PSICOGRAFIA DE JUVANIR
BORGES DE SOUZA
(ex-presidente da FEB)
16 DE ABRIL
DE 2015.
Estar do
lado de cá é menos surpreendente do que se pressupõe. Mas, ao mesmo tempo é
assustador quando se constata quanto descaminho se percorreu, mesmo estando
preparado, avisado, alertado a todo momento, tendo à disposição uma extensa
planilha de ação correta, mormente quando se é privilegiado pelo conhecimento
da realidade espírita.
Desde aquele
instante em 1978 quando me dirigi à Federação, em que junto com minha amada
Yola aceitei o convite trazido pelo Agadir, sabia, intimamente, que deveria me
superar e surpreender, pois em meu coração palpitava uma intensa chama de
gratidão: através da Doutrina Espírita, com a atuação de perspicácia de um médium
simples, fui livrado de uma cegueira, que para alguns facultativos consultados
era inevitável, num pequeno centro, Olímpia Belém! Meu Desidério é de que
muitas pessoas tomassem conhecimento daquilo.
Não do
"milagre" em si, mas do extraordinário roteiro de consciência lúcida
e de pleno conhecimento da função da vida, que me era apresentado pela prática
em mim, não apenas pela teoria a qual me acostumara desde o berço, na minha
querida Cataguazes.
De há muito
desejo essa comunicação, mas fui pego por armadilhas e bloqueios urdidos por
mim ou, pelo menos, estimulados também por minha "instituída
autoridade", hipotecando apoio a decisões de antecessores, ou
implementando situações que reforçassem o movimento que denominamos
"pureza doutrinária".
Minha
manifestação não foi possível, em centenas de casas, por conceitos e definições
que partiram também de minha condução como presidente da entidade. Fui cerceado
e impedido dentro dos centros espíritas, com argumentações infraternas, e com a
recusa sistemática e repetida, em centenas (isso mesmo...centenas!) de casas,
das maiores e mais conhecidas às mais simples, afastadas, iniciantes. Na grande
maioria nem mesmo tive a oportunidade de me explicar, já que, por determinação,
as manifestações de espíritos estavam "proibidas".
Em alguns
lugares me coloquei na fila para o trabalho doutrinário de desobsessão, mas
sempre a espera é muito grande, e os trabalhos são por demais corridos, sem
atender a todos, com as justificativas, em sua totalidade provindo das
"proibições e impedimentos", contidos nos estatutos, nas apostilas de
educação mediúnica, em um monte de "sábias e eficientes" algemas,
sobremaneira. Nas reuniões da própria Federação fui barrado, e estupefato,
assisti a espetáculos de mistificação grosseira com famosos personagens que
agora, penalizados com a destituição da condição receptora como médiuns,
encenam recepções falseadas, interpretações teatrais, caricatas, aplaudidas
naturalmente por obsessores batinados.
Mas, por
Misericórdia Divina, consegui essa abertura, que me é oferecida agora, e
agradeço aos que me ajudaram para esse intento, como aos sergipanos Peralva e
Ederlindo (sergipano da Bahia), que aqui me dão apoio e auxiliam, como presente
de aniversário.
Como antes,
ainda permaneço nas sendas da prolixidade, e faço um esforço para sintetizar
meu recado, no que conto também com a compreensão e paciência dos que o
recebem.
UM RETORNO
AO DESERTO!
Há perigoso
e crescente desvio no movimento espírita, e diria, sem receio de errar, que
estamos indo de Damasco para Jerusalém, voltando da Rua Direita para as frias
colunas das sinagogas, devolvendo aos novos sacerdotes as "cartas de
punição", de repúdio, de imperiosa obstaculação à manifestação dos
espíritos, na religião dos espíritos! Hoje vejo como fomos infantis, (como
fomos imprudentes na jactância!), e as escamas que Ananias havia tirado dos
olhos do apóstolo estão sendo recolocadas, para uma cegueira e escuridão
imensas, em nome da vaidade e da permanência de sentimentos
"estruturais" herdados de nosso passado clerical, vaticanizado!
Minha
iniciativa de agora é um dever de consciência, uma tentativa de reparação, e
agradeço à Providência Divina por esse ensejo. Se não almejo convencimento,
satisfaz-me a exposição de uma realidade que só agora detecto, e que imagino
poder servir de alerta para recondução aos trilhos corretos.
Desde minha
passagem estou numa região de reparação, de recomposição, destilando gota a
gota, um sentimento de decepção pelas oportunidades desperdiçadas. E vejo nesse
extenso nosocômio em que me encontro, milhares de figuras que admirei e segui,
e surpreendentemente, aqui estão, há décadas, na busca de saídas para a sua
própria redenção.
