domingo, 29 de outubro de 2017
Moisés, Jesus e Allan Kardec
Moisés, Jesus e Allan Kardec
Por Alessandro Viana Vieira de Paula
Na literatura
espírita encontramos diversas referências às denominadas Três Revelações. No
livro Cintilação das Estrelas [cap.2], o Espírito Camilo, através da
mediunidade de José Raul Teixeira, mostra-nos a perfeita integração que há
entre os Dez mandamentos, o Evangelho de Jesus e o Espiritismo.
A princípio,
Camilo nos aponta que em tudo há um planejamento divino, um controle superior,
de forma que Deus jamais age de improviso e sempre está presente, inspirando a
criatura humana para sua plenitude espiritual, etapa a etapa, sem pressa, como,
por exemplo, ao permitir a reencarnação de Espíritos evoluídos, que nos trazem
elevados conceitos e posturas nobres.
A Divindade,
em Sua infinita sabedoria, respeitando e entendendo os nossos limites,
organizou a vinda das Três Revelações de forma notável, havendo um encadeamento
lógico na cronologia temporal.
À época de
Moisés, éramos crianças espirituais, necessitando mais de limites em nossas
condutas levianas e irresponsáveis, de tal sorte o que o citado líder hebreu,
guiando um povo indisciplinado, tenta imprimir as nuanças do respeito ao
semelhante e da fidelidade ao Único Senhor.
Por essa
razão, Moisés, no Monte Sinai, entra em sintonia com os Embaixadores do Cristo,
e nos traz o Decálogo, que, segundo Camilo, constituiu-se em bússola segura e
em freio, impondo normativas de acatamento e moderação, tornando-se, assim, a
grande carta que traz notícias do anseio de Jeová, com relação aos tutelados
humanos.
Do Decálogo,
a maioria dos preceitos é em tom negativo – não ter outros deuses, não dizer o
nome do Senhor em vão, não matar, não adulterar, não furtar, não dar falso
testemunho e não cobiçar – os quais, com exceção dos dois primeiros, estão
vinculados à postura do indivíduo com seus semelhantes.
A criança,
em seu processo educacional, ouve muito a expressão não. Não faça isso, Não
pode, Não é permitido, Não, você vai se machucar. É uma forma de impressionar e
chamar a atenção da criança com vigor.
Enquanto
crianças espirituais, na época de Moisés, precisávamos ouvir o não, por isso, o
Decálogo, ao estabelecer o princípio de justiça, ensina o que não devemos
fazer, com o escopo de não dificultarmos o nosso processo evolutivo.
Após
séculos, Jesus, personificando a segunda e maior das Revelações, encarnou-se no orbe terrestre, advindo,
assim, a juventude espiritual do planeta, em condições de ouvir o que o Doce
Nazareno tinha a ensinar.
Jesus refez
variados conceitos e sintetiza o Decálogo em dois mandamentos: o amor a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Na condição
de jovens espirituais, tínhamos condições de saber o que fazer. O jovem já não
necessita ouvir tantos não, está mais carente de informação e diretriz, de
forma que é mais comum dizermos: Faça assim, Assim é o correto, Pense nisso
etc.
Jesus, o
Modelo e Guia de nossas vidas, veio nos ensinar o significado profundo do amor,
mas não foi apenas um teórico, viveu o amor na sua plenitude, mostrando o que
devemos fazer ao próximo e, ao executarmos, realizar como se estivéssemos
fazendo a nós.
Dessa forma,
a segunda Revelação representa o seguinte ensino: O que fazer?
Camilo, ao
dar prosseguimento ao seu notável raciocínio, acentua que passados dezoito
séculos nos quais Sua mensagem e Seus Feitos [referindo-se a Jesus] estiveram
trancafiados nas masmorras escolásticas, empoeirados em cofres de usura,
brilhantes e frios sobre pedras de escuros altares ou adulterados, no verbo
interesseiro dos maus obreiros, renasce, no Ocidente, a personagem gloriosa de
Rivail.
Hippolyte
Rivail estuda os ensinos de Moisés, dedicado. Penetra a aura evangélica e se
emociona com a saga do Cristianismo, sorvendo seu conteúdo a longos haustos.
Trava contato com seres que haviam deixado o pouso da matéria, pelo fenômeno da
morte. Dialoga com esses imortais e se aprofunda na eloquência dos raciocínios
e no sentido real da fé impoluta e refletida. Logra reunir, num só trabalho, o
questionamento filosófico, a busca fria da ciência e a lucidez que dirige a
crença, ardorosa e racional.
O
Espiritismo é a terceira Revelação que, além de repetir as revelações
anteriores, ensinou-nos coisas novas (as leis divinas), que nos capacitam a
entender o sentido da vida e a causa dos sofrimentos.
Assim sendo,
o Consolador prometido representa o por que fazer?
Ao tomarmos
contato com as verdades divinas, passamos a entender o porque temos que amar
(fazer o bem a todos e sem impor condições) e o porque devemos evitar o mal, em
seus variados aspectos (violência, calúnia, indiferença, omissão, egoísmo,
vaidade etc.)
Lamentavelmente,
muitos de nós ainda sequer conseguimos entender e vivenciar o Decálogo, isto é,
ainda causamos danos e sofrimento na vida do próximo, porque o cobiçamos ou
desejamos seus cônjuges, matamos sua dignidade e esperança, furtamos seus bens
ou sua alegria de viver, entre outras atitudes.
Aquele que é
capaz de, conscientemente, lesar ao próximo, ainda não tem condições de
dimensionar o significado e a abrangência do amor, esse sentimento sublime que
nos conduz a Deus.
Há aqueles
que são incapazes de fazer o mal, mas também são impotentes para fazer o bem,
situando-se numa faixa de neutralidade que os faz estacionar no processo
evolutivo.
Para esses
(maus e neutros) e para aqueles que já conseguem fazer o bem ao semelhante,
ainda que de forma modesta, vem o Espiritismo, racionalizando a nossa fé e
ensinando por que devemos amar (é a nossa destinação, é a fatalidade após
sermos criados por Deus, por isso, fora da caridade não há salvação) e nos
instruir (para que o conhecimento nos liberte das algemas da ignorância),
revigorando as energias e a motivação daqueles que, nos dias atuais, pensam em
desistir do bem e da paz, ou acomodam-se diante das facilidades da vida
moderna.
Por essa
razão, Camilo finaliza seu apontamento, afirmando que: Identificamos, então, a
tríade concorde com todos os fundamentos: Moisés, Jesus e o Espírito de
Verdade, que teve em Allan Kardec o Seu iluminado Servidor. O amor a Deus, na
projeção do amor ao próximo, aí está a grande ensancha de redenção do gênero
humano. (…)
Na
programação celestial não há tricotomia particularista ou distúrbios entre os
mensageiros. O que se vê é uma integração perfeita entre revelações e
reveladores, cada qual portando sua característica, não obstante, em função de
cada época e das suas conquistas gerais.
Evitemos o
mal, a ociosidade e a indiferença.
Façamos o bem e sejamos úteis na sociedade em que vivemos, espalhando a
mensagem do amor (sermos cartas vivas do Evangelho), cientes de que somos
filhos de Deus, destinados à perfeição relativa, e cooperadores da construção
do mundo de regeneração.
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