(Psicografia de Ivone
Pereira)
Perante um enorme ajuntamento de sofredores, o Dr. Bezerra de
Menezes,
apóstolo da Doutrina Espírita no Brasil, terminava sua preleção.
Falara com muito brilho acerca dos desregramentos morais.
Destacara os males da alma e os desastres do espírito.
Dispunha-se à retirada, quando fino ironista o interpelou:
- Escute, doutor. O senhor disse que a calúnia é um
braseiro no caluniador.
Eu caluniei e nada senti.
O senhor disse que o destruidor de lares carrega a
lâmina do arrependimento
a retalhar-lhe o coração. Destruí diversos lares e
nada senti.
O senhor disse que o criminoso tem a nuvem do
remorso a sufocá-lo.
Eu matei e nada senti.
Respondeu o Dr. Bezerra:
- Meu filho, o que sente um cadáver quando alguém lhe incendeia o braço inerte?
- Nada - disse, rindo, o opositor
sarcástico - pois cadáver não reage.
- O que sente um cadáver se o mergulham num tanque de piche?
- Absolutamente nada, ora essa! O cadáver é a imagem da morte.
Doutor Bezerra fitou triste o
interlocutor e,
meneando paternalmente a cabeça,
concluiu:
- Pois olhe, meu filho, quando alguém não sente o mal que pratica,
em verdade carrega consigo a consciência morta.
É um morto-vivo.
Nunca
te percas da fé, mesmo abandonado e sozinho;
Quem se
desvia de Deus, não encontra o próprio caminho.
(Artur Candal)
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