A Intervenção
dos Espíritos
O Homem é um
pequeno mundo que tem como diretor o Espírito e como dirigido o corpo.
O homem é
formado por matéria e espírito.
O Espírito é
o ser principal, a razão, a inteligência; o corpo é envoltório de matéria que
reveste, temporariamente, o espírito para o cumprimento de sua missão na Terra
e a execução do trabalho necessário à sua evolução, ao seu adiantamento.
O corpo,
usado, se destrói, o espírito sobrevive à sua destruição. O corpo sem o
espírito não é senão matéria. O espírito sem corpo reentra no mundo espiritual
de onde saiu para o reencarne.
Ensina o
Espiritismo que os homens que viveram na Terra, ao deixarem o corpo físico
através da morte, continuam a viver em um outro plano, chamado mundo
espiritual. Quando passam para este plano da vida, levam consigo o que tiverem
acumulado de virtudes e defeitos, todos, adquiridos durante a existência
material, ou seja, a encarnação. Os homens bons trazem consigo a caridade que
praticavam, a paz de espírito e a benevolência. Vivem em lugar feliz e
trabalham constantemente pelo progresso do Planeta.
Já os homens
que, quando encarnados viveram nas sendas do mal, levam para o plano espiritual
as más tendências. Continuam suas atividades perniciosas, inspirando-nos todos
os vícios e defeitos a que ainda estão apegados. Estes são os que podemos
chamar de espíritos maus, nocivos, pois que são absolutamente perniciosos. Não
podemos atribuir a Deus estas ações, pois que não se admitiria esta consciência
da divindade. Uma concepção de divindade punitiva, carrasco, cruel, tende hoje
a desaparecer por que todos, pelo menos os que já temos uma noção dos
ensinamentos dos espíritos, sabemos que Deus é bom e justo. Assim, jamais ele
estaria envolvido com ações más, perversas ou de qualquer meio ilícito e
nocivo.
A maioria
dos espíritos que povoam a terra, tanto no estado errante, desencarnados,
quanto os encarnados, compõe-se de espíritos imperfeitos, que fazem mais o mal
que o bem. Daí a predominância do mal na Terra.
Temos,
portanto, o mundo corporal, composto de espíritos encarnados, e o mundo
espiritual, composto de espíritos desencarnados.
O homem, por
ser composto de matéria, está ligado a Terra; e o Espírito, por sua natureza
fluídica, está em toda parte, percorre distâncias enormes com a rapidez do
pensamento.
A morte do
corpo é a ruptura dos laços que unem corpo a espírito.
Os Espíritos
são criados simples e ignorantes, mas com aptidões para tudo conhecer e
progredir, dependendo de seu livre arbítrio, de seu próprio trabalho, razão
porque tantos somos diferentes uns dos outros. Em nossas reencarnações
sucessivas, através do livre arbítrio, da própria vontade. Uns realizam mais
rapidamente suas necessidades de progresso, cumprindo as leis naturais, as leis
morais da vida, adquirindo uma maior gama de conhecimentos e aprendizado. Outros,
também em razão de seu livre arbítrio, vivem “adiando” suas necessidades de
trabalho e vivência de melhoramento espiritual-moral, deixando tudo para
depois, o que lhes é permitido, entretanto não é recomendável. Desta forma, uns
evoluem mais rapidamente e outros permanecem na ignorância por mais tempo.
A falta de
vigilância, certamente, é um dos fatores mais sérios e que mais nos atrasam a
caminhada, pois que na maior parte das vezes, esta invigilância é que nos faz
permitir as influenciações negativas daqueles espíritos errantes que estão
procurando apenas uma brecha, uma passagem, uma ação ou pensamento, para se
utilizarem de nós e assim satisfazer suas necessidades maléficas.
A felicidade
está na razão do progresso alcançado. Os que deixam para depois, adiando a
prática do bem, da caridade, do trabalho, do amor ao próximo e as demais leis
divinas ou naturais, estes, certamente são mais infelizes e se mantêm na
ignorância por mais tempo.
Aí já
podemos entender, perfeitamente, o porquê de embora criados simples e
ignorantes, uns já se adiantaram no progresso e outros estão ainda muito
atrasados.
A
compreensão da influência que os Espíritos Desencarnados exercem sobre os
Espíritos Encarnados, passa, inicialmente pelo entendimento de que há espíritos
mais e menos evoluídos.
Sabemos que
estamos constantemente rodeados por Espíritos que nos veem, ouvem e conhecem
nossos pensamentos e até nossos desejos mais íntimos. Quando nos acreditamos
sós sempre estamos acompanhados por Espíritos e, com frequência, somos
influenciados por eles através de nosso pensamento.
