Ter Coragem de Fazer o Bem
– Por que, neste mundo, os
maus exercem geralmente maior influência sobre os bons? “Pela fraqueza dos
bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando
quiserem, assumirão a predominância.” (Questão 932, de O Livro dos Espíritos,
de Allan Kardec.)
Carregando no íntimo a
condição de mau, o homem que vive à margem dos ensinamentos cristãos não tem
medo ou receio de causar danos à sociedade que o acolhe. Pouco se importa com
os danos que provoca ou com prejuízos que causa àqueles que cruzam o seu caminho.
Segue sua jornada com audácia, sendo inconsequente, nada temendo. Em resumo, é
ousado.
Já a criatura de bem,
aquela que se preocupa em pautar suas ações sempre de acordo com as valiosas e
imprescindíveis lições de Jesus Cristo, muitas vezes é tímida e retraída.
Procura viver dentro dos padrões da moralidade, da decência e da dignidade, mas
nem sempre aguerrida o suficiente para enfrentar o avanço das ações malévolas
que a rodeiam.
Na pauta das suas
realizações terrenas procura ajudar, socorrer e amparar os irmãos do caminho,
com atitudes descompromissadas, mas, diante de situações em que deve se expor
um pouco mais, se retrai assustada, temendo enfrentar o mal que às vezes se
levanta barulhento e desafiador.
Tem valor incalculável a
doação de uma cesta básica de alimentos a uma família carente, de prole
numerosa, mas isso é pouco diante da gravidade da situação reinante. Será preciso ir além disso, tomando a
deliberação de programar ações firmes que possam apontar caminhos, visando a
que cada membro do agrupamento familiar tenha oportunidade de ganhar, com o
próprio suor, o seu sustento.
Oferecer material escolar
para que crianças, adolescentes e jovens pobres permaneçam nos bancos escolares
é tarefa das mais nobres, no entanto, só isso não basta para que se tornem
homens de bem, imprescindível que atuemos decididamente informando-os sobre os
valores da honradez e da dignidade, virtudes básicas para a formação
equilibrada do caráter.
Erguer clínicas, hospitais
e instituições de socorro àqueles que se embrenharam pelos nefastos e
destruidores caminhos do vício tóxico é de capital importância, mas jamais
podemos olvidar a necessidade urgente de trabalharmos, com determinação e
arrojo, pelo esclarecimento e conscientização, principalmente de adolescentes e
jovens, para que saibam enfrentar os arrastamentos sem o terrível mergulho no
mundo pestilento da dependência química.
É valioso identificar os
males que decorrem da corrupção, dos favorecimentos ilícitos, das coisas
arranjadas, mas somente isso não impede que tais desatinos continuem a ocorrer.
Indispensável que saiamos a combater, com coragem e determinação, essa cultura
imoral, danosa e trágica que tantos prejuízos causam no seio das coletividades.
Em verdade não basta que
evitemos o mal, é imprescindível fazer o bem, no limite de nossas forças, pois
que seremos responsáveis pelos mal que nascer do bem que não fizermos.
Não é prudente
enfrentarmos o mal de forma atabalhoada e irresponsável, mas da mesma forma não
é digno que cruzemos os braços, timidamente, e fiquemos a observar o avanço dos
maus que são intrigantes, ousados e audaciosos.
Por certo, a Providência
Divina não espera de nós nenhum espetáculo de grandeza e excelsitude, no
enfrentamento ao mal que campeia à solta ao nosso redor, mas aguarda que cada
um tenha a coragem e a audácia de se empenhar ao máximo na construção de uma
sociedade mais justa, fraterna e humana, mesmo que para tanto tenha que
desprender cotas de sacrifício.
O verdadeiro homem de bem
é aquele que não foge ao bom combate, conforme nos ensinou Paulo de Tarso.
Reflitamos.
Imagem: Marco A. C. Neves
Nenhum comentário:
Postar um comentário