Tudo é
Vida
Adésio Alves Machado
A vida
nunca cessou, não cessa e nem cessará em todos os departamentos deste Universo
infinito onde ela se mostra soberana
e bela.
Aquilo a
que denominamos morte poderíamos chamar de uma desagregação celular que, por
sua vez, continua vivendo incessantemente, e isto por uma razão bem simples:
cada célula componente de um grupo que empresta forma a este é energia, e esta
não desaparece, mas prossegue com vida, e vida cada
vez mais
abundante, justamente pela certeza adquirida de que ela, morte, inexiste, é uma
mentira. Os enciclopedistas, mais cedo ou mais tarde, haverão de colocar em
seus dicionários o verdadeiro significado da morte: uma desorganização celular
que dava forma a um grupo de células que se constituía num todo orgânico ou
inorgânico.
Olhando a
morte com a visão espírita, que é justamente a visão do Espírito imortal, a
morte já não se pode constituir num temor, num horror. É, sim, um fenômeno
biológico natural que deve ser racionalizado pelo Espírito ergastulado à carne.
As
células componentes de um corpo somático, ao se desestruturarem no ser humano,
não encontram mais condições de reter a energia que as comandava, que as
mantinha unidas, grupadas. Falta-lhes vitalidade, que é usada pelo
Espírito
para comandar o corpo, apropriando-se dele.
Tudo se
altera para que aconteça o melhor, o aperfeiçoamento da forma, o seu progresso,
a sua evolução.
Viver,
como vamos percebendo, é evoluir em todos os estágios sem cessar, até à
angelitude, quando a energia espiritual, o Espírito, não mais necessita da forma
para se expressar. Daí porque o ser real não é físico. Este é clausura temporária
da energia eterna.
Todos nós
voltaremos às origens quando nos desprendermos do magnetismo e do vitalismo
orgânico que engendra a forma física.
Reagir à
libertação pela morte do corpo carnal é apego insensato às licenças do prazer e
às imposições das mais primárias das paixões.
Somente o
hedonista teme ou odeia a morte, porque para ele tudo se resume no agora,
supondo que a vida seja esse breve estágio no frágil e breve período dos
sentidos físicos.
Fomos
criados para a libertação plena, a qual vamos alcançando, paulatinamente, nas
abençoadas experiências reencarnatórias que caracterizam a verdadeira Vida, a
do Espírito.
O homem
terrenal ainda vive e sente apenas o corpo carnal, não se
apercebendo
das sensações tipicamente espirituais, oriundas da vivência da caridade, do
amor ao próximo, da Natureza nas suas variadas manifestações.
Como em
realidade nada está morrendo, tudo vai experimentando incessante transformação,
e o Espírito prossegue vivo quando da desarticulação da maquinaria física sob
sua diretriz.
As
comunicações mediúnicas que nos chegam diariamente, ao serem percebidas na sua
essência, vão deixando aos humano
s a
realidade da vida extrafísica.
Jesus
veio mostrar a Vida estuante após se deixar crucificar sem um mínimo gesto de
defesa ou justificativa para o que havia feito. Se confiamos nele, mais ainda
confiemos em Deus. Assim sendo, segundo as palavras do Incomparável
Messias,
renunciemos a nós mesmos, tomemos a nossa cruz e sigamo-lo.
Procuremos,
assim, conduzir-nos com equilíbrio em todos os momentos da existência terrena
para que, no instante da morte, estejamos devidamente preparados para a
sobrevivência plena que nos aguarda.
Acalmando-nos,
aguardemos o reencontro com os que nos antecederam na viagem de retorno ao
mundo verdadeiro – o dos Espíritos. O ser amado vive e nos espera, com certeza.
Caso
façamos silêncio interior, ouvi-lo-emos com palavras dúlcidas de esperança e
consolo para que prossigamos em nossos afazeres até o instante final da
libertação.
Se
porventura algum temor nos acicata com ameaças a respeito da
desencarnação,
nada melhor e salutar do que recordarmos de que diariamente vivemos uma forma
de morte quando adormecemos.
“Ama os
que morreram, mas vivem, preparando-te, por tua vez, para viveres depois que
morras”- diz Joanna de Ângelis.
Vivamos,
pois, felizes, amando a vida, o que fazemos, e esperemos, sem temor algum, o
momento fatal da nossa desencarnação, confortando-nos com os conhecimentos
oferecidos pelo Espiritismo.
Artigo Publicado em O Espírita Fluminense, edição de
Julho/Agosto de
2005 e reproduzido com autorização do autor
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