A interação
que existe entre encarnados e desencarnados, muito especialmente daqueles que
praticam o mal, é nítida e não nos deixa dúvidas de sua existência.
Já na
Bíblia, em Mt.16. 15-17, Jesus pergunta: -“Vós quem dizeis quem eu sou?”
Pedro
responde:- “Tu és o Cristo, o Filho de Deus”.
Para esta
resposta Pedro entrou em sintonia com o mundo espiritual, mais precisamente com
Deus, como esclarece Jesus no Vs. 17 quando diz:
-“Tu não
revelaste a carne e o sangue, mas meu Pai que está nos céus”.
Ainda em
Mateus, 16.21-23, pouco tempo depois, o mesmo Pedro teve a influenciação
espiritual dos maus espírito e Jesus o repreendeu dizendo “Para traz Satanás”.
Pedro que recebera há pouco a influência de Deus, por não saber discernir a
informação do bem ou do mal, tinha a propensão de ligar-se com o inimigo pois
que ainda não havia sido treinado para discernir entre as influenciações boas
ou más.
Kardec, ao
perguntar para os Espíritos Superiores se poderíamos ser influenciados pelos
espíritos, e se eles influem diretamente em nossos pensamentos lhe foi
respondido[i]:
-“A sua
influência é muito maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles
que vos dirigem.”
Estas
orientações nos clareiam o porquê que tantas vezes temos pensamentos duplos e contraditórios,
mistura entre o nosso próprio pensamento e o do Espírito que está junto a nós.
Estas distorções de pensamentos não nos são aparentes. Não percebemos nem
sabemos exatamente distingui-los, mas sempre nos deixamos influenciar por
sugestões que vão de encontro aos nossos anseios mais profundos.
Todos temos,
desde o nosso nascimento, a proteção de espíritos amigos que nos guardam e
procuram nos influenciar de forma positiva, sempre levando à pratica das leis
morais de Cristo. Em contrapartida os espíritos pouco evoluídos, malévolos, os
que não estão ligados às boas ações, ficam sempre prontos a aproveitar nossas
más tendências, nossas más inclinações, para nos incentivar mais, nos
influenciando sempre e mais para o mal.
Está claro,
portanto, que nossos pensamentos dirigidos para o bem, para o bom, geralmente
nos remetem a níveis também bons de energia, o que nos faz sintonizar com
espíritos de semelhantes, e, sempre que lhes acatamos as sugestões, temos uma
vida equilibrada e feliz; assim como nossos maus pensamentos atraem espíritos
menos evoluídos e que nos influenciarão de forma negativa.
Pensamentos
e prática do mal, tristezas, angústias, egoísmo, malícia, maledicência, todas
estas atitudes de comportamento e pensamento de pouco ou nenhum proveito moral,
nos fazem atrair espíritos que nos instigam e sugerem ações e pensamentos
piores, nos incentivam a pensamentos menos nobres, a ações ilegítimas, porque
são eles Espíritos inferiores, levianos, plenos de inveja e ódio, resultado,
justamente, de suas imperfeições, procurando sempre nos fazer assemelhar a
eles, induzindo-nos a proferir palavras e a concretizar atos contrários às leis
cristãs para que possamos ficar absolutamente sintonizados com eles e cada vez
mais à sua mercê.
Normalmente
podemos ter a percepção do conselho íntimo de um Espírito. A isto chamamos de
pressentimento. As advertências que sentimos ao estarmos prestes a praticar um
ato desvairado, impróprio e inadequado à boa conduta, são avisos de nossos
protetores para nos auxiliarem em nosso crescimento e evolução espiritual.
Muitas e muitas vezes não damos atenção a estes avisos, sejam pressentimentos
ou quando, obstados de acatar as orientações que nos querem passar, utilizam-se
de outras pessoas, de amigos ou companheiros para poderem fazer chegar até nós
a palavra de sua advertência.
Nas leis da
vida observamos que os iguais se atraem, assim, os bons pensamentos atraem os
bons Espíritos e os maus pensamentos, obviamente, atraem os espíritos
imperfeitos.
Ao
observarmos detidamente nossos sentimentos podemos observar que sempre que
temos sentimentos de angústia, ansiedade indefinida ou mesmo satisfação ou
insatisfação interior sem causa conhecida, estamos tendo a comunicação
inconsciente de espíritos ou até mesmo entrando em contato com eles durante o
sono.
É, no
descanso do corpo físico, o Espírito desprende-se e aproveita para retomar
parcialmente sua relativa liberdade, permanecendo ligado ao corpo físico por um
cordão fluídico/energético. Dependendo de seus interesses e evolução poderá
aproveitar estes momentos para visitar outras esferas espirituais onde terá
oportunidade de aprender e trocar ideias com seres que, com ele, se afinizam.
