segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Farmácia não vende SAÚDE

Farmácia não vende SAÚDE





A  maioria  das  pessoas  deseja  curar-se,  a  qualquer  preço,  sem  despender  esforços  para  alcançar  a vitalidade  do  corpo.  Para  que  tanto  esforço  se  inúmeros  produtos,  vendidos  nas  drogarias  (ou  por intermédio da Internet) prometem devolver a vitalidade da juventude, a plena forma física e o melhor desempenho dos nossos órgãos? 
Cada  vez  um  número  maior  de  pessoas  se  automedica, desconhecendo  o  perigo  representado  pela  ingestão  descontrolada  de  medicamentos  que,  mesmo sob controle médico, ainda oferecem riscos. Cresce também o número daqueles que buscam a saúde em  produtos  considerados naturais,  e  que,  no  entanto,  quando  consumidos  sem  orientação  médica, podem  provocar  danos  ao  organismo.  Dietas  e  regimes,  recomendados  por  amigos,  indicados  pela mídia  ou  sugeridos  pela  literatura  de  autoajuda  que  prolifera  nas  bancas  de  jornais,  são  seguidos sem  precauções  ou  o  necessário  acompanhamento  médico.  Essas  e  outras  panaceias  contribuem para o crescimento desmedido do número de doentes, em maior ou menor grau. O médico e escritor
Américo  Canhoto,  autor  do  livro  “Saúde  ou  doença:  a escolha  é  sua”  (São  Paulo:  Petit  Editora),   se detém nessa realidade: “A cura como necessidade de mudança definitiva na forma de pensar, sentir e agir,  de  reformular  hábitos  e  eliminar  vícios  prazerosos  é  evitada,  pois,  às  vezes,  exige  decisões contundentes na maneira de escolher, separar, avaliar”. 
A  medicina  na  antiguidade "Quantas  doenças  e  enfermidades  resultam  da  imprudência  e  excessos  de  toda  ordem”, adverte  o  quinto  capítulo  de  “O  Evangelho  Segundo  do  Espiritismo”,  de  Allan  Kardec,  que  também adverte:  “Deste  modo  o  homem  é,  na  maior  parte  dos casos,  o  autor  de  seus  próprios  infortúnios, mas,  ao  invés  de  reconhecer  isso,  acha  mais  conveniente  e  menos  humilhante  para  sua  vaidade acusar  a  sorte,  a  providência,  o  azar,  sua    estrela,  quando,  na  verdade  sua    estrela  é  a negligência”.  Atribuir  a  causa  das  doenças  a  fatores  externos  é  uma  crença  arraigada  desde  a Antiguidade.  No  Egito,  acreditava-se  que  a  doença  era  causada  pela  possessão  dos  demônios  e  o exorcismo  era  uma  das  artes  curativas  mais  valorizadas  naquela  época.  Remonta  a  essa  época  a existência  de  Imhotep,  considerado  um  dos  maiores  sábios  do  Egito.  Sacerdote  e  médico,  foi  grão-vizir,  sumo-sacerdote,  arquiteto,  escriba,  astrônomo,  mago  na  corte  de  Zoser,  faraó  da  terceira dinastia,  por  volta  de  2.900  a.C.  Para  obter-se  a  cura,  apelava-se  diretamente  às  divindades.
Considerado  o  patrono  dos  médicos  da  atualidade,    muitas  indicações  de  que  o  deus  grego Asclépio tenha sido, realmente, um grande médico e que, desencarnado, manifestava-se em espírito para auxiliar aqueles que o evocavam. Dando um salto para os dias de hoje, essa consideração nos leva a um exemplo semelhante, porém embasado na realidade, daquele que foi considerado, por sua atuação social, o “Médico dos Pobres”, doutor Adolpho Bezerra de Menezes Cavalcante (1831-1900), que  além  de  médico,  político,  empresário,  escritor foi  um  espírita  atuante,  presidente  da  Federação Espírita Brasileira (FEB), no Rio de Janeiro. Patrono  da Federação Espírita do  Estado  de São Paulo (Feesp),  o  Espírito  Bezerra  de  Menezes  está  à  frente  da  Fraternidade  dos  Humildes,  que  reúne espíritos  na  mesma sintonia  do  seu  mentor,  dedicados  à  cura  do  corpo  e  da  alma.  Um  dos maiores divulgadores  do  Espiritismo  no  Brasil,  foi  um  abolicionista  determinado,  político  íntegro  e  idealista. Ainda  encarnado,  consta  que  nunca  negou  atendimento médico  àqueles  que não  podiam  pagar  por suas consultas – desdobrava-se para atender gratuitamente a população carente que batia à porta de seu consultório, doando remédios e alimentos.   
Curas espirituais o   trabalho   espiritual desenvolvido  pelo  Espírito  Bezerra  de  Menezes  e  seus  seguidores    como  também  o  de  outras entidades  dedicadas  a  essa  tarefa    realizado  principalmente  nos  centros  espíritas,  assemelha-se  à situação de Asclépio, o deus grego, que se apresentava nos templos de cura dedicados ao seu culto.
Registros que datam de 600 A.C. indicam que o mais antigo santuário dedicado a Asclépio localizava-se em Trica, na Tessália. Outros templos foram erguidos, Epidauro, na Argólida – aquele que ganhou maior  projeção    em  Atenas,  Cós,  Pérgamo  e  Roma.  Esses  desses  edifícios  eram  geralmente erguidos  próximos  de  bosques  e  fontes  de  águas  minerais.  Segundo  constam  de  inscrições  que  se destacam nesses locais, a maioria daqueles que recorriam a Asclépio o faziam depois de esgotar as possibilidades  de  cura  junto  aos  médicos  da  época.
Ao  chegar  no  templo,  o  doente  oferecia  um sacrifício ao deus, recebia  um banho purificador e era conduzido a um recinto considerado sagrado, onde  adormecia.  Durante  o  sono,  o  próprio  Asclépio apresentava-se  indicando  procedimentos  para ajudar  o  enfermo  a  recuperar-se.  Quando  o  deus  não pontificava  nos  sonhos,  era  representado  por suas  sacerdotisas.  Sugeriam-se,  habitualmente,  banhos,  chás,  massagens,  viagens  de  repouso, sacrifícios.


DE ASCLÉPIO A BEZERRA DE MENEZES: NÃO HÁ MILAGRES
Afonso Moreira Jr.
Colaboraram: Dirce Yukie Yamamoto e Adriana Maria Cláudio


Imagem: Marco A. C. Neves

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