domingo, 18 de dezembro de 2016

A angústia de sobreviver à vida



Mensagem psicografada em: 17/11/2001

A angústia de sobreviver à vida


Não consigo lembrar dos bons momentos que passei na Terra. Parecem que todos os dias foram de tormento e dor para mim.
Alguma das vezes vi uma mão se estender para mim e ao mesmo tempo milhares a me empurrar para baixo.
Muito me revoltei com isso, me sentia um desgraçado, um perdido no mundo, sem eira nem beira para prosseguir nesta vida.
Se não podia viver, só me restava morrer.
Mas me parece que não é bem assim.
Mais uma vez algo me empurrou, não para a morte, mas para uma vida quase que morta.
Fiquei vários anos sem saber se estava vivo ou morto. E depois vi que não morri.
Que estava vivo, mas isolado do resto do mundo. Não falava, não me mexia.
Não conseguia sequer articular um aí.
A única coisa que podia fazer era ver no silêncio que me ensurdecia a mente e o coração.
Parecia que havia morrido, mas não. Estava vivo, respirava, meu coração batia. Mas estava inerte naquela cama.
Me sentia uma cobaia no meio daqueles médicos de um lado para outro.
O destino estava certo, seria fonte de estudos para aqueles médicos.
Sem família, sem amigos, sem poder dizer não.
Quem poderia reclamar.
Os dias foram passando e o mundo não se acabava. Parecia que inchara e meu corpo pesava mais e mais.
Meus músculos, acho que enrijeciam e ficavam cada vez mais inertes e fracos.
Meu período de luz e noite se estendia cada vez mais até perder a noção de dia e noite.
Era um tempo incalculável sem início e sem fim.
O mundo dava voltas em minha cabeça.
Eu era agora só mente e não mais corpo e mente.
Estava, acho tomando consciência do que era a vida e a morte, mas sem ter noção do que era que eu pensava.
Uma hora a luz se apagou de vez, e lá fiquei o resto do dia.
Não sentia fome nem sede, apenas uma coisa diferente que me fazia leve.
Mas o tempo de minha consciência chegou e vi que estava morto.
Não tinha mais aquele corpo, agora eu era só mente e não mais corpo e mente.
Estava livre e prestes a viver, como se fosse libertado de uma prisão onde a cela era meu corpo.
Havia aprendido o que era vida e o que não era a morte.

André Angilique

Autor: André Angilique
Médium: M. A. Neves

Nenhum comentário:

Postar um comentário