Saber
Ouvir
Thomas
Edison, o inventor da lâmpada, perdeu boa parte de sua capacidade auditiva
quando tinha doze anos de idade.
Só podia
ouvir os ruídos e gritos mais fortes.
Isso, no
entanto, não o incomodava.
Certa vez,
indagado a respeito da sua deficiência, respondeu com serenidade: Não ouço
um passarinho desde meus doze anos mas, em vez disso constituir uma
desvantagem, minha surdez talvez tenha sido benéfica para mim. Ela
encaminhou-me muito cedo à leitura e, além disso, pude sempre concentrar-me com
rapidez, já que me encontrava naturalmente desligado de conversações inúteis.
A singela
observação guarda grande ensinamento.
A maior
parte de nós tem plena capacidade auditiva, mas isso não significa necessariamente
que tenhamos o dom de saber ouvir.
Embora a
audição seja uma dádiva maravilhosa, não há como negar que poucos, muito poucos
de nós dominamos a arte de ouvir.
Ainda não
conseguimos ouvir os queixumes dos outros sem que atravessemos um comentário a
respeito da nossa própria desdita.
Deixamos
assim de escutar as histórias dos outros para narrar a nossa própria, como se
apenas essa fosse digna de ser registrada e conhecida.
Ainda não
conseguimos ouvir as críticas que nos fazem.
Em poucos
instantes já estamos irritados e ofendidos, mais preocupados em nos defender ou
até em agredir verbalmente o outro.
Ouvir com
serenidade tudo o que nos querem falar, por ora, parece ser superior às nossas
forças.
Ainda não
conseguimos ouvir conselhos e orientações que sejam dirigidas à nossa melhoria
íntima.
Esse tipo de
conversa sempre nos parece aborrecida e sem sentido, afinal, muitas dessas
palavras sábias representariam necessária mudança de conduta e o abandono de
alguns vícios.
Não estamos
dispostos a isso.
Mas, se a
conversa gira em torno de maledicências, aí então, os ouvidos parecem ficar
mais capazes de registrar sons e nosso interesse fica aguçado.
O sono passa
e sempre há tempo para querer saber algum detalhe a mais a respeito do assunto.
Muita
conversa inútil preenche nossas horas e consome nosso tempo.
Muitos
exemplos infelizes são tomados como modelos de atitude, por equívoco daqueles
que os ouvem.
Inúmeras
dificuldades são criadas em nossa intimidade pelo desequilíbrio gerado pela
maledicência.
Por outro
lado, muitos amigos precisam de nós para um diálogo saudável e não temos
sensibilidade suficiente para deixá-los falar.
Muitas
palavras acertadas, que nos auxiliariam a não incidir mais uma vez no mesmo
erro, deixam de ser escutadas por desatenção.
* * *
A capacidade
de ouvir não se limita exclusivamente à possibilidade de captar sons.
Temos sido
surdos em um mundo repleto de sons e de melodias que poderiam transformar
nossas vidas em sinfonias de amor e de realização.
Temos sido
criaturas incapazes de perceber palavras e histórias maravilhosas que ilustram
a existência dos seres que nos cercam e que muito poderiam nos ensinar.
Temos sido
deficientes auditivos quando se trata de escutar verdadeiramente aquilo que
precisamos ouvir.
É necessário
e urgente que desenvolvamos a real capacidade de ouvir.
Redação do Momento Espírita, com base em biografia de
Thomas Edison.
Em 08.11.2010.
Em 08.11.2010.
Imagem: Marco A. C. Neves
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