quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cascas sem frutos

Cascas sem frutos


    Sucessivas vitórias humanas são devido à aparência. A vida terrestre em multiformes arraias de atividade, permite o êxito de superfície sem substância. Veste sem o ser. Casca sem fruto. Título sem conteúdo. Ilusão sem realidade.
    Daí nascem mil contradições entre o íntimo e o exterior dos homens, forjando embaraços, remorsos e recalques para os obreiros de todas as profissões.
    Tais desequilíbrios provocam, sobretudo, a desencarnação extemporânea de muita gente instalada no fastígio sócia, através de distúrbios emocionais e desastres circulatórios.
    Numerosas vítimas desses conflitos, na condição de espíritos livres ainda experimentam os seus resultados, porque na existência espiritual não se permite fraudar o próprio existir.
    O plano da verdade, não comporta lugar ou tempo para escapatórias. E legiões de consciências vibram num saudosismo martirizante fora do corpo, investindo inutilmente contra a realidade que as envolve. Sem energia para se renovarem, enfrentam condições adversas, fixam-se em lembranças injustificáveis e padecem.
    Na viagem terrena não foram sinceras com os outros. Na Espiritualidade Maior, já que não conseguem torcer os fios da verdade em sucedâneos de passadas quimeras, intentam permanecer insinceras consigo mesmas e arranjam novas contradições mais exasperantes e que prejudicam em primeiro lugar a elas mesmas.
    Esses fenômenos provocam o aparecimento de multidões de almas libertas do corpo carnal, surpreendentemente aguilhoadas a sensações dos órgãos físicos. Num paradoxo estranho mentalizam paisagens fictícias, ilhas artificiais de enganosa concepção, buscando estar a parte do Universo.
    Espíritos amotinados em lutas inglórias, combatem os mecanismos inamovíveis das leis naturais. Anseiam sepultar a verdade além da morte por todos os meios, e por fim, exploram emocionalmente encarnados suscetíveis e desencarnados perturbados, em sintonia com eles, comunicando os dislates de que se fazem portadores.
     Não podemos fechar os ouvidos a essa ocorrência gritante. Nem calar fugindo ao toque dessa calamidade. Semelhantes quadros do Universo devem fazer refletir.
    O impacto da morte na Terra surge mais real que qualquer êxito da superfície. Causa alguma do que é externo na esfera humana, foi estabelecida para durar sempre.
    Veja em você mesmo a substância de que se compõe o destino. Se o aprendizado terrestre às vezes solicita o encobrimento construtivo disso ou daquilo, jamais deixa passar sem consequências o excesso que o simples bom senso repele.
    O potencial de bondade em nós é sempre profundo: ninguém carrega nulidade total. Mas a experiência carnal tem o valor de seus frutos.
    Acalme-se. Alegre-se. Crie fraternidade, confiando nas leis existentes, mas sem exagerar pela fantasia às circunstâncias que lhe fundamentam a vida.

Referência:
VIEIRA, Waldo. Cascas sem frutos. In: ______. Técnica de viver. Catanduva, SP: Boa Nova, 2010. p.171-173.
   

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