Conceito de Família em Marte
PERGUNTA:
Os marcianos
estão submetidos aos mesmos dispositivos da constituição de família que são adotados
na Terra?
RAMATIS:
As características
fundamentais são análogas, porém a norma comum em Marte é já a composição da
"família universal". O lar é organização muito diferente do vosso
egocentrismo de "família por vínculos consanguíneos", em que vos devotais
ferozmente ao grupo doméstico, considerando os outros grupos alheios como
adversos ou estranhos no campo dos favores humanos. Não existe essa disposição
rígida e estreita de manter coeso o círculo restrito do lar, baseado
exclusivamente na descendência da mesma ancestralidade. O agrupamento
doméstico, marciano, assemelha-se à generosa hospedagem de "boa-vontade",
em que o homem e a mulher aceitam a divina tarefa de preceptores de almas que
buscam o aperfeiçoamento espiritual. Muito acima da idéia de
"propriedade" sobre os filhos, prevalece o conceito de
"irmandade universal", em que o organismo físico, sendo apenas um
veículo transitório, não deve sobrepor-se às realidades morais, evolutivas, do
indivíduo espírito eterno reencarnado.
PERGUNTA:
Como se
exerce essa função preparatória para a "família universal"?
RAMATIS:
Através da
consciência de que o grupo doméstico é um perfeito conjunto de almas ligadas
por velhos compromissos apenas diferenciadas pelas condições de cônjuges, parentes,
pais ou filhos. A recordação de outras vidas, que é comum entre os marcianos,
anula filosófica e espiritualmente os complicados laços de ascendentes
biológicos que compõem o quadro consanguíneo. A convicção de que a realidade espiritual
sobrevive às condições físicas, desvanece as preocupações ancestrais de sangue
e tradições de família.
Os corpos
físicos que servem de "habitat" aos espíritos descidos do Espaço, são
considerados provisórios e rápidas estações de pouso educativo em vez de
personais característicos de família.
Consideram o
lar como oficina e escola de aperfeiçoamento espiritual, distante da
"arena doméstica" em que os terrícolas se digladiam nos conflitos
gerados pelos sentimentos ferozes do ciúme e do amor-próprio.
A célula
doméstica significa-lhes antes a preliminar do entendimento espiritual,
sobrepondo-se à instituição de deveres de parentela física. Não se entrechocam
interesses opostos, porque os preceitos puros do espírito prevalecem acima da
transitoriedade da carne. O homem e a mulher marcianos convivem e se
confraternizam, intercambiando forças do magnetismo divino e absolutamente
desinteressados de manterem "pontos de vista" pessoais.
Amam-se e
admiram-se, aventando experimentações para o mútuo aperfeiçoamento, assim como
os escolares se amparam para o êxito das lições em comum.
PERGUNTA:
A família
marciana se constitui à semelhança terrena, quanto à associação de pai, mãe e
filho?
RAMATIS:
Os vínculos
consanguíneos são idênticos e os filhos atravessam o período infantil, de adaptação,
sob os cuidados protetores dos pais. Difere, no entanto, o sistema de educação
na tenra idade ou infância, porquanto lá se cogita, a sério, das contingências
e necessidades psíquicas do reencarnado, muito antes das exaltações e dos
caprichos do bebê rechonchudo que é a alegria do lar.
A compreensão
de que, acima do indivíduo-corpo, encontra-se a alma em busca de aperfeiçoamento
íntimo, induz o pai marciano a cuidar e atender, com zelo especial, a evolução moral
de seus filhos como entidade-espírito, mesmo que isso importe em sacrifício ou
prejuízo dos interesses do "lar material".
PERGUNTA:
Cremos que
em nosso mundo os objetivos educacionais a respeito da criança atendem também à
melhoria do espírito, embora varie quanto à idéia que cada um faz dessa
entidade "espírito". Não lhe parece?
RAMATIS:
Não pomos
isso em dúvida; mas, na verdade, o esforço mais acentuado dos pais terrenos
concentra-se em preparar os filhos para que eles consigam êxito futuro, no que
concerne, especialmente, a se "instalarem bem na vida", e pouco
atendendo às virtudes superiores da alma, as quais exigem um curso moral e instrutivo
de maior profundidade.
Não podeis
ignorar que muitas das moças voluntariosas e de caprichos estranhos e
insubmissos que vão ao extremo da cólera ou dos choros e crises histéricas,
foram aquelas "bonequinhas" graciosas e queridas da família, a quem
os pais outorgam poderes discricionários para fazerem do lar um campo de
desatinos e arbitrariedades, levadas, geralmente, à conta de
"gracinhas" desculpáveis. Raros, também, são os lares terrenos, onde o
"caçula" não se transforma em feroz "reizinho" que solapa e
subverte todos os princípios da disciplina doméstica, sob o olhar dos pais embevecidos,
ou da visão complacente dos avós emotivos.
O
desconhecimento da realidade espiritual-reencarnatória que é comum a todas as
almas, conduz os pais aos mais profundos erros educativos, confundindo as
necessidades da alma, com o instinto proverbial dos ascendentes hereditários. O
apego de sangue na tradição da família terrena, o zelo demasiado em torno dos
descendentes que o amor-próprio do conjunto doméstico leva ao extremo de
defender e justificar os erros dos filhos, contribuem, decisivamente, para os
infelizes desajustes futuros dos moços e das moças, desamparados e
desprevenidos diante de um mundo hostil e contraditório. Só o controle disciplinado,
inadiável e inteligente das exatas qualidades do espírito reencarnado,
polindo-o em suas asperezas e recalques milenários estratificados em outras
vidas, é que firmará a criança no rumo certo de sua segurança social e moral na
fase adulta. Doutro modo, os impulsos inferiores da matéria que serve de corpo,
em combinação com o psiquismo indisciplinado, criam uma entidade "psicofísica"
descontrolada, impulsiva, arbitrária e tolerável só à base de favores e
interferências alheias. E como o mundo é severa escola de educação espiritual,
funcionando como departamento de correção psíquica, chega o momento em que o
moço ou a moça voluntariosa são contrafeitos em suas incontroláveis atitudes
prejudicialmente aquecidos na família condescendente.
Abatidos,
estupefatos e dolorosamente decepcionados com a resistência encontrada aos seus
caprichos, até entre os mais íntimos, então, alguns deles, feridos no
amor-próprio e humilhados pelo abandono e reprovação exterior, culminam o seu desespero
no ato de revolta que é o suicídio. Na realidade, a causa está firmada lá na
infância, no conjunto da família, onde os pais negligentes e os avós extasiados
concorreram para o florescimento de um conteúdo moral impróprio das condições do
meio agressivo que é a Terra, como escola disciplinadora e não como palco de
expansões emotivas inferiores, contrárias à vida ambiente.
Texto do livro “AVida no Planeta
Marte e os Discos Voadores” - de Ramatis - por Hercílio Maes
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