Espiritismo, Umbanda e Projeção Astral são complementares
Como já
mencionamos tantas vezes neste blog, o objetivo de Allan Kardec não era criar
uma nova religião com características semelhantes às das outras, mas, na
verdade, unificar as religiões – ou, ao menos, uma parte do pensamento
religioso – por meio do conhecimento científico-filosófico do Espiritismo. O
seu fim religioso era o de religar racionalmente o homem ao divino.
Sobre o tema
acima, vide, por exemplo, o texto no qual brevemente resumimos a biografia
desse grande pensador e educador: http://jornalggn.com.br/noticia/quem-foi-allan-kardec-o-descobridor-da-ciencia-espirita-por-marcos-villas-boas.
Em outro
texto, foi discutida uma entrevista realizada por Jefferson Viscardi com o
Espírito Miramez, por uma médium de psicofonia, dentro do ótimo programa
Diálogo com os Espíritos, na qual o entrevistado dizia que, para os Espíritos
do bem, não interessa a religião de cada encarnado, não interessa o tipo de
culto etc., mas tão somente ajudar o próximo e realizar os fins divinos em
geral. Segue o link para o texto: http://jornalggn.com.br/noticia/dialogo-com-o-espirito-miramez-gravado-em-video-por-marcos-villas-boas.
As religiões
vêm servindo ao longo do tempo como meios de aproximar o ser humano do divino,
mas a forma de sua prática, seguindo dogmas, se fechando para o diálogo e até
atacando as demais religiões, gerou, como se sabe, guerras, segregação e tantos
outros problemas gravíssimos.
A religião
do futuro será a do amor, da caridade e da humildade. O objetivo de Kardec de
unificação irá se concretizando cada vez mais com a iluminação dos seres
humanos e esse processo já está claramente em marcha.
Isso
acontecerá - dentre outras razões, como o avanço moral e intelectual da humanidade,
aliado e estimulado pelo processo reencarnatório de Espíritos mais evoluídos -
por conta das descobertas, impulsionadas pela ciência, inclusive pela Ciência
Espírita, acerca da existência de vida após a morte, o que imporá a revisão dos
dogmas das religiões para comportarem essa realidade que se tornará inegável em
algum tempo, aceita hoje apenas por algumas religiões e filosofias.
Não
significa que as religiões desaparecerão em curto prazo, mas que elas se
tornarão perspectivas distintas acerca de uma visão cada vez mais uniforme
acerca da espiritualidade. É como na transdisciplinaridade, que também está em
marcha no mundo: as fronteiras existem, mas se tornam bem tênues, permitindo,
dentro de uma visão mais complexa, enxergar conhecimentos e disciplinas
separados, porém unidos, a depender do ângulo pelo qual se olhe.
Ao mesmo
tempo, as religiões e filosofias que já são espiritualistas se abrirão mais e,
percebendo sua interconexão, ficarão cada vez mais unidas. Com o objetivo de
estimular esse processo, iremos abordar aqui, a título de ilustração, a óbvia
interconexão existente entre o Espiritismo, a Umbanda e a Projeção Astral, cuja
crescente aproximação leva a inúmeros benefícios para as pessoas que são
tratadas com uso desses conhecimentos.
O próprio
Espírito Miramez, que escreveu dezenas de livros espíritas, incluindo a
brilhante coletânea Filosofia Espírita, prefaciada por Bezerra de Menezes, é
considerado um dos maiores mentores espirituais em projeção astral, tendo sido
o diretor espiritual da equipe da qual participava o Espírito Lancellin, quem
escreveu o ótimo livro Viagem Astral por meio da psicografia de João Nunes
Maia, que também foi o médium de Miramez por muitos anos.
Os centros
de origem espírita, a exemplo do Grupo Espírita Francisco de Assis (GEFA),
localizado em Groaíras/CE, que vêm agregando técnicas de cura mais típicas da
Umbanda, como o uso de banhos de ervas, e se valendo da ajuda de uma equipe
espiritual heterogênea, contando, por exemplo, com Espíritos índios que
costumam atuar na Umbanda, são cada vez mais frequentes e demonstram eficiência
nos resultados dos tratamentos.
A esse
respeito, o brilhante livro Tambores de Angola, uma psicografia de Robson
Pinheiro, pelo Espírito Ângelo Inácio, diz o seguinte:
“ – Quanto
aos banhos e ervas de defumações utilizadas pelos umbandistas, haverá algum
fundamento científico nisso tudo?