Pode, também, visitar amigos que estão no plano físico ou no plano espiritual.
Se forem Espíritos excessivamente apegados a matéria, poderão buscar ambientes
mundanos para se satisfazerem.
Se, ao
despertar sentimos paz e alegria, é que estivemos em boas companhias, mas se
acordamos de mau humor, cansados e oprimidos, é porque estivemos com Espíritos
ignorantes.
Como
escolher a companhia que teremos durante o sono? Seria possível evitar a ida a
lugares sombrios ou juntar-se aos espíritos nocivos e viciosos?
Sim, a
terapêutica é tão simples quanto difícil de ser seguida por todos.
Devemos ter
como hábito, antes de dormir, orar a Deus e aos bons Espíritos para que,
durante o sono, nossa Alma possa estar em sintonia com os planos elevados da
Criação.
Mas como
poderemos nos libertar da influência dos espíritos imperfeitos?
A prece é antídoto
aos maus pensamentos, às más ações, às comunicações desastrosas.
Desta forma,
a receita mais fácil de ser dada mas bastante difícil de ser seguida: é a
execução de boas ações; a oração que nos eleva o padrão vibratório, rompendo a
sintonia que temos com os espíritos imperfeitos, colocando-nos em harmonia com
espíritos mais evoluídos; o constante bom pensamento evitando sempre, e até
mesmo reprimindo, os pensamentos que nos sugerem o mal, a discórdia e que
estimulem as paixões, sobretudo as que exaltem nosso orgulho. A humildade é um
trunfo, a caridade uma arma.
Jesus
sabiamente introduziu na oração que nos ensinou:
“Senhor, não
nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”.
São
constantes as “justificativas” que escutamos perante as intempéries da vida:
- “Não
pratico o mal, não faço mal a ninguém”;
Estes deixam
de praticar também, com frequência, o bem, não cumprindo com a caridade tão
eficaz ao aprimoramento nesta existência. A inércia não justifica, pois sem
fazer o mal também não praticam o bem. O egoísmo falando mais alto. A
decadência, males, doenças, drogas etc., não fazem mal apenas a nós mesmos, mas
envolvem todos os que nos querem bem, família e amigos, sendo necessária que
seja exercida a caridade a nós mesmos para, só assim, dizer: “eu não pratico o
mal a ninguém”, “eu nada fiz para merecer isto” pois quando nada se faz, faz-se
muito, e mal, deixando os espíritos inferiores dominarem nossa vida.
Não raro,
alguns irmãos creem que qualquer evento desagradável é punição divina ou pagamento
de dívidas do passado. Esta não é uma verdade tão absoluta assim. Na
generalidade, através de nosso livre arbítrio, “escolher agir contra as leis,
contra a caridade o amor e ao bem” é-nos permitido, entretanto nos acarretam
influenciações desastrosas pois que se nos aproximam de espíritos imperfeitos,
sedentos do mal e as intempéries, não raro, são consequências destas nossas más
ações e das influenciações que nos permitimos por nossos pensamentos ou atos.
Caracterizando-se uma ação má, reverter-se-á, ao seu agente, acontecimentos
tristes e desastrosos. Resultado de nossa invigilância.
Os espíritos
adiantados podem receber a tarefa de estarem junto a nós para proteger-nos. A
estes Espíritos denominamos de Espírito Protetor, Bom Espírito, Bom Gênio, Anjo
Guardião.
Todos nós
temos um Espírito protetor que procura guiar-nos para o bom caminho, sustentar
nossa coragem e nos conduzir, ou tentar conduzir, nas provas da vida. Este
Espírito protetor nos assiste deste o nosso nascimento e segue-nos até depois
de nossa morte e mesmo em várias existências corpóreas a fim de que consigamos
abstrairmo-nos do mal e prosseguir com nossa evolução espiritual. Ocorre que
nem sempre o protegido aceita a ajuda. Reage e age de forma rebelde, não
aceitando suas vibrações e sugestões positivas, provocando assim o afastamento
do espírito protetor que, respeita o livre arbítrio, mas retorna tão logo seja
chamado. Este Anjo Guardião alegra-se com os bons feitos de seu protegido, mas
também se entristece quando o vê sem querer seguir lhe os conselhos e
introduz-se pelas veredas contrárias ao bem.
