstro de olho verde
A inveja pode ser de um estilo de vida, da
beleza, do carisma, do sucesso, da inteligência.
Nessa parábola, encontramos a essência deste famoso sentimento, chamado de tantos modos. Uns se referem a ele como o mal secreto, outros como inveja branca. Em ‘Otelo’, de Shakespeare, encontramos uma referência ao invejoso como o “monstro de olhos verdes”, uma associação da cor à inveja: “Estou verde de inveja!”.
Na tentativa de se ver livre do mal-estar que é não ter o que o outro possui ou daquela vontade danada de ter o que é do outro e não seu, o invejoso opta, sem se dar conta, pela destruição do que deseja e até de si próprio, revelando incapacidade de conquistar o que vislumbra. Destruído, o objeto do desejo se acalma. Não existe mais o que desejar, está destruído o que tanto cobiça.
Outra faceta desse movimento, encontramos no comportamento infantil. Os amigos de infância que, diante do nosso brinquedo novo, o destroem rapidamente diante do nosso olhar com a famosa fala: “Desculpe, foi sem querer!”. Quem não viveu isso?
A inveja não se restringe aos objetos, muitos se espantam por não ter grandes posses e, ainda assim, serem objeto da inveja de alguém. Sim, a inveja pode ser de um estilo de vida, da beleza, do carisma, do sucesso, da inteligência... atributos subjetivos que não se compram e ainda assim, não escapam do desejo alheio.
Diferentemente do ciúme, que é a posse, o amor ao objeto, a inveja se traduz exclusivamente na destruição do mesmo ou de alguém, com a única finalidade de estancar o mal-estar que é ansiar pelo o que não se tem. Isso também se traduz em comentários negativos, conspirações, manipulações e atitudes nem um pouco nobres. É bom tomar muito cuidado para quem se contam conquistas, planos, viagens, promoções... objeto destruído é igual a inveja aplacada! Não se deixe destruir!
Fernando Scarpa é psicanalista
Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/opiniao/2013-08-19/fernando-scarpa-o-monstro-de-olho-verde.html

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