- Fundamento
há meu amigo Ângelo, embora nem sempre as pessoas que beneficiem desses
recursos o saibam. Tomemos como exemplo os chamados banhos de descarrego, tão
receitados por pretos velhos e caboclos. Você sabe muito bem do poder das
ervas, de seu magnetismo próprio. Quando são utilizadas adequadamente, podem
operar verdadeiros prodígios, gerando equilíbrio e harmonia. As plantas guardam
nesse estado de evolução muita energia, muita vitalidade e os raios absorvidos
do sol no processo de fotossíntese formam uma aura particular em cada família
do reino vegetal, o que se associam ao próprio quimismo da planta. Quando
colocadas em infusão, transmitem à água todo o seu potencial energizante,
curador, reconstituinte. É o que se passa com os florais utilizados atualmente.
Quando o adepto toma o banho com a mistura de ervas, todo o magnetismo que está
ali associado provoca em alguns casos um choque energético ou uma
reconstituição das camadas mais externas de sua aura. Na verdade, isso não tem
nenhuma relação com o misticismo; é científico. Sob a influência abençoada das
ervas, muito benefícios têm sido alcançados por inúmeras pessoas.
Irmãos
nossos de outras confissões religiosas, mesmo os espíritas, julgam que tais
providências são um absurdo e recusam qualquer receituário que venha com essas
indicações. Estão até indo contra os métodos empregados pelo mestre Allan
Kardec, pois recusam-se a pesquisar, questionar, certificar-se cientificamente
dos efeitos benéficos desses recursos da natureza” (p. 46).
O uso de
ervas é algo milenar, com larga comprovação empírica e científicas dos
resultados dentre os mais diferentes povos. Vide, por exemplo, o seguinte
artigo científico: http://www.scientiaprima.incentivoaciencia.com.br/edicao_01.01/ID%20112%20-%20Comprovacao%20do%20Potencial.pdf.
É por essas
e outras razões que se vê, de forma crescente, indivíduos iniciarem um
tratamento no centro espírita, mas o concluírem num centro espiritualista
generalista ou na Umbanda, que trabalha com vibrações mais densas e agrega
outras técnicas não aceitas pelo Espiritismo.
Assim como
no caso do conhecimento transdisciplinar, quanto mais se sabe sobre outras
disciplinas correlacionadas à de nossa especialidade, mais profundamente
conseguiremos mergulhar nos problemas que analisamos; contudo, em casos mais
difíceis, é prudente recorrer a um especialista.
Isso para
dizer que todo espírita deveria procurar conhecer bem a Umbanda, e vice-versa.
Em casos mais complicados, não solucionados após as primeiras tentativas, o
trabalho conjunto entre espíritas e umbandistas só tem a agregar aos
tratamentos.
O
preconceito com relação a outros conhecimentos, sobretudo em se tratando de
matérias que podem definir questões de vida ou morte (desencarnação), é algo
grave e certamente mal visto pela lei divina, ou da natureza. É preciso que se
reflita seriamente sobre isso. Mais um vez, recorremos à dupla Robson Pinheiro
e Espírito Ângelo Inácio, desta feita na obra intitulada Aruanda:
“O tema é
palpitante, mas pouco estudado pelos nossos irmãos espíritas. A Umbanda para
muitos ainda é tabu; quando qualquer aspecto associado a esse tema é ventilado
nos círculos espíritas, observamos reação imediata, que demonstra o preconceito
enraizado. Será puro medo? E que espécie de medo acomete os companheiros
espíritas ao abordarmos o assunto Umbanda?
A maioria
dos espíritas ou pelo menos os mais ortodoxos, não admitem sequer a ideia de
pais-velhos, caboclos ou outras entidades espirituais semelhantes possam
trabalhar nos centros ditos kardecistas. Porém, quando as coisas apertam,
quando falham os recursos habituais consagrados pela ortodoxia, logo, logo
pedem socorro ao primeiro pai-velho de que algum dia viram falar ou se ajoelham
aos pés de alguma entidade num terreiro, escondidos não se sabe de quem” (p.
15).
O Espírito
Ângelo Inácio se apresenta, por sinal, como alguém que teve formação espírita
enquanto encarnado e tem como um dos maiores objetivos, claramente, destituir
os leitores de preconceitos em relação à Umbanda. A leitura de suas obras é
essencial para os espíritas e demais espiritualistas. Do mesmo modo, o médium
Robson Pinheiro teve uma formação espírita.
Temos ouvido
que Espíritos com trabalhos mais frequentes na Umbanda, como os pretos velhos,
vêm se manifestando cada vez mais em reuniões mediúnicas de centros espíritas,
enquanto que Espíritos com muito tempo de trabalho em centros espíritas também
vêm a trabalhar em terreiros de Umbanda quando é preciso, como Miramez também
diz, na entrevista referida acima, já ter feito plasmado como um preto-velho.
