Ódio e Amor
Uma pessoa relativamente
inteligente, e com uma boa dose de bom senso, deve perguntar a si mesma antes
de tomar uma atitude: O que posso ganhar com isso? Depois de obter uma resposta
honesta e franca para essa questão, entra-se em ação. Se houver mais vantagem
do que desvantagem na proposta, fazemos o que desejamos, entretanto, se ocorrer
o contrário, devemos abandonar o projeto para buscar outra coisa. Assim, diante
dessa passagem evangélica, podemos nos perguntar: O que posso ganhar odiando as
pessoas ou fazendo inimigos? Vou tomar a liberdade de responder o que uma
pessoa consegue no exercício do ódio através das palavras do Espírito Joanna de
Ângelis, pela mediunidade de Divaldo Pereira Franco:
“Toda vez que a raiva é
submetida à pressão e não digerida, produz danos no organismo físico e no
emocional. No físico, mediante distúrbios do sistema vago-simpático, tais como:
indigestão, diarréia, acidez, disritmia, inapetência ou glutonaria – como
autopunição – etc. No emocional, nervosismo, amargura, ansiedade, depressão”.
“Muitas raivas que são
ingeridas a contragosto e não eliminadas desde a infância, em razão de métodos
castradores da educação, ou agressividade do grupo social, ou necessidades
socioeconômicas, podem desencadear tumores malignos e outros de graves efeitos
no organismo, alterando a conduta por completo”. (Autodescobrimento. Uma Busca
Interior. Conteúdos Perturbadores. A Raiva).
Em outras palavras, se
deixarmos que o ódio, em qualquer de suas formas, penetre em nossa vida, o
resultado é o sofrimento. O ódio apresenta muitas faces, usa muitas máscaras, e
a primeira delas é o desprezo. Essa é a forma mais comum, mais simples e,
aparentemente, a mais inofensiva do ódio. O desprezo começa com a idéia de que
o objeto de nosso ódio (pessoa ou não) não merece nossa atenção, nossa
preocupação e muito menos nossa cólera. Então fechamos o coração, pois um ser
tão pequeno e desprezível não é digno nem mesmo de um olhar de nossa parte.
Convencidos de nossa superioridade, passamos a diminuir a importância daquela
pessoa, se a encontramos na rua, desviamos como se fosse alguém impuro ou
portador de um mal contagioso.
Esse tipo de
comportamento, à medida que cresce e toma força, vai além da pessoa desprezada
por quem passamos a ter um sentimento ainda menor: a inveja. Assim, ignoramos
as suas conquistas, o seu modo de viver ou de ser; se ela comprou um carro
novo, chegamos até a desejar que se acabe em um acidente. Segue-se aqui aquela
máxima sobre a inveja: “Dói mais ao invejoso o sucesso do outro do que seu próprio
fracasso”.
Um outro sentimento
provocado pelo ódio é a vingança. Quem odeia, às vezes, acredita que o ser
odiado fez-lhe um grande mal, que pode não ser imaginário, mas real; como o
patrão que despede o empregado; o professor que reprova o aluno; um amigo que
engana o outro; a jovem ou o jovem que perde o (a) namorado (a) para outra
pessoa; e, em casos mais extremos, o assassinato de um ente querido. Nesse
momento, a pessoa julga-se com direito de provocar no outro um dano
proporcional ao que acredita ter sofrido e vive o sentimento anticristão do
olho por olho, dente por dente. Em verdade, o vingador não se vinga da ferida
provocada nele ou em alguém que ele pensa amar, mas da ferida em seu
amor-próprio. O vingador sente-se humilhado, menor, descompensado, e acredita
que vingando-se devolverá ao seu ego a auto-estima perdida. O mesmo se dá com a
necessidade de vingança que o marido traído tem contra a mulher adúltera. Esse
último caso é disfarçado com o nome de sentimento de honra.