São
personagens que se destacam pela cultura, pelo conhecimento, pela dedicação à
causa da Doutrina Espírita. Foram vinculados diretamente à Federação ou a
instituições independentes, como as de São Paulo e Rio de Janeiro, Minas, Rio
Grande do Sul e outras. A cobrança é intensa, vultosa, dentro da consequência
do "...a quem muito for dado....".
Há tristes
casos de demência crônica, onde orações auxiliam muito, como sabemos. Surtos
psicóticos, revoltas momentâneas, inaceitação do quadro, infelizmente são
comuns. Claro, a presença de luminosas entidades, irmãos esclarecidos, são o
socorro, a presença manifesta da Misericórdia Divina, acudindo indistintamente
a todos nós. Mas, como "déspotas esclarecidos" muitos dos que
reverenciamos como autênticos pilares, se petrificam em inamovíveis conceitos
discricionários e absolutistas, e por isso sofrem, e muito!
Podemos situar
nos meados de 1977 o marco da construção das barreiras, da instalação dos
ferrolhos, do gradeamento da Doutrina Espírita. Editorial incisivo no
"Reformador" em Outubro de 77 e "Declaração oficial" no
mesmo órgão em janeiro de 78, revestidos de formidáveis intenções protetivas,
estabeleceram estacas delimitantes, excluindo mais que conceitos e posições
filosóficas, mas comunidades inteiras, de seres humanos necessitados de
esclarecimentos.
Sem
cerimônia e limites, estabelecia-se ali, de modo impiedoso, a cisão, a
discriminação, a separação de irmãos a quem devíamos, obrigatoriamente,
estender os braços e acolher, mitigando-lhes a ignorância e informando-lhes
(pelo menos) da realidade espiritual. Criamos nossa "cruzada",
esquecendo a verdadeira lição da conquista pelo amor, pela tolerância, pela
compreensão.
Abraçamos a
doutrina, criando um verdadeiro exército de proteção, e viramos as costas aos
irmãos. O alvo principal? Os terreiros de umbanda, de camdomblé, os rituais
africanos, de mediunidade primária, os adeptos do esoterismo, de crenças
orientais, os místicos, os que, -por não conhecerem os fundamentos da vida
espiritual e da relação verdadeira do intercâmbio entre os encarnados e não- se
utilizavam do epíteto de "espíritas ou espiritualistas" em suas
atividades. Exatamente os que deveriam ser esclarecidos, orientados, pela
proximidade, semelhança, e por possuírem algumas informações sobre a vida
espiritual e contato com o invisível. Exatamente os que em análise primeira são
nossos irmãos mais próximos.
Mas...e a
fraternidade? E a caridade? Detentores de informações e conhecimentos muito
elevados, nós, os espíritas, precisamos ser arautos dessas verdades, levando a
todos, denodada e incondicionalmente, os pormenores e racionais relações entre
os mundos material e espiritual. Sem necessidade de proselitismo, sem imposição
de pontos de vista pessoais ou corporativos. O roteiro indicado por Kardec e
por outros luminares, ancorados na Verdade do Nazareno nos compele à inter-relação
plena com todos os que não conhecem os caminhos da alma, ou deles tenham apenas
noções incompletas, rudimentares.
À partir
daquele editorial se consolida a instalação do, extremamente comprometedor,
movimento de uma hipotética profilaxia do pavilhão espiritista. Refutariam,
porém, os arraigados argumentadores dessa "assepsia" que as portas
das casas continuam abertas, prontas ao acolhimento. Pura citação teórica,
propedêutica negada pela prática, que limita, condena, exclui, separa, cinge!
Até mesmo alguns nomes, indicativos de lugares, foram proscritos. Centro
espírita?
Nem
pensar.... passaram a ser "fraternidades, casas, comunhões,
sociedades...etc". Qualquer um que queira resolver uma dificuldade, de
indagação interior, de problemas momentâneos, de compreensão da vida, - e que
procure uma casa espírita- precisa primeiro se submeter a cursos,
intermináveis, exposições doutrinárias, entupir-se de leituras impostas, e aí
foge o espiritismo do caminho de espiritualizar primeiro, evangelizar depois. É
como se alguém, ao precisar de um analgésico para uma dor de cabeça. tenha que
fazer antes um curso de medicina!
"OS
ESPÍRITAS AO MUNDO...."!
Ninguém
informou tanto à Humanidade acerca do mundo espiritual, suas peculiaridades,
feições, resultados e consequências, quanto o extraordinário e iluminado Chico
Xavier, através da recepção dos artigos, livros, romances, crônicas de André
Luiz, Emmanuel, e muitos outros. Milhões,- mesmo sem se tornarem espíritas-
acordam na vida do etéreo, conscientes, e se conduzem ou são conduzidos com
mais segurança, sem grandes transtornos, por se recordarem de passagens e
situações como as narradas em "Nosso Lar".
Linguagem
simples, direta, coloquial, sem mistérios, sem preciosismo, sem restrições. As
concepções e revelações do mundo espiritual penetraram em milhões de lares, dos
palacetes aos casebres, dos intelectuais aos simples de entendimento. Milhões
sabem disso sem ainda serem espíritas! Decepcionante foi a descoberta feita por
mim de que os livros que eu escrevi, foram lidos por uma meia dúzia de pessoas,
que em nada ajudaram, que ocuparam tempo e espaço, tanto quanto a maior parte
das quilométricas as "balaustradas" insertas por mim no
"Reformador".
E posso
afiançar que meu exemplo não é solitário. Na realidade dos centros de hoje, se
um jovem de 17 anos, do interior, pouco letrado, aparecer numa casa espírita
receberá uma saraivada de questionamentos, de repreensões, e sairá (se tiver
dinheiro) entupido de livros e apostilas teóricas, limitantes, desanimadoras.
Ou seja: fora de cogitação novos "Chico Xavier" com a atual
estrutura.
Agora,
inesperto consciente, percebo que, fosse escrever, usaria a mesma base do Tempo
de Transição, e escreveria "Tempo de Revisão". O espiristérico e
fantasioso "regeneração" se converte hoje em "
degeneração". Fugimos do trilho! Perdemos o fio da meada! Caímos na cilada
da vaidade, da arrogância, da presunção de superioridade, da falsa concepção de
que "deveríamos proteger a Doutrina". Abandonamos à ignorância os
humildes, os analfabetos, os sofredores, os obsidiados, as vítimas das trevas
da superstição que deveríamos orientar, conduzir, esclarecer, libertar.
Batemos (com
orgulho!) no peito, que "somos espíritas", não para auxiliar, mas
para demonstrar pretensa superioridade, numa condenável elitização de
conhecimentos que guardamos na redoma de nossa vaidade e arrogância, destilando
nossa falta de humildade, nosso ancestral e enquistado egoísmo, ao negarmos o
necessário apoio e orientação a quem devemos obrigatoriamente esclarecer.
Kardec, ao
compilar de modo irreprochável " O Livro dos Espíritos" nos dá todas
as linhas, pontos, vírgulas e intersecções do texto que deveríamos pontificar.
Estabelece condições didáticas e pedagógicas sobre nossa convivência, contato e
relacionamento com nossos irmãos desencarnados, tanto para recolher destes os
ensinamentos e as interpretações para a melhor aplicação da virtude, quanto
para aos ignorantes e desencaminhados, a revelação de suas condições de erro e
de necessária recomposição e mudança de trajeto, para o Bem.
Mas,
transformamos nossas reuniões espíritas em "missazinhas" enfadonhas,
com pregações inócuas, com exposições repetitivas, palavrescas, exornando
vaidades pueris, e sem a presença ou a manifestação de espíritos desencarnados!
A Humanidade precisa conhecer, saber e se comunicar com o mundo além túmulo, de
forma contínua, clara, evolutiva, segura, aberta, livre, e cabe ao espiritismo
a primazia e obrigação em desvendar os véus. Ao contrário, construímos altas e
vigiadas muralhas de isolamento e assistimos a chamada (erroneamente) Casa
Máter se verter hoje em casamata!
MEDIUNIDADE
É BEM DA HUMANIDADE!
É
indispensável, inadiável, urgente que se restabeleçam os cursos de educação
mediúnica, as sessões experimentais, as reuniões de desobsessão, de doutrinação
e o desenvolvimento das diversas formas de intercâmbio, seja através da
psicofonia, da psicografia, da mediunidade curativa, e até mesmo do estudo
visando o aprimoramento dos chamados fenômenos físicos. E que isso seja feito
de modo accessível ao mundo, de forma que as pessoas do vulgo possam tomar
conhecimento, participar, se envolver, se beneficiar disto!
Cada centro,
por maior ou mais simples que possa ser, reúne, pelas bases fornecidas pela
Codificação, os meios, a orientação e o aparelhamento suficientes para oferecer
essa atuação, com segurança, com benéfica ação, tirando a venda da descrença
dos cépticos e descrentes empedernidos. Se em algum tempo ou lugar, houve
utilização errada, corrijamos, dentro do preceito ciceriano, "abusus non
tollit usum"- o abuso não impede o uso.