Vale
ressaltar que “preto-velho” é a forma pela qual o Espírito se plasma para o
trabalho, conforme determinado pela espiritualidade superior em se tratando da
Umbanda. Muitas vezes, e isso parece claro nas obras de Robson Pinheiro e
Ângelo Inácio, a forma de preto-velho não é nem a mais usada pelo Espírito no
astral.
Por isso,
mesmo os Espíritos com formação espírita podem trabalhar como entidades da
Umbanda. Isso é, aliás, dito repetidamente nas entrevistas do já referido
programa Diálogo com os Espíritos.
É muito
claro pelos trabalhos, pelas informações prestadas pelas entidades e pelas
informações das obras psicografadas que a Umbanda foi uma grande sacada
espiritual com o objetivo de atrair para os assuntos do “além-vida” e para
difusão da filosofia moral divina um grupo de pessoas que provavelmente não se
estavam vendo atraídas ou representadas pelas religiões e filosofias até então
existentes.
Aliado a
isso, as tradições africanas e indígenas absorvidas pela Umbanda permitiram
chegar a um conjunto de tratamentos eficazes normalmente não utilizados em
outros centros espiritualistas, como nos espíritas.
Quando a
religião do homem for o amor, a caridade e a humildade, não haverá mais
preconceitos, especialmente em se tratando da cura de nossos irmãos. Outra
intercessão interessante, apresentada na obra Tambores de Angola, se dá entre
os já comentados Espiritismo e Umbanda, e a Projeciologia, ciência que estuda a
projeção (ou viagem) astral.
Como a
mediunidade de um modo geral, a projeção astral tem menções desde a
Antiguidade. No Brasil, ela vem sendo bastante estudada desde a década de 80,
especialmente depois das obras de Waldo Vieira sobre o tema.
A obra
Tambores de Angola gira toda em torno da desobsessão de um homem chamado
Erasmino e é sensacional por várias razões. Para além de um estudo da Umbanda
por uma perspectiva espírita no plano espiritual, que já é algo bem
interessante, o Espírito Ângelo Inácio traz críticas sutis suas e de outros
Espíritos acerca de diversos preconceitos e complicações criadas pelos homens,
quase sempre por questões de orgulho e poder, no tratamento dado aos múltiplos
aspectos da mediunidade.
No caso da
chamada projeção de consciência, que já havia sido estudada por Allan Kardec
com o nome de “desdobramento” e por outras pessoas com vários outros nomes,
criou-se toda uma nova ciência no Brasil, com nomes complicados, sem razões que
o justificassem.
No caso
concreto de desobsessão narrado no livro, dois médiuns projetores astrais são
convidados a participar de um complexo plano criado pelos Espíritos,
demonstrando que as obsessões podem ser muito mais difíceis do que os humanos
imaginam, carecendo, às vezes, de trabalho conjunto com técnicas espíritas,
umbandistas e de desdobramento, ou projeção astral.
Há uma ideia
parcialmente errada vigendo em muitos centros espiritualistas, incluindo alguns
espíritas e umbandistas, de que o trabalho é todo feito pelos Espíritos bons e
que a nós cabe apenas uma parte ínfima. Essa humildade é boa por um lado, mas
leva a enganos. Quanto mais conhecimento tiver a equipe encarnada, melhor os
Espíritos poderão utilizá-la e mais chances haverá de cura para os nossos
irmãos.
Esse
argumento está suportado o tempo todo na obra Aruanda, como no trecho abaixo:
“Nasciam
mais e mais bases das trevas, enquanto os espíritas e os espiritualistas se
ocupavam em doutrinar, conversar e fazer orações longas e discursos religiosos,
esquecidos da ciência espiritual e das pesquisas no campo experimental da
mediunidade. As trevas, enquanto isso, se atualizavam, equipando-se para
investidas cada vez mais eficazes contra as obras do progresso e da
civilização” (p. 102).
Desde que
Kardec e mais alguns fizeram seus belíssimos estudos científicos de meados do
século XIX para o início do século XX, a Ciência Espírita evoluiu muito pouco.
Enquanto isso, tão intelectualizados quanto os bons, encarnados e desencarnados
com objetivos maus vieram se atualizando e tornando seus projetos de maldade
mais complexos, requerendo uma resposta à altura de encarnados e desencarnados
no sentido de se elevar moralmente, mas, também, intelectualmente; acima de
tudo, no que toca aos processos de cura espiritual.
Para tanto,
é preciso voltar aos experimentos científicos de Kardec, Delane, Crookes,
Flammarion, Richet e outros, usando a tecnologia atual, e é preciso que os
adeptos das diferentes linhas espiritualistas se unam para trocar conhecimento
e se ajudar na ajuda do próximo e do planeta.
Uni-vos,
espiritualistas de todas as vertentes! Pratiquemos juntos o amor, a caridade e
a humildade, melhor ajudando os desencarnados na realização dos desígnios
divinos.
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