sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O Herdeiro do Pai




O Herdeiro do Pai





"A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo."
Paulo. (Hebreus, 1:2).

Cede aos poderes humanos respeitáveis o que lhes cabe por direito lógico da vida, mas não te esqueças de dar ao Senhor o que lhe pertence.
Esta   fórmula   conciliadora   do   Evangelho   permanece, ainda, palpitante de interesse para o bem-estar do mundo.
Não   convém   concentrar   em   organizações   mutáveis   do   plano   carnal   todas   as   nossas   esperanças e aspirações.
O homem interior renova-se diariamente.  Por isso, a ciência que lhe atende as reclamações, nos minutos que passam, não é a mesma que o servia, nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no presente.
A política do pretérito deu lugar à política das lutas modernas.
Ao triunfo sanguinolento dos mais fortes ao tempo da selvageria sem peias, seguiu-se a autocracia militarista.
A força cedeu à autoridade, a autoridade ao direito. No setor das atividades religiosas, o esforço evolutivo não tem sido menor.
Em vista de semelhantes realidades, por que te apaixonas, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?
Os homens de hoje, por mais veneráveis, são herdeiros dos homens de ontem, empenhados na luta gigantesca pela redenção de si mesmos.
Poderão prometer maravilhosos reinados de abastança   e paz, liberdade   e   harmonia, entretanto, não fugirão ao serviço de corrigenda dos erros que herdaram, não só daqueles que os antecederam, no   campo   dos   compromissos   coletivos, mas  igualmente  de  suas  próprias  experiências passadas, em tenebrosos desvios do sentimento.
A civilização   de   agora   é   sucessora   das   civilizações que faliram.
As nações que se restauram aproveitam  as  nações que se desfizeram.
As organizações que surgem na atualidade guardam a herança das que desapareceram na voragem da discórdia e da tirania.
Examinando   a   fisionomia   indisfarçável   da verdade, como   hipertrofiar   o sentimento, definindo-te, em  absoluto,   por   instituições   terrestres  que  carecem,  acima  de  tudo,  de  teu  próprio auxílio espiritual?
Como pode a casa sem teto abrigar-te da  intempérie?  
A planta   do   arranha-céu,   inteligentemente traçada no pergaminho, ainda não  é  a  construção  mantenedora  da  legítima  segurança.
Não existem, pois,  razões  que  justifiquem  os  tormentos dos aprendizes do Cristo, angustiados pelas  inquietudes  políticas  da  hora  que  passa. 
Semelhante estado  de  alma  é  simples  produto  de   inadvertência   perigosa.   Porque   todos   devemos  saber  que  os  homens  falíveis  não  podem erguer obras infalíveis e que compete a nós outros, partidários do Mestre, a posição de trabalhadores  sinceros,  chamados  a  servir  e  cooperar na obra paciente e longa, mas definitiva e  eterna,  daquele  a  quem  o  Pai  "constituiu  herdeiro  de  tudo,  por  quem  fez  também  o  mundo".

Emmanuel - psicografia de Chico Xavier - do livro Fonte Viva.

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