A
Vingança
José
Francisco Costa Rebouças
Considerações
iniciais sobre a vingança
Em mais uma de suas esclarecedoras lições, trazidas ao nosso
conhecimento a través da psicografia de Divaldo Pereira Franco, a benfeitora
Joanna de Angelis nos instrui sobre a ação maléfica da vingança sobre nosso
vaso físico, com repercussão no espírito imortal que somos.
Começa dizendo que quando algo perturbador acontece, gerando
sofrimento ao indivíduo, a sua imaturidade psicológica se sente ameaçada, por
algo muito forte, que mesmo raciocinando conscientemente, não consegue se
desvincular das manifestações desconhecidas que traz, armazenadas em seu
inconsciente, a lhe exigir reparação, desforra, e até mesmo a aniquilação do
seu opositor.
Inicia-se então neste instante, uma acirrada disputa entre o seu
lado racional, procurando resistir a esse tipo de atitude, por identificar essa
falha do caráter, e o seu lado irracional, revestido de toda sua bagagem
sombria de manifestações inesperadas, e inconsequentes, desconhecida da
personalidade do indivíduo que lhe aflora, armando verdadeiras ciladas,
atirando o ser nos despenhadeiros da vingança de consequências funestas.
Esses impulsos doentios, emergem de áreas desconhecidas do ego, que
não conseguem identificação com o Ser espiritual e induze-o, a um trabalho de
desenvolvimento perseverante da odiosidade, instaurando-lhe no imo, a revolta e
o desconforto ante o opositor que se lhe apresenta como um perigo constante
para sua segurança, merecendo por isso ser destruído.
O fenômeno ocorre, tanto individualmente com as pessoas como com as
Nações, dando nesse caso ensejo ao desencadeamento das guerras nefastas e
hediondas, que prejudicam gerações deixando sequelas lastimáveis em suas
vítimas.
No indivíduo, esse comportamento provoca o perverso mecanismo
conflitivo, que o leva ao desespero, e mesmo quando o outro já não mais lhe
representa perigo algum, mesmo depois de se render ou ser aniquilado, os
efeitos desastrosos da vingança não desaparecem frustrando a quem aparentemente
estaria vitorioso.
Ação danosa da
vingança
Invariavelmente neurótico, o enfermo indivíduo que assim age,
vitimado quase sempre pela repressão sexual infantil ou, dominado pela sede do
poder e da ambição, vive a competir com os demais, os quais passa a invejar por
se encontrarem em melhores situações psicológicas que a dele, podendo em certos
casos até aceitá-los enquanto os manipulam, tirando dessa forma proveito da
situação, até que se ergam, quando então mostram suas garras nas lutas com os
recursos da tirania e da insensatez. A vingança é transtorno neurótico soez,
que liberta do inconsciente as forças desordenadas que jazem aí adormecidas,
irrompendo com ferocidade e ligeireza sob o estímulo do aniquilamento do
inimigo.
Curioso é notar, que o inimigo não é aquele que se torna combatido,
mas o inconsciente transfere dos refolhos d’alma a inferioridade do seu Ser,
que é inimigo do progresso, do bem, da ordem, para atirar noutrem, em fenômeno
de projeção e que guarda internamente, detestando-o.
Ao armar-se de calúnia e de outros mecanismos de perseguição,
contra aquele a quem odeia, está realizando uma luta inconsciente contra si
mesmo, pois que está apenas projetando o lado escuro e sombrio da sua
personalidade que se lhe mantém preso à ignorância.
Fixa-se no adversário com implacável disposição de conseguir a sua
extinção, do que para ele dependerá sua liberdade a partir desse momento em
diante. Assim transtornado aplica-se com empenho em emitir ondas deletérias
contra o outro, estabelecendo uma comunicação psíquica, se encontra
receptividade em quem lhe padece a perseguição, que termina por minar as forças
daquele que considera seu opositor.
