domingo, 24 de julho de 2016

Os Animais e o Mundo Espiritual



Os Animais e o Mundo Espiritual

  


Ernesto Bozzano catalogou, em livro A alma nos animais, 130 casos de fenômenos metapsíquicos em animais divididos em oito categorias. No livro, Bozzano afirma que, apesar das circunscritos em limites mais modestos, devido às reduzidas capacidades intelectuais dos animais (se comparados aos humanos), estes fatos possuem uma importância maior do que se pode imaginar, como provas indiscutíveis para refutar as tentativas materialistas de explicação dos fenômenos espirituais.
Mais tarde, Gabriel Delanne, em seu livro A reencanação, voltou a discutir o tema dos fenômenos metapsíquicos em animais, revisitando os escritos de Bozzano e acrescentando mais alguns casos pesquisados na literatura, sem deixar de emitir suas opiniões e considerações.
Faço aqui um pequeno parêntese que julgo ser imprescindível, para afirmar ou esclarecer uma dúvida comum naqueles que iