ESCLARECENDO O PROBLEMA DA MORTE DENTRO DE NOVA CONCEPÇÃO DA
VIDA
Desaparecimento
dos antigos mistérios que cercavam o fato natural — Morte, simples fase da vida
— As palavras do apóstolo Paulo: "Planta-se o corruptível, nasce o
incorruptível".
A
compreensão exata do fenômeno da morte, em seu verdadeiro sentido, em sua
verdadeira significação, é uma das mais belas contribuições do
Espiritismo
para o homem dos nossos dias. No passado, principalmente nas grandes civilizações
orientais, o homem desfrutou de elevada compreensão do sentido da vida, e
conseqüentemente da morte. Mas essa compreensão era ainda perturbada pela falta
do esclarecimento científico do problema. Apresentava-se envolta na ganga
mística ou teológica do mistério. A sobrevivência constituia uma certeza, mas
uma certeza de tipo enigmático, de conseqüências imprevisíveis. Os mortos não
eram ressuscitados, não eram homens tão somente desprovidos do corpo físico,
mas almas de um mundo desconhecido.
O
Espiritismo, como explica Allan Kardec em "A Gênese", vindo depois do
desenvolvimento científico, trouxe a vantagem de objetivar o problema da
sobrevivência, de colocá-lo no plano da observação e da experiência, de submetê-lo
aos processos de verificaçãoe pesquisa científicas. Graças a essa nova
colocação do problema, a morte foi despojada dos seus aparatos místicos e do
seu sentido cabalístico. Passou a ser encarada de maneira natural, como um fato
que pertence à ordem natural das coisas, tão sujeito às leis da vida como o
próprio nascimento. "Nascer, crescer, viver, morrer, renascer ainda,
progredir sempre, tal é a lei", afirmou Kardec.
Nascimento,
vida e morte nada mais são do que três fases de um mesmo e único processo, o
processo da vida.
Acabando com
os chamados "mistérios da morte", o Espiritismo demonstrou,
experimentalmente, que o homem se liberta do seu corpo físico de modo tão
natural quanto a larva se transforma em borboleta. Lembrando os ensinos de
Cristo e dos seus apóstolos, mostrou que a ressurreição, como escreveu o
apóstolo Paulo em sua primeira epístola aos Coríntios, é de ordem espiritual e
não material.
"Planta-se
o corruptível, nasce o incorruptível; enterra-se o corpo material, nasce o
corpo espiritual." Nem anjo, nem demônio, nem alma do outro mundo, nem
entidade misteriosa, o espírito daquele que morreu é o próprio morto que
ressurgiu da morte. É o mesmo homem que conhecíamos na Terra, com seus vícios e
suas virtudes, apenas desprovido de um envoltório grosseiro, como um
escafandrista que, por tirar o escafandro, não deixa de ser o que era.
Essa nova
concepção da morte liberta o homem do medo de morrer, ensina-lhe mesmo a conveniência
e a necessidade de morrer, quando soar naturalmente a sua hora, e tira aos que
ficam os motivos de angústia e desespero. Uma suave compreensão substitui, na
mente e no coração das criaturas, o velho temor e a antiga revolta contra as
leis naturais. Ernesto Bozzano, o grande pesquisador italiano, entre as suas
muitas monografias espíritas, incluiu um estudo sobre "A Crise da
Morte", que merece ser lido por todos os que se preocupam com esse
problema universal. Um estudo objetivo, sereno, claro e lógico, baseado em
observações do momento da morte, realizadas em várias partes do mundo.
Dizia Victor
Hugo:
"Morrer
não é morrer, meus amigos, morrer é mudar-se". E Charles Richet, o grande
fisiologista francês, prêmio Nobel de Fisiologia, escreveu a Cairbar Schutel:
"A morte é a porta da vida". O Espiritismo prova a realidade desses
conceitos. Através da imensa e variada fenomenologia mediúnica, desde as
simples manifestações de tiptologia até as de incorporação, de voz-direta e de materialização,
o Espiritismo vem demonstrando positivamente a realidade da sobrevivência. Os
que se obstinam em ignorar essas experiências, em fechar os olhos para o novo
mundo que se abre ante os homens, pagam o duro tributo do sofrimento sem
remédio que as velhas concepções lhes impõem.
O Homem Novo de J. Herculano Pires * 44 /58
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