Além da inferioridade moral que tipifica o vingador, o seu
primarismo emocional elabora razões ponderadas que são arquitetadas pala mente
em desalinho, para justificar o prosseguimento da façanha, nascidas no
inconsciente pessoal profundo, que remanescem de outras existências no Eu
profundo do Ser, quando se desarmonizou com o opositor que ora enfrenta e
desafia para o duelo covarde.
Em outras oportunidades, em que sua inferioridade se projeta, e não
se sente devidamente capaz de competir contra valores significativos que não
possui, cultiva internamente a antipatia que se avoluma a cada dia,
transformando-se em fúria incontrolável que somente se aplaca quando está
lutando contra aquele que o atormenta mesmo que este não saiba, que nada tenha
contra ele, pois que até ignora a situação infeliz de seu oculto adversário.
Se por acaso, tiver a oportunidade de se harmonizar com o inimigo,
não o perdoa interiormente, embora, seja na verdade, o maior merecedor de
perdão ruminando o que considera sua derrota, até encontrar novos argumentos
para dar prosseguimento à sanha doentia de vingança, impelido pela sua libido
atormentada.
Aqueles que se apoiam em mecanismos vingativos sempre foram vítimas
de repressão infantil e juvenil, sentiram-se desprezados pelo grupo social e
transferem agora suas frustrações para quaisquer outros, desde que isto lhes
transformem em pessoas portadoras de poder e ambiciosos dirigentes de qualquer
coisa, em que a personalidade doentia passa a ser homenageada, fruindo de
destaque, embora a conduta esquizoide, maneirosa, falsamente humilde, ou pretensiosamente
dominadora.
Consequências
prejudiciais da vingança
Os indivíduos que assim procedem, levados pelo sentimento
desequilibrado e doentio da vingança, estarão sempre sujeitos a esgares ou
convulsões epilépticas, ou mesmo a simples ausências, tornando-se
personalidades psicopatas perigosos, traiçoeiras, que sabem simular muito bem
os sentimentos íntimos e urdem planos macabros sob o açodar da psique
ambivalente, doentia, e com predomínio da faceta mórbida.
Ação salutar de
combate
Todo um trabalho psicoterapêutico, deve ser utilizado como proposta
de recuperação para pacientes dessa natureza, remontando a uma psicanálise que
lhe chegue à infância, de forma a erradicar pela catarse os traumas e conflitos
arraigados, procurando assim alterar-lhe a conduta pessoal com base em novos
valores que lhes serão apresentados de maneira afável e duradoura, não raro com
a ajuda também de terapia psiquiátrica para a remoção de possíveis extratos
epilépticos ou esquizofrênicos, que se fazem necessitados de fármacos e barbitúricos
específicos.
Ação eficaz do Amor
O amor, que tudo fazem para não desenvolver, é-lhes de grande
valia, embora reajam inicialmente com desconfiança, e ambivalência de conduta,
gera no enfermo um clima de simpatia e amizade, normalmente difícil de ser
estruturada, em razão dos muitos tormentos que o avassalam. Pois todos sabemos
que só amor cobre a multidão de pecados.
No Capítulo XII do Evangelho Segundo o Espiritismo, Instruções dos
Espíritos, item 9 A Vingança, o Espírito Júlio Olivier, nos esclarece: “Ah! o
covarde que se vinga, é assim cem vezes mais culpado do que o que enfrenta seu
inimigo o insulta em plena face”.
E continua; “Fora, pois com esses costumes selvagens! Fora com
esses processos de outros tempos! Todo espírita que ainda hoje pretendesse ter
o direito de vingar-se seria indigno de figurar por mais tempo na falange que
tem como divisa: Sem caridade não há salvação! Mas, não, não posso deter-me a
pensar que um membro da grande família espírita ouse jamais, de futuro, ceder
ao impulso da vingança, senão para perdoar”.
Imagem: http://blogespirita.net/
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