A influência
que os Espíritos exercem sobre nós é bastante grande. Observe-se a própria vida
sob o aspecto moral. São perceptíveis as interferências. Podemos ilustrar a ideia
contando um caso de um homem que saca de um revólver e atira em outro que está
seu próximo. Surpreendentemente e quase que incompreensivelmente o tiro passa
de raspão, mas não pega, o que aconteceu, como explicar este erro podendo-se
dizer impossível? No caso relatado acima podemos observar a interferência
espiritual tanto de um espírito de pouca evolução, inferior, como também a
interferência incisiva de um espírito superior, de grande valor moral que
entendeu que não poderia deixar que acontecesse a execução daquele ato
desvairado e contrário a Lei de Deus. O espírito inferior sugere o tiro, mas,
ao lado dele, está também o espírito elevado que, desvia o projétil ou ofusca
lhe a visão, de forma que evita assim o assassinato. A interferência dos
espíritos é sempre motivada pelo amor ou pelo ódio. Quando é movida pelo amor
temos a ajuda, o auxílio, e quando movida pelo ódio temos a inveja e o prazer
do mal pelo mal. Sempre que sentimos a presença de um espírito malévolo temos
que orar, e orar muito, para que ele seja perdoado e afastado de nós e pedir
sempre pela proteção de nossos Anjos Guardiões para que não nos deixem de
auxiliar agradecendo a constante ajuda.
Há casos,
ainda, que espíritos encarnados, por livre arbítrio pretendem fazer o mal e
evocam o auxílio de espíritos inferiores para que lhes ajudem na tarefa, mas
esquecem-se estes, que a prática da má ação tem reação imediata, pois aquele
que pede ajuda para o mal é obrigado a fazer o mal para quem o ajudou, é
obrigado a “servir” aquele que o ajudou, pois sempre precisam de alguém para
executar o mal que eles pretendem cometer. Desta forma podemos entender o que
na linguagem comum frequentemente chamamos de “pacto com o demônio”, que nada
mais é que a ajuda recíproca entre espíritos encarnado e desencarnado para a
execução de ações contrárias às Leis Morais.
Neste nosso
pequeno estudo sobre a interferência dos espíritos desencarnados aos
encarnados, não poderemos deixar de citar, de fazer referência, às Bênçãos e
maldições, se fazendo necessário entender seu alcance e sua valia, para bem
compreender os ensinamentos dos Espíritos.
Desta forma
podemos entender que sempre que proferimos ou temos um pensamento de benção é
imperativo o benefício do abençoado que deles aproveitará, sempre segundo seu
merecimento, razão porque tantas vezes não entendemos o tempo que leva para que
consigamos obter êxito em nosso intento. Nosso pensamento é dignificante e
abençoa. Mas a intensidade do aproveitamento depende do merecimento do
favorecido, da aceitação deste e até mesmo do pensamento positivo para a,
recepção da bênção. Já os pensamentos de maldição atingem ocasionalmente as
pessoas que estão afastadas de seus protetores e isoladas em sua materialidade,
ficando sujeitas às maldições que, aliás, sempre são prejudiciais, bem mais
prejudiciais, a quem as formula.
Podemos observar
que o esforço próprio é absolutamente necessário a todos os caminhos evolutivos
e ninguém aprende ou evolui se não souber aproveitar o concurso dos Benfeitores
Espirituais. Entretanto, como dependemos, e muito, do auxílio dos amigos
espirituais, não podendo esquecer que a Providência Divina é de infinita
bondade e extrema misericórdia e funciona através de sublimes mensageiros.
Sejamos,
pois maleáveis e fiéis ao executarmos nossas ideias, abrindo nossa percepção
aos espíritos elevados, para que lhes seja mais fácil o cumprimento de seu
papel, no progresso e na felicidade das criaturas, perseguindo um só objetivo
qual seja o de tornar-nos, hoje, um pouco melhor que ontem e, amanhã, menos
imperfeitos que hoje.
Queiramos ou
não, estamos numa batalha e nos tornamos vencedores na medida em que nos
enchemos de Cristo, do Poder de Seu Espírito, do exercício do Evangelho de
Jesus, cultivando amizades sadias, vigiando, orando e ajudando ao próximo para
que possamos sempre mais e mais nos aperfeiçoar e receber as orientações de
nossos Anjos da Guarda ou de outros espíritos que nosso Mestre nos tenha
permitido pressentir, agindo com empenho em favor da retificação moral, no
caminho do progresso e ficando alerta, para que espíritos impuros e pouco
evoluídos não nos possam influenciar, mas sim e sempre, possamos entender e
aceitar todas as que sejam de espíritos adiantados e que possa nos auxiliar na
caminhada e no exercício do amor que Cristo nos veio ensinar.
[i] Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos, Perg. 459
Link: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/comportamento/a-intervencao-dos-espiritos.html
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