A Mediunidade Através dos Tempos
A crença na imortalidade da alma e nas comunicações entre os
vivos e os mortos é de todos os tempos.
Encontramos nos mais antigos arquivos religiosos a prova disso;
pois os anais de todas as nações e povos mostram que, desde épocas remotíssimas
da História, a evocação dos Espíritos era praticada por certos homens que
tinham feito disso uma especialidade.
O mais antigo código religioso que se conhece, os Vedas,
aparecido milhares de anos antes de Jesus-Cristo, afirma a existência dos
Espíritos e escolhia aqueles que eram aptos para serem iniciados nos mistérios.
A iniciação comportava 3 graus, e, eram 40 anos de noviciado e obediência
passiva.
Desde tempos imemoriais, o povo da China entrega-se à evocação
dos Espíritos avoengos. Pois, com o tempo e em consequência das guerras que
forçaram parte da população hindu a emigrar, o segredo das evocações espalhou-se
por toda a Ásia; encontrando-se ainda entre os egípcios e entre os hebreus, a
tradição que veio da Índia.
Apesar de Moisés proibir a evocação dos mortos, vemos Saul ir
consultar a pitonisa de Endor. Além do mais, houve sempre investigadores que
acabaram por instituir uma doutrina secreta a que chamaram Cabala.
Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Todos os templos
possuíam mulheres chamadas pitonisas encarregadas de proferir oráculos,
evocando os deuses, (ciências ocultas).
As sibilas romanas, evocando os mortos, interrogando os
Espíritos, eram continuamente consultadas pelos generais, e nenhuma empresa
importante foi decidida sem receber previamente aviso dessas sacerdotisas.
Em Roma sucedeu o mesmo que na Índia, no Egito e entre os
hebreus; o privilégio de evocar os Espíritos, primitivamente, reservado aos
membros da classe sacerdotal espalhou-se, pouco a pouco, entre o povo e,
segundo Tertuliano, os fenômenos espíritas se verificavam entre os antigos
pelos mesmos meios que, hoje, entre nós: aparecimento de sombras ou fantasmas
(materialização), evocação da alma dos mortos, proferiam-se oráculos,
realizavam-se grande número de milagres, explicavam-se sonhos, Espíritos
mensageiros e “demônios” davam comunicações, praticavam-se magia e sortilégios.
Durante a Idade Média, milhares de vítimas foram queimadas sem
piedade, sob o nome de feiticeiros e mágicos, por terem evocado os Espíritos:
Joana D’Arc, Goirdano Bruno, etc.
Apesar de todas as perseguições, a tradição conservou-se; é
possível segui-la na História com os nomes de Paracelso, Cornelius Agripa,
Swedenborg, Jacob Boehm, Martinez Pascali, Conde de Saint-Germain,
Saint-Martin. Às vezes, as manifestações eram públicas: os possessos de Loudun,
os convulsionários de Cevenas e os visionários do cemitério de Saint-Médard.
Em todos os tempos, a evocação dos mortos foi praticada
universalmente; é que todos esses fenômenos, na realidade, são tão velhos
quanto o mundo. Pois, a mediunidade é uma condição natural da espécie humana.
O fenômeno da mediunidade se patenteia em todas as épocas, às
vezes, com intenso brilho, outras, velado e obscurecido conforme o estado de
alma dos povos.
Horizonte espiritual > surge com o Espiritismo – mediunidade
positiva – formulação nova > a mediunidade passa a ser tratada de maneira
racional e científica > condição natural do homem, espírito encarnado.
Mediunismo: práticas mágicas ou religiosas, baseadas nas
manifestações mediúnicas ou espíritas. Fenômenos sobrenaturais e maravilhosos.
O intercâmbio com os mortos ou Espíritos seria privilégio de poucos, investidos
de poderes divinos.
FATOS ESPÍRITAS > fenômenos ou manifestações mediúnicas : são
de todos os tempos.
Doutrina Espírita > interpretação racional das manifestações
mediúnicas. Revelação das leis que regem o mundo dos Espíritos. Sistematização
de conhecimentos, questionamentos, experimentação, comparação e consequências
morais. Doutrina, ao mesmo tempo, filosófica, cientifica e religiosa.
