Escravos
do Mundo
Desde que
nos entendemos como Espíritos andejos, habitantes desse nosso planeta ainda
triste e sombrio, compreendemos que somos andarilhos do tempo em busca de nosso
porto seguro. Nada nos impede de crescer e alcançar a nossa meta que é a
felicidade suprema como consequência da pureza da alma.
Mas, como
diz um amigo, todos nós temos um gostinho pela imperfeição, gostamos de andar
no mundo, gostamos de sentir a saudade de coisas que fizemos no passado e que
gostaríamos que nunca acabassem. Sentimos na alma a fragrância leve e suave das
passagens que tivemos em outras encarnações, em convivência com outras pessoas,
em outros países, e guardamos isso nas profundidades do coração.
Essa é a
mesma saudade esquisita, permeada com um requinte de nostalgia, que sempre
corroeu o Espírito daqueles que foram um dia expulsos de um paraíso chamado
Capela e degradados a um planeta ainda muito atrasado, chamado Terra. Isso
inspirou o dirigente de um povo cativo, Moises, a escrever as lembranças do
paraíso perdido, nas figuras de Adão e Eva.
Com o
tempo aprendemos que somos Espíritos em evolução e que estamos estagiando em
diversos educandários até aprendermos as lições do Nazareno e nos libertarmos
das amarras que nos prendem aos vícios do mundo.
Ainda
somos escravos do mundo. Vejamos a situação em que nos encontramos: buscamos
muito mais a mamon do que a Deus e segundo Jesus não se pode servir a dois
senhores, pois haveremos de agradar a um e desagradar a outro. E entre as
coisas materiais e as coisas espirituais, por certo as divinas ficam sempre
para um segundo plano.
Desde as
eras remotíssimas, quando os primeiros homens começaram a andar pelo planeta,
sempre se buscou o bem estar não importando o que era necessário fazer para se
alcançar isso. E hoje em dia, em pleno século XXI, esse conceito não mudou um
milímetro. Os que vivem plenamente o conceito de materialidade e capitalismo
selvagem desdenham daqueles que procuram viver a mensagem divina de Jesus. Os
discípulos do Mestre são motivos de chacotas e desprezo sem fim.
Sempre
digo aos meus amigos que, por isso, no mundo espiritual, nas regiões umbralinas
e trevosas, enxameiam os Espíritos sofredores, que nada mais são do que os
homens que viveram na Terra apenas para encher seu ego de trivialidades
mundanas. Colhem na Espiritualidade o que semearam na Terra. Vivem nos locais
apropriados para arrefecer o seu orgulho e sufocar a sua vaidade. Só sairão
dali depois de pagar o ultimo ceitil.
Esses são
os escravos do mundo espiritual, pois são comandados por entidades malfazejas
que os seviciam, açoitam, sufocam e maltratam sem dó. E o nó dessa
impropriedade só se desata quando o Espírito reconhece seus erros, pede perdão
a Deus e tem o sincero desejo de recomeçar sua caminhada rumo à felicidade.
Só então
começa o trabalho de soerguimento e renascimento de sua vontade. Deus permite
que reencarne em algum lugar onde possa melhor entender o seu papel no mundo.
Recomeça a traçar a sua estrada rumo ao Pai. Busca um norte e procura velejar
numa nau protegida que o leve ao porto em segurança.
O Brasil,
descoberto por portugueses em mil e quinhentos, visando ser o “coração do mundo
e a pátria do evangelho” no dizer do Espírito Humberto de Campos através das
mãos abençoados de Chico Xavier, teve incongruências no desenrolar de sua
historia. Meteu-se em conflitos com países vizinhos quando invadiu a Republica
Uruguaia e quando participou da Tríplice Aliança na guerra contra o Paraguai,
buscando destituir Solano Lopez do poder. Com certeza esses dois conflitos
pesaram na balança da improbidade espiritual do país. Por fim cometeu mais um
ato que desabonou sua conduta ao permitir o tráfico e comercio de escravos
originários da África. Esse ato trouxe ao país um elemento novo, o negro, que
foi utilizado para compor a miscigenação necessária para formar o povo
brasileiro.
Os
conflitos armados entre as diversas tribos africanas tinham um resultado
sinistro: além dos mortos nas batalhas, restavam os prisioneiros.
Os
derrotados eram vendidos aos compradores de escravos advindos da Europa. Eram
embarcados em navios negreiros, amontoados em porões imundos, e viajavam ao
novo mundo para servir como mão de obra necessária às fazendas de cana de
açúcar e algodão.
Esses
escravos eram os antigos europeus que tinham débitos muito elevados com a
justiça divina. Eram Espíritos de guerreiros desalmados, ladrões, assassinos,
comerciantes inescrupulosos, religiosos impenitentes e outros malfeitores que
pediram a Jesus nova oportunidade em outro corpo, através da reencarnação, para
resgatar os débitos que haviam contraído quando na vida corporal.
Jesus, em
Sua amorável benemerência, concedeu esse pedido aos devedores. Eles renasceram
na África e, feitos prisioneiros, foram deportados como escravos.