Muitas vezes, a pessoa
ofendida não pode atingir aquele que a ofendeu. Caso o ofendido tenha uma
mentalidade mais primitiva, o ódio poderá ser dirigido contra seu rival através
de ações verbais, e o sentimento de hostilidade se transforma em pragas,
maldiçoes e, paradoxalmente, a pessoa que se deseja atingir com a maldição não
será atingida porque há uma justiça divina que está ao lado dela e que,
automaticamente, ferirá a outra pessoa. Eu mesmo já ouvi frases como: “Se
existe um Deus no céu”, fulano “há de pagar pelo que me fez”. Essas pessoas
parecem ignorar que Deus é amor e jamais atenderia a um pedido de vingança, não
importa o motivo.
Esse tipo de pessoa, com
suas pragas contra o odiado, e com o poder de sua imaginação, passa a lançar em
torno de si uma escura e pesada rede mental, na qual constrói a sua vingança
imaginária. “Vê” a outra pessoa morta ou muito doente, abandonada pelo seu
amor, coberta de farrapos, esmolando pelas ruas. Nesse momento, sem saber, quem
odeia atrai para si a companhia de espíritos desencarnados e trevosos que se
afinizam com os sentimentos do encarnado, e como moscas-varejeiras voam sobre
ele, impedindo que seus pensamentos alcem vôo em busca dos planos maiores. Daí
a loucura, muitas vezes, basta um passo.
Depois dessas
considerações introdutórias, vamos ao texto do Evangelho de Mateus. Jesus
começa dizendo: “Tendes ouvido dizer que deveis amar o vosso próximo e odiar o
vosso inimigo”. Com essas palavras, Jesus quer dizer que existe um discurso
tradicional que relaciona amigo e amor inimigo e ódio. Em seguida, ele coloca a
palavra “porém” (conjunção coordenada adversativa) que introduz uma oração de
sentido contrário à anterior, e dá uma segunda regra sobre amar até mesmo o
inimigo: “Amai o vosso inimigo e orai pelos que vos perseguem”. Com isso, Jesus
altera a relação antiga para: amigo e amor e inimigo e amor, eliminando o ódio
por completo.
A questão, do ponto de
vista de Jesus, é tão séria que ele chega a dizer: “Aquele que não conseguir
banir o ódio de sua vida não pode ser considerado filho de Deus”. Se o cristão
consegue isso, ele se torna diferente do gentio e do publicano, em outras
palavras, ele se torna uma pessoa de qualidade que se pode traduzir, em
linguagem evangélica, por uma pessoa justa. Por esse motivo, Jesus está muito ocupado
em nos dar a oportunidade de refletir sobre a inimizade. Ele chega a dizer em
Mateus, V: 24: “Antes de oferecerdes a vossa oferenda ao Templo, correi e
reconciliai-vos como o vosso inimigo”. Ou seja, não adianta, ensina Jesus,
irmos aos cultos evangélicos, às missas católicas, às reuniões espíritas, aos
terreiros de Umbanda, a fim de cumprir as nossas obrigações religiosas, se o
nosso coração está tomado por sentimentos menores e hostis contra um irmão.
Quando fazemos isso, realizamos um tipo de culto externo que muito pouco valor
terá para o nosso progresso espiritual. Deus é amor, e não se pode comparecer
perante o amor com o coração manchado de ódio.
A esta altura podemos nos
perguntar: O que se pode fazer, do ponto de vista prático, para minimizar ou
mesmo eliminar os sentimentos hostis? Acreditamos poder tomar algumas atitudes
que, dependendo do compromisso que temos com as mudanças, podem ser bastante
úteis.
1. Não feche questão sobre
os seus sentimentos.
Não siga a frase
impeditiva do crescimento: “Eu sou assim, assim mesmo que eu sou”. Procure
refletir sobre o seguinte: nós nada somos, apenas estamos. Quando utilizo o
verbo ser, estou me servindo de uma palavra de essência e é muito difícil,
difícil mesmo, mudar em nós aquilo que é essencial. Quando uso o verbo estar,
emprego uma palavra que exprime circunstãncia. O professor Eduardo Portela,
cerra vez, foi questionado sobre a sua posição de ministro. Ele comentou,
dizendo: “Eu não sou ministro, estou ministro”. Com essa frase, ele queria
dizer que o ministério era um “acidente” e não fazia parte de sua essência e,
portanto, poderia abrir mão do cargo sem maiores dificuldades.
Se considerarmos esse modo
de ver, estaremos sempre mais propensos às mudanças. Odiar, portanto, não faz
parte de nossa essência. O ódio é uma atitude mental na qual me encontro
temporariamente e nela não preciso continuar. Estar aberto às mudanças é o
primeiro passo para abandonar rancores e ódios. Troque a frase: “Não gosto dele
(ou dela) e acabou” por: “Não gosto dele (ou dela), mas estou disposto a rever
minha posição”.
2. Reveja as causas de seu
ódio.
Procure examinar com
cuidado os motivos por que você não gosta de uma determinada pessoa, raça ou
instituição.
Muitas vezes, nos
aborrecemos com uma pessoa por futilidades, como:
Ela é uma pessoa “do
contra”, se opõe sempre a tudo que falo. Se eu digo: é pedra, ela diz: é pau.
Se não gosto de uma pessoa
por causa disso, preciso rever os meus conceitos de democracia. A democracia é
a habilidade de conviver com as diferenças. Não posso esperar que uma pessoa
pense sempre como eu ou concorde sempre com as minhas idéias, a não ser que me
imagine dono da verdade. Somos espíritos muito diferentes uns dos outros, e
cada um de nós é resultado de muitas experiências ao longo de várias vidas.
Assim, por que ficarmos irritados se um companheiro discorda de nós? Isso é um
direito dele. Deixe-o com os seus pontos de vista e sigamos o caminho que
escolhemos. O tempo dirá quem estava certo.
Uma outra regra muito boa
nesse caso é refletir com honestidade se a discordância do outro possui
fundamento. Precisamos admitir que nem sempre temos razão, e que a discordância
que nos irrita poderia ser útil à nossa vida se a examinássemos com maior
cuidado.
Tomei raiva daquela pessoa
quando soube que falou mal de mim.
Embora bastante
corriqueiro em nosso dia-a-dia, esse é o motivo mais fútil para se indispor com
alguém. É necessário ser muito frágil para acreditar em fofoca, em diz-que-diz.
Muitas pessoas, ao ouvir que um amigo ou conhecido falou mal a seu respeito,
ficam indignadas e fecham o coração para o suposto ofensor. Não se preocupam
com os motivos do “fofoqueiro” e nem querem saber se o que disse (se é que
disse) não poderia ser uma advertência que não foi feita diretamente por medo
de magoar.
Imaginemos que alguém
conte a você que ouviu uma amiga sua dizer: “A fulana não está educando bem a
filha. Ontem vi a menina com umas pessoas estranhas, fumando”... Não responda a
essa informação com frases como: “Por que ela não se mete com a própria vida?
Da minha filha cuido eu”. Não seria melhor averiguar se essa informação
procede? Será que a amiga, em vez de uma crítica, fez uma advertência? Não
seria mais interessante procurá-la, agradecê-la por seu interesse e pedir-lhe
mais informações? Situações como essas são muito comuns, mas as pessoas ficam
magoadas quando deveriam ficar agradecidas.
Fulana (ou fulano) não me
convidou para a festa na sai casa.
Qual é o problema? Há um
fato concreto: não fui convidada(o) para uma festa e isso me magoou. É
lamentável que você se magoe por tão pouco. Surpreender-se com esse
comportamento é normal, porém, magoar-se não é aceitável. Frente a um fato como
esse, não dê asas à sua imaginação, buscando os motivos por que você não foi
convidada(o), motivos imaginários, pois os verdadeiros estão vedados a você.
Espere que a pessoa, em outro momento, lhe dê uma explicação, e é bem provável
que ela o faça. Aceite-a, mesmo que lhe soe uma simples desculpa.
Não se aborreça, não
busque desforra, não faça cara feia, isso só provará a sua fragilidade
emocional.
Fulano (a) criticou o meu
trabalho.