A matéria-prima do Espiritismo, para a elaboração de seus
princípios são os fatos ou fenômenos espíritas ou mediúnicos.
O Espiritismo como Doutrina, como conhecimento sistematizado,
surgiu somente no século XIX, em consequência do estudo da fenomenologia
mediúnica realizado por Allan Kardec e com a publicação, em 18 de abril de
1857, de O Livro Dos Espíritos, obra basilar da Doutrina Espírita. Que resultou
do processo mediúnico de comunicação entre o mundo visível e o mundo invisível,
entre os homens e os Espíritos, revelando-se sob tríplice aspecto.
Os fatos espíritas ou fenômenos mediúnicos, entretanto, como
observa Kardec, não são novos, mas remontam à mais longínqua Antiguidade, assim
como a crença nos Espíritos. Tanto a história sagrada como a profana provam a
antiguidade e a universalidade dessa crença.
Vamos encontrar o fenômeno espírita entre os povos selvagens
(xamãs, pajés), assim como nos povos civilizados. Há antropólogos e etnólogos
que defendem a tese da origem mediúnica das religiões, concluindo pela
realidade desses fenômenos, que constituem a base concreta da crença na
sobrevivência da alma após a morte do corpo.
Nas antigas civilizações, vamos encontrar o mediunismo oracular,
fase em que todos, principalmente, os monarcas e os guerreiros, procuram os
oráculos, para fazer consultas sobre os mais variados assuntos.
Célebres ficaram o Oráculo de Delfos, na Grécia antiga e a
Pitonisa de Endor, consultada pelo rei Saul.
A Bíblia está repleta de relatos de visões e aparições.
A história de Moisés é extremamente rica desses fatos,
abrangendo visões, aparições, voz direta, escrita direta, audiência,
clarividência, etc.
Tanto no Velho como no Novo Testamento, observa-se uma multidão
desses fatos espíritas, inclusive aparições de “anjos” = Espíritos Superiores e
de outros Espíritos, como a dos que se manifestaram a Maria de Madalena no
sepulcro de Jesus, após a Sua ressurreição.
Não podemos esquecer que a Igreja Cristã foi espírita durante os
três primeiros séculos, não lhe faltando a inspiração e a assistência em
diferentes graus da mediunidade. E, as Epístolas de Paulo, os Atos dos
Apóstolos são manuais clássicos de mediunidade.
Na história da Igreja inúmeros fatos espíritas são narrados,
como o de Santo Antônio de Pádua, São Copertino, Teresa de Ávila, etc.
Enfim, os fatos mediúnicos fazem-se presentes tanto entre os
povos selvagens da Terra, quanto entre homens altamente intelectualizados,
cientistas, santos, reis, profetas, sacerdotes e leigos.
Em algumas épocas, todavia, foram mais acentuadamente marcadas
por eles, assumindo um caráter mais definido, como verdadeiros prenúncios da
eclosão de uma nova era para a Humanidade.
MÉDIUNS PRECURSORES
1744 – Emmanuel Swedenborg.
1830 –1833 – Edward Irving e membros da Igreja Escocesa.
1837-1844 – eclosão de fenômenos mediúnicos nas comunidades
“shakers” – Estados Unidos, os principais manifestantes eram os índios peles
vermelhas.
1844 – desabrocham as faculdades psíquicas de Andrew Jackson
Davis, Estados Unidos, audiência, clarividência, desdobramento e psicografia.
No livro por ele psicografado Princípios da Natureza, é previsto o surgimento
do Espiritismo.
Há, ainda, Daniel Dunglas Home, Eusápia Paladino, Madame
D”Esperance, Amália Domingo y Soler, Florence Cook, etc.
Mas foram os fenômenos
ocorridos com as irmãs Fox, em 1848, que marcaram o apogeu da pré-história do
Espiritismo, logo seguido da fase das chamadas mesas girantes, quando os
Espíritos promovem uma invasão organizada à Terra, prenúncio da nova era
preconizada anteriormente.
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