A consciência
universal que deve nortear o encaminhamento do que quer ser espírita e recebe
esse maravilhoso legado o obriga a semear em todos os terrenos, a sabedoria
desse insubstituível e impostergável intercâmbio. Assim o espiritismo precisa
penetrar como óleo balsâmico em todos os poros do tecido social.
Nós
precisamos ser o "sal da terra", e oferecer o tempero da convicção
plena a todos os assuntos, pessoas, lugares, doutrinas, religiões, grupos!
Precisamos dar a oportunidade aos que vieram com a missão mais dilatada do
mediunato, para que possam em suas comunidades, em suas seitas e religiões, de
gerar a realidade do mundo invisível, falar da perfeita Justiça Divina via
Reencarnação, revelar o inexpugnável expediente do Perdão dentro da Lei de
Causa e efeito, demonstrar, com lógica e razão, com certeza inequívoca, a
eternidade do ser, em nossa caminhada evolutiva.
Nós
espíritas, temos as respostas que a Humanidade necessita! Só a bendita Doutrina
espírita pode fazer isso, hoje! E não podemos nos furtar em não oferecer à essa
mesma gleba o conhecimento e a consciência que recebemos generosamente, por
méritos ou por misericódia. É preciso abrir os corações, as mentes e também as
portas. É preciso chamar os cultores dos credos africanos, e fraternalmente mostrar-lhes
a simplicidade das comunicações interseres encarnados e não, a fim de que,
sabedores desses novelos, possam se livrar de práticas desnecessárias,
ritualísticas e sem função.
Precisamos
agregar em torno de nós os que possuem e praticam a mediunidade de modo
equivocado, comercial, mercantil, mostrando-lhes, fraternal e zelosamente, como
mudar o proceder, não enxotá-los! Com o coração receptivo, necessitamos
convidar os pastores, os padres, os rabinos, os ateus, os muçulmanos, os
hinduístas, os orientais, os esotéricos, os chamados evangélicos, todas as
vertentes da fé, não para transformá-los em prosélitos, mas para que tomem
conhecimento da essência espiritual, dos itens já mencionados, trazidos a lume
para a consciência de todos, na Terceira Revelação.
É importante
que eles saibam, conheçam, ainda que, de pronto não creiam. Sabendo,
oportunamente crerão. O tempo é o senhor da razão, e quando estes que disto
tomarem ciência, retornarem ao mundo espiritual terão dentro de si a semente da
Verdade já germinada, e a realidade espiritual não lhes será nem sofrida nem
surpreendente, como hoje ocorre, aos borbotões, em grande parte, por nossa
omissão e ausência.
Cada ser
humano tem aptidão e suficiência para a aquisição de conhecimentos superiores,
não sendo a evolução vedada a quem quer que seja. Mas, que a iniciativa seja
nossa, que o movimento espírita intermedeie isso, com a intenção clara e pura
de ouvir e falar, de revelar e também absorver novos conhecimentos, visto que,
se o espiritismo é o que de mais evoluído conhecemos, não é o final da linha da
sabedoria, disto todos temos convicção.
Quando o
abençoado professor lionês judiciosamente compila " O Evangelho Segundo o
Espiritismo" deixava para nós, os pósteros, a mensagem de que também é
necessária a versão do "O Corão Segundo o Espiritismo", " O
Torah na visão Espírita", "O Tao dentro da realidade
espiritual", e assim por diante.
Ao delinear
a senda de atitude do profitente espiritista, Kardec concita e determina:
Amai-vos e instruí-vos! Temos obrigação de seguir essa regra, na ordem proposta
de amando sempre primeiro. E a prática do amor não se coaduna com a cisão, o
distanciamento, a discriminação de quem quer que seja, sob quaisquer pretextos,
pois estes são os irmãos que esperam de nós a orientação e o encaminhamento,
como em algum tempo atrás tivemos a oportunidade de recolher também.
Quando
me foi ofertada a bênção da visão física, pela manifestação daquele instrumento
mediúnico, naquele modesto e singelo centro, deveria ter me preocupado mais com
a cegueira da alma, também. A propósito, a entidade que me socorreu naquele
tempo era representada por uma carinhosa e iluminada preta velha.
Juvanir Borges de Souza- espírito
Mensagem
recebida pelo médium Arael Magnus, em 13 de abril de 2015, no Celac- Formosa-
Goiás.
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