Será que o seu trabalho
não merece críticas? Só os trabalhos perfeitos estão ao abrigo de críticas, e a
perfeição é um ideal que devemos buscar, mas ainda é apenas um ideal. Não pedi
a opinião dele, certo? Poderá você dizer. Mas ele não precisa pedir a sua
permissão para criticá-lo, principalmente quando o seu trabalho é público. Se
você escreve um livro, ao ser lançado, ele pertencerá ao público que pode ou
não gostar da obra. O mesmo acontece com um recital de canto ou de música, com
uma palestra, conferência ou aula. Nesses casos, é o receptor que vai nos
julgar, pois, de um certo modo, ao correr esse risco, estamos, ainda que sem
querer, pedindo a opinião das pessoas.
Nesses casos, seria muito
útil questionar a validade da crítica. Pode ser que meu livro não seja tão bom
quanto imagino ou eu não cante tão bem como penso, ou ainda, que as minhas
aulas não sejam tão boas quanto acredito. Se tiver coragem e honestidade comigo
mesmo, poderei crescer a partir dessas críticas. Ficando zangado, magoado com a
crítica e com o crítico, nada ganharei, a não ser aborrecimentos.
Em outras situações, estou
irado contra uma pessoa que me fez algo realmente grave e com o claro intuito
de me prejudicar. São exemplos:
Ela (Ele) fingiu-se de
amiga (o) para roubar o (a) meu (minha) esposo (a). Isso não perdôo.
Há, nesse pensamento
puramente emocional, um equivoco sério. Não podemos perder aquilo que não
possuímos. Não somos proprietários das pessoas, seres humanos não são
possuíveis. E mais: se alguém nos tomou a pessoa amada, isso só foi possível
porque os laços que nos prendiam a ela já estavam muito deteriorados ou nem
mesmo existiam mais. Assim, a pessoa que acusamos de destruidora de lar nada
maiôs foi do que um pretexto para o final de uma relação que perdera o
significado.
Não podemos nos esquecer
ainda que a pessoa com quem somos hostis, nesse caso, pode ter tirado de nossa
vida um problema e tê-lo transferido para a dela, abrindo para você
perspectivas novas de refazer a vida. É como o povo diz: “Deus escreve certo
por linhas tortas”. Não odeie, portanto, a pessoa que fez isso com você, ela
pode ter feito um bem, ainda que, no primeiro momento, pareça um mal.
Por causa dele (dela)
perdi o meu emprego.
Esse caso parece muito com
o anterior e se ajusta ao dito popular: “Há males que vêm para o bem”. Posso
estar há anos em um emprego que não me satisfaz muito, entretanto, tenho medo
de abandoná-lo. Porém, se um dia, alguém faz uma “ursada” comigo e sou
despedido, inicialmente fico muito aborrecido e posso até desejar me vingar,
até com violência, contra a pessoa que fez isso. Se consigo controlar meus
sentimentos e não piorar a situação partindo para uma vingança, vou à luta, pois
a vida continua. Foi com a indenização recebida de um colégio, onde trabalhou
cerca de vinte anos, que um professor amigo meu abriu um colégio que hoje lhe
dá um rendimento muitas vezes maior do que anteriormente. O professor, perdendo
o emprego, ganhou um colégio. Então pergunta-se: a pessoa que fez mal a ele,
despedindo-o, não teria, de fato, feito um bem?
Aqui ainda é pertinente
lembrar uma frase do pensador chinês: “O mal que alguém me faz não me faz mal
porque não me faz mal; mas o mal que faço a alguém, este sim me faz mal porque
me faz mal”. Repare bem essa frase. Se uma pessoa me faz mal, faz mal a si
mesma, pois, aos olhos de Deus, ela se torna má, entretanto, se faço mal a uma
pessoa, torno-me mau, e isso, segundo a moral evangélica, é ruim para mim. Daí
Jesus ter recomendado que orássemos por aqueles que nos perseguem, pois é
melhor ser vítima do mal do que ser seu produtor.
Odeio aquela pessoa que
matou meu ente querido.
Essa parece ser uma razão
suficiente para se odiar alguém e buscar vingança contra o assassino,
entretanto, não é. Em primeiro lugar, o meu ente querido não morreu enquanto
individualidade, o que desapareceu foi a sua personalidade. Não houve,
portanto, uma perda total. Em segundo lugar, o meu desespero, ou mesmo a minha vingança,
não vão alterar a situação objetiva, ou seja, não trarão aquela pessoa de
volta. Em terceiro lugar, não conhecemos as motivações espirituais do crime; e,
em quarto lugar, digna de pena é a pessoa que matou e não a que foi morta. Por
todos esses motivos, devo perdoar o assassino, perdoar mesmo, sinceramente, e
deixar que a vida dê a cada um segundo as suas obras.
