Mensagem
Psicografada em 02/12/98.
Ainda ontem achara que
tudo era passageiro. Que cresceria, casaria, teria meus filhos, os criaria,
viriam os netos e os bisnetos, quem sabe. E chegaria a morte, o fim de todo um
sonho.
Mas isso não ocorreu.
Eu me sentia vivo, forte, saudável. Uma disposição incrível, a felicidade tomou
conta de mim.
Todos choravam e eu ali
feliz. Todos oravam e eu a rir. Eu me aproximei e vi meu corpo estendido numa
mesa. Era o meu velório.
Tentei mostrar a todos
que estava bem, que nada tinha me acontecido, mas ninguém me ouvia. Tentei
puxá-los em minha direção, mas minhas mãos não os alcançavam.
De um instante para
outro, minha alegria se foi. Permaneci por algum tempo naquele local, até a hora
que levaram meu corpo embora, decidi não acompanhá-los. Sentei-me num banco e
pus-me a pensar, mas não conseguia entender nada.
Pensava comigo mesmo,
se não morri, como é que vão me enterrar? E se eu morri, como estou vivo? E eu
não conseguia achar uma resposta.
A noite foi caindo,
comecei a sentir uma certa moleza, que não era cansaço.
Resolvi voltar para
casa , mas ao mesmo tempo não sabia o que falar. Quando chegasse em cãs e me
vissem vivo o que fariam? Ficariam loucos, quem sabe até com medo. Achariam que
eu era um fantasma.
Aí resolvi ficar pela
rua.
Comecei a ver coisas
estranhas. Coisas que julgava impossível de acontecer. Pessoas que pareciam
sugar algo de outras, como se fossem os vampiros dos filmes de terror de
cinema. Um deles, quando percebeu que olhava com espanto, encarou-me com um olhar
desafiador. Abaixei a cabeça e saí dali.
Sentia que o tempo não
passava e nada mudara. Tentei várias vezes me aproximar da minha família, mas
na hora, sentia uma tristeza, um medo que me afastava deles cada vez mais.
Uma vez andando por uma
rua, um velho me chamou:
- Ei, você o que faz
aí?
Eu respondi com tremendo espanto.
Ele me via. Corri para
perto do velho. Meu senhor, meu senhor.
O velho veio em minha
direção.
- Filho, seu lugar não
é aqui. Vai, segue essa luz e encontrarás o caminho.
Meio que hipnotizado,
fiz o que o velho me disse. Fui seguindo, até que entrei num salão imenso.
Muitas pessoas se aglomeravam. Umas com aspecto doente, outras parecendo loucas
e um contingente estranho, que mais pareciam animais.
Eu ali, no meio daquele
mundaréu de pessoas, sem saber o que fazer. Olhava para todos os lados e não
conseguia ver nada, só gente para todos os lados.
De repente, como se
surgisse do nada, uma mulher segurou no meu ombro e me disse apenas duas
palavras:
- É a sua vez.
- Minha vez? Vez de que?
Não entendia.
E mais uma vez, como do
nada, estava em outro lugar. Uma sala grande, parecida com um ambulatório
médico.
Um homem se aproximou
de mim, pediu-me para deitar numa cama, tipo maca de hospital.
Obedeci. Ele, como um
médico, passou a me examinar dos pés à cabeça.
Não entendia nada. Se
estava morto, para que um médico? Mas também não sabia se estava morto de
verdade.
Tudo aquilo me deixava
muito confuso.
Depois de examinado, o
homem me disse que seria encaminhado para um setor de triagem.
Sem que pudesse
perguntar qualquer coisa, já estava em outro lugar.
A aparência era de um
hospital muito limpo.
Num grande corredor,
uma moça que parecia ser uma enfermeira, pediu-me para segui-la. Seguia pelo
imenso corredor.
E com curiosidade,
bisbilhotava pelas portas que passava. Vi pessoas coradas, com aspecto
saudável.
- Se estavam boas,
porque estavam num hospital?
Era cada vez mais
confuso.
Chegamos até uma porta,
ela se abriu e a moça me disse que eu ficaria ali. Era um quarto, com uma cama
e uma janela.
Durante algum tempo
permaneci ali, naquele quarto. Recebi uma espécie de tratamento, um tanto nada
convencional. Difícil até de explicar. Com luzes, um calor invisível, que
parecia sair dos enfermeiros para meu corpo. Fui me sentindo cada vez mais forte,
mais leve. Já parecia quase um garoto, para os meus 73 anos.
Numa manhã a enfermeira
entrou e me chamou e disse:
- O senhor tem que ir.
Seu Paulo se apronte, já estão lhe esperando.
Não entendi nada, mas
obedeci à moça. Acompanhei-a até um pátio externo. Lá dois rapazes altos e
fortes me cumprimentaram e perguntaram-me se podíamos ir. Disse-lhes que sim.
Mesmo sem saber para onde me levariam. Mais uma vez, em segundos quase sem
perceber como, já me encontrava em outro lugar.
Era uma cidade pequena,
parecendo uma cidade do interior. A primeira vista, era uma cidade pacata e
calma. Os dois rapazes levaram-me até um
grupo e chamaram uma mulher. Enquanto eles conversavam, eu observava tudo
boquiaberto, sem muito entender. Estava muito distraído, quando um dos rapazes
tocou-me o ombro.
Senhor, essa irmã é que
lhe vai orientar, de agora em diante. E me virei. Para minha surpresa, a mulher
era a minha esposa, mulher que tanto amei. Sim, a minha Emília. Estava lá, na
hora não sabia o que fazer, se corria para abraçá-la ou ficava parado. Até que
ela disse:
- Pode vir, não fique
com medo, agora estamos em casa.
Não me contive,
abracei-a e chorei, chorei muito.
Conversamos durante um
bom tempo, mas toda hora nos interrompiam. Todos a solicitavam. Senti até um certo
ciúme na hora, mas depois entendi. Para
minha tristeza, ela me disse que ficaria ali por pouco tempo, mas que eu não
ficasse triste, que eu estava sempre em seu coração.
Fui seguindo as
orientações que me davam, fui lendo e entendendo tudo o que se passou comigo.
Fui vendo o quanto era ignorante e o quanto errei. Agora já me sinto mais
esclarecido e um pouco mais preparado para a vida.
Apesar de não estar
junto das pessoas que amo, estou feliz. Agora estou aprendendo na verdade, o
que é viver.
E espero com essa
mensagem, todos que a leiam e aquelas que me conheceram também aprendam que a
morte não existe. O fim é fruto de nossas cabeças. O fim é o que nos faz
acreditar os ignorantes. A vida não acaba nunca. Os que leiam, reflitam em
pouco a maneira com que vivem.
Viver não é só comer,
beber e dormir. É muito mais, é amar e ser amado por si próprio.
Meu filho me desculpe
ter tomado todo o seu tempo, me perdoe os irmãos, por me exceder.
Do seu avô Paulo Soares
Chaves.
Autor: Paulo Soares
Chaves (Espírito)
Médium: M. A. Neves
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