sábado, 11 de fevereiro de 2017

Escravidão Moderna

Escravidão Moderna

 



Os 213 anos passados desde que a Dinamarca, em 1803, colocou em vigor a sua lei de abolição da escravatura, ou mesmo os 128 anos que já avançamos depois da assinatura da Lei Áurea em nossas terras, parecem que não são suficientes para que possamos conviver longe da realidade da escravidão.
O relatório Índice de Escravidão Global, da Fundação Walk Free (uma entidade sem fins lucrativos que se dedica a lutar pelo fim da escravidão no mundo), divulgado em 31 de maio, apresenta-nos um dado alarmante: cerca de 46 milhões de indivíduos em todo o mundo estão sujeitos a alguma forma de escravidão moderna. Isso mesmo, passamos décadas após a abolição da escravidão em nossa sociedade global, mas o que fizemos foi “modernizar” a forma de se escravizar. Os dados assustadores do relatório nos indicam que 58% das pessoas escravizadas vivem em cinco países: Índia, China, Paquistão, Bangladesh e Uzbequistão. E os países com a maior proporção de população em condição de escravidão são a Coreia do Norte, Uzbequistão, Camboja e Índia.
Essa forma moderna de se escravizar ocorre quando um sujeito controla o outro, cerceando sua liberdade individual, com a intenção clara de explorá-lo. Podemos citar que, atualmente, vemos essa condição no tráfico de pessoas, trabalho infantil, exploração sexual, recrutamento de indivíduos para o conflito armado e também o trabalho forçado em condições degradantes, com extensas jornadas de trabalho sob coerção, violência, ameaça ou dívida.
O dado mais chocante é que no relatório anterior, de 2014, eram cerca de 36 milhões de indivíduos que viviam nessa situação, ou seja, a realidade de conscientização sobre o problema diminuiu, convivemos com o crescimento de tal prática em linha com o crescimento populacional.
Em nosso país, a Walk Free aponta 161,1 mil pessoas submetidas à escravidão moderna. Segundo o relatório, essa exploração é concentrada em áreas rurais, especialmente em regiões do cerrado e na Amazônia. Nas Américas, o país com o maior número de indivíduos submetidos à escravidão é o México, com 376,8 mil, e os governos com melhores respostas no combate a esse crime são os dos Estados Unidos, Argentina, Canadá e Brasil.
Mas por que ainda convivemos com essa tragédia? Em O Livro dos Espíritos, na questão 829, Kardec indaga: Haverá homens que estejam, por natureza, destinados a ser propriedade de outros homens? Resposta: É contrária à lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força. Desaparece com o progresso, como gradativamente desaparecerão todos os abusos.
Contudo, é preciso que estejamos atentos a que progresso se referem os espíritos, pois, certamente, o progresso material descontrolado é um impulsionador das condições de escravidão. Segundo a Walk Free, a escravidão moderna é um crime oculto que afeta todos os países e tem impacto na vida das pessoas que consomem produtos feitos a partir do trabalho escravo. Faz-se necessário, pois, o envolvimento dos governos, da sociedade civil, do setor privado e da comunidade em geral para a proteção da população mais vulnerável.
Cremos que a reflexão é muito importante para que possamos despertar para a necessidade de reformular nossos compromissos como cidadãos e as nossas necessidades de consumismo desenfreado frente à exploração de tantas pessoas ainda em condições tão adversas à liberdade humana.



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