Jesus trata a questão das
inimizades com muito interesse pois, para ele, o ódio é o inverso frontal do
amor, e não posso melhorar a minha realidade espiritual se ainda abrigo ódio em
meu mundo interior. Com isso, abrimos um espaço para falar do ato de amar. Onde
não existir amor, não poderá haver nem ação nem vida; por isso, o homem nada
será se não amar e for amado. O homem sem amor é uma árvore estéril, sem
galhos, flores e frutos. Nela os pássaros não pousam nem fazem ninhos, apenas
deslizam negras e venenosas serpentes.
O amor é um sentimento
bastante forte para se bastar a si mesmo, por isso, o verdadeiro amor não busca
recompensa, apenas ama. Assim, Jesus amou a sua família, aos seus apóstolos,
mas também aqueles que o levaram ao suplício da cruz. Suas últimas palavras no
Gólgota são uma intercessão em favor de sues algozes. “Perdoai-os, Pai, pois
eles não sabem o que fazem...” Nessas palavras de perdão está a maior de todas
as lições sobre a necessidade de amar ao próximo sem restrições.
O amor, lembra Erich
Fromm, é o sentimento que busca a união entre os seres, que nos leva a superar
o sentimento de isolamento e de separação, sem que, porém, amante e amado
percam a sua individualidade. No amor ocorre um paradoxo, pois dois se tornam
um sem deixar de serem dois. O amor é, em última análise, uma atividade.
O amor é uma atividade, e
não um afeto passivo; é um “erguimento” e não uma “queda”. De um modo geral, o
caráter ativo do amor pode ser descrito, afirmando-se que o amor, antes de
tudo, consiste em dar e não em receber. (E. Fromm).
O amor, desse ponto de
vista, é o contrário do egoísmo. No amor, meu sentimento altruísta volta-se
para outro e, no egoísmo, faço de mim mesmo o centro do mundo; entretanto,
quanto mais me amo egoisticamente, menos sou capaz de amar o outro. Nenhuma dor
me comove, a não ser a minha própria dor, nenhum problema me preocupa, a não
ser o meu. Amor e egoísmo não convivem e compete a cada um de nós escolher um
ou outro.
No texto do Evangelho que
motivou essas paginas há uma exigência de Jesus que, em geral, consideramos
muito complexa: “Amar os inimigos”. Vamos voltar a ela. A palavra amigo deriva
de um antigo radical indo-europeu que significa ligar, unir, atar. Assim, o
amor seria o sentimento que funde dois pronomes eu e tu, convertendo-os em nós.
Assim, amigo é aquele que ama, que busca a união, a junção com todos os outros
seres. A palavra inimigo é formada de in=não+amigo=ao que ama, ou seja, inimigo
é aquele que não amamos, aquele do qual é imperativo viver separado. Como é
possível, então, que uma pessoa possa amar o inimigo? Em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, há um texto no qual há um esclarecimento sobre o que consiste amar
o inimigo:
Amar os inimigos,
portanto, não é ter por eles uma afeição que não é natural, uma vez que o
contato com o inimigo faz o coração bater de uma forma totalmente diferente da
que ocorre ao contato com um amigo. Amar os inimigos é não ter contra eles nem
ódio, nem rancor, nem desejo de vingança; é perdoar-lhes sem segundas intenções
e sem restrições o mal que nos fizeram; e não colocar nenhum obstáculo è
reconciliação; é desejar-lhes o bem em lugar do mal; é ficar alegre em vez de
triste, com o bem que lhes aconteça; é estender-lhes a mão para socorrê-los em
caso de necessidade; é evitar por palavras e ações, tudo o que possa
prejudicá-los; é, enfim, retribuir-lhes o mal com o bem, sem intenção de
humilhá-los. Aquele que assim proceder cumpre plenamente o mandamento: “Amai os
vossos inimigos”.
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