Ética, uma palavra fora de moda!
O Dicionário
da Língua Portuguesa define a palavra Ética, como: s.f. parte da filosofia que
estuda os deveres do homem para com Deus e a sociedade; de ontologia; ciência da
moral.¹ Significado este, que nos dias da atualidade, tornou-se artigo de luxo,
muito raro de ser observado.
É
perfeitamente natural que o homem alimente o desejo de crescer, de progredir,
de alcançar vitórias em sua vida. Quem não nutre esses sonhos no fundo do seu
SER? O problema é a forma como esses desejos ou aspirações são alcançados,
pois, não podemos jamais esquecer de que em tudo precisamos ser acima de
qualquer coisa dignos, honestos e honrados; afinal, não somos cristãos seguidores
da mensagem do Mestre de Nazaré através dos ensinamentos contidos na sublime
mensagem deixada por ele nos evangelhos?
O
Espiritismo nos ensina que só nos pertence verdadeiramente, aquilo que
conquistamos com esforço e trabalho honesto, sem prejuízo de outrem, da forma
mais justa possível e em conformidade com as Leis Divinas, pois, vivendo o
homem em sociedade, terá ele direitos e obrigações a cumprir, como se pode ver
nas instruções dos Imortais da Vida Maior em resposta à indagação do insigne Codificador
nas questões que seguem constantes de O Livro dos Espíritos.
877. Da
necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações
especiais?
“Certo e a
primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhantes. Aquele que
respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque
a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias.
Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A
vida social outorga direitos e impões deveres recíprocos.”
878. Podendo
o homem enganar-se quanto à extensão do seu direito, que é o que lhe fará
conhecer o limite desse direito?
“O limite do
direito que, com relação a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas
circunstâncias e reciprocamente.” ²
Se
analisarmos com atenção as respostas acima, chegaremos facilmente à conclusão
de que o homem não pode, em hipótese, alguma deixar de respeitar os direitos de
seu semelhante, pois, se assim não proceder, estará cometendo uma grande falta
perante a paternidade Divina, que nos criou em igualdade de situação, sem
privilégio algum em relação ao nosso irmão que conosco caminha em direção à
felicidade e à perfeição tão desejadas.
Precisamos
aprender a ser éticos em nossas atitudes para com tudo, isto é, respeitar a
Deus e aos homens, saber impor limites às nossas ações para alcançar os nossos
objetivos, saber manter sob controle nossas ambições, e empregar todos os
esforços para não nos utilizarmos de quaisquer artifícios ilegais na luta para
conseguir a realização desses objetivos. Entre tantas outras atitudes
condenáveis podemos alertar para algumas como: não roubar, mentir ou pisar nos
outros para atingir nossos secretos e ambiciosos desejos.
Desde cedo
temos a obrigação moral de dar aos nossos filhos exemplos de atitudes dignas
pautados na ética e na decência, pois, hoje em dia a maioria dos pais se
preocupa em demasia em tornar seus filhos ambiciosos para a conquista dos bens
materiais, mas, ao mesmo tempo, não se incomodam quando os filhos não são
éticos no alcance de suas propostas, se for preciso colar na prova para passar
de ano, isso pouco importa, desde que passe, é tudo o que eles objetivam como
sendo a meta maior a ser conquistada.
Reduzido é o
número de pais que se preocupam em saber o comportamento do seu filho na
escola, se ele não atrapalha o bom andamento das aulas, se é cumpridor dos
afazeres a ele atribuídos etc., e ainda, muitos se aborrecem se forem chamados
para uma reunião na escola, e se lhe for feita qualquer tipo de queixa sobre o
comportamento do seu “santo” filho.
O problema
maior é que normalmente os responsáveis por ensinar os princípios da moral e da
ética aos seus rebentos, desconhecem esses princípios, pois, só alcançam seus
objetivos ambiciosos a preço de pesados prejuízos que impõem aos outros, sem se
incomodarem com quaisquer fundamentos de ética ou dignidade, que sabem cobrar
quando se veem prejudicados no mínimo detalhe.
Até mesmo
em nosso movimento espírita, encontramos grande quantidade de companheiros que
desconhecem o valor da dignidade em suas atitudes para com os seus irmãos de
ideal espírita, e, sem o menor constrangimento, praticam atos, que há muito já
deveriam ter erradicado de suas ações, como espíritas que dizem ser com muitos
anos de movimento espírita.
Devemos nos
alicerçar nos ensinos da doutrina espírita, que nos aclara o entendimento para
que saibamos melhor discernir na hora de tomar qualquer atitude, principalmente
se for causar qualquer dano ou prejuízo ao nosso semelhante, para que nossa
aquisição possa ser considerada como legítima da forma que os Espíritos
Superiores nos ensinaram nas questões que seguem:
884. Qual
o caráter da legítima propriedade?
“Propriedade
legítima só é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.” (808) Proibindo-nos
que façamos aos outros o que não desejáramos que nos fizessem, a lei de amor e
de justiça nos proíbe, ipso facto, a aquisição de bens por quaisquer
meios que lhe sejam contrários.
885. Será
ilimitado o direito de propriedade?
“É fora de
dúvida que tudo o que legitimamente se adquire constitui uma propriedade. Mas,
como havemos dito, a legislação dos homens, porque imperfeita, consagra muitos
direitos convencionais, que a lei de justiça reprova. Essa a razão por que eles
reformam suas leis, à medida que o progresso se efetua e que melhor compreendem
a justiça. O que num século parece perfeito, afigura-se bárbaro no século
seguinte.” (795) ³
Que o Mestre
de Nazaré possa nos inspirar a agir em tudo com ética, vivenciando em nossas
ações diárias, os exemplos que ELE nos veio ensinar há mais de 2000 anos
atrás.
Fontes:
1) Dicionário da Língua Portuguesa, Francisco da Silveira
Bueno- MEC, 9ª Edição;
2) O Livro dos Espíritos, FEB 76ª Edição;
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