A Lei de
Causa e Efeito estava se cumprindo, apesar dos escravocratas e mercadores de
escravos estarem sobrecarregando o seu Espírito de débitos que deveriam
resgatar no futuro.
E hoje,
ainda continua o comercio de escravos, não mais acorrentados e sim, na forma de
escravas brancas, moças lindas oriundas de países que enfrentam dificuldades
financeiras. Elas saem do país em busca de nova vida e são recrutadas sob a
promessa de trabalho digno na Comunidade Europeia, Ásia, Oceania, EUA, e acabam
confinadas em bordeis. São obrigadas a trabalhar como garotas de programa,
servindo ao comercio carnal.
Lembramos
também das crianças miseráveis que aos quatro ou cinco anos tem que trabalhar
em carvoarias, entrando nos fornos levando lenha, e, depois retirando o carvão,
para o comercio.
O que
dizer daqueles que descascam mandioca com facas afiadas, quando suas mãos mal
conseguem segurar a perigosa ferramenta?
E os que
quebram as nozes de castanhas com ferramentas perigosas?
E aqueles
que catam no lixo a comida para saciar a fome?
E o que
dizer dos que são obrigados por quadrilhas a pedir esmola nos cruzamentos?
Cabe
lembrar também dos que são recrutados como soldados, nos países que vivem em
guerra civil, onde o fuzil é maior que eles.
E os que
vivem em países paupérrimos, em verdadeiros lixões tecnológicos, onde queimam
componentes eletrônicos para deles extrair algum metal de valor. A fumaça
tóxica impregna seus pulmões, tornando-os doentes e sem perspectiva de vida.
Essas
crianças do mundo passam o dia nesses afazeres esquecidos da escola e dos seus
brinquedos. Vivem num mundo sem qualquer perspectiva de melhora e de um futuro
promissor.
Lembramos
também os jovens e adultos que são escravizados pelo poder monetário,
trabalhando de sol a sol para pagar financiamentos que nunca serão saldados.
Recordamos
aqueles que são escravizados pelo poder intelectual permanecendo nas camadas
sociais inferiores de onde nunca sairão.
Um dos
grandes males da atualidade, que colabora com a escravização, é a atração que
as crianças e os jovens têm por coisas ignóbeis e fúteis, o que os leva aos
vícios em sexo, em álcool e entorpecentes. Isso os leva à fuga da família, da
escola e do trabalho. Esses desvios comprometem profundamente o seu futuro.
Com o
tempo, o sequestro tribal, o aprisionamento e a venda das pessoas como escravas
terminaram. Os navios negreiros encalharam na maré baixa da industrialização
que criou maquinas para substituir o serviço dos homens. E nessa maré afundou o
desejo de muitos de permanecer como senhores absolutos da vida de outros seres
humanos. Como não tinham mais escravos para comprar e vender modificaram suas
atitudes, passando a comprar e vender almas através de ilusões e desejos
mundanos.
E hoje
como é que vemos a situação?
A Terra
continua a girar indefinidamente em torno do sol, em movimento perfeitos de
rotação e translação. Os seus habitantes continuam no mesmo diapasão entre a
bondade e a maldade, a luz e a escuridão. Dos trinta bilhões de Espíritos que
habitam o planeta, seis são encarnados e vinte e quatro desencarnados. No vai e
vem das encarnações e desencarnações existem muitas dificuldades para o
Espírito se encontrar no seu Eu interior e na compreensão de seu verdadeiro
destino. A materialidade ainda suplanta a espiritualidade, a escravidão esmaga
a liberdade.
Sendo
assim, o trabalho dos que andam com Jesus é de suma importância nessa hora.
Cada homem que conseguir se libertar da escravidão do analfabetismo, do
desconhecimento da tecnologia, da doença corporal e espiritual, estará
alcançando sua alforria perante a vida. Sendo livre poderá voar com as asas da
liberdade até alcançar a felicidade na Terra, o que é digno e precioso para
cada um.
Tendo
oportunidade para estudar e desenvolver suas habilidades com certeza encontrará
o emprego ou serviço certo que lhe franqueará o pão digno que merece. O livre
arbítrio determinará o que deseja alcançar a superioridade espiritual, ao
contrario do outro que continuará a viver no mundo inferior. A
grandiosidade de espírito fará com que aqueles que nascem e vivem em condições
paupérrimas, consigam, com boa vontade, alcançar a liberdade através do estudo
e do trabalho digno.
A
humanidade já alcançou grande avanço tecnológico e produziu leis que equacionam
e regem a vivencia em comum. Com o tempo, os bons Espíritos habitarão a Terra e
então não mais veremos injustiças e escravidão de qualquer tipo.
As
palavras de Jesus: “Os mansos habitarão a Terra” deixarão de ser profecia para
ser realidade.
Na
escolha que temos todos os dias entre a treva e a luz, afirmamos com a maior
convicção, que vale a pena trabalhar em prol da transformação da Terra e da
Humanidade, porque a recompensa se colhe todos os dias em forma de felicidade e
na alegria de saber que somos alguém importante para o mundo.
Luiz
Marini - 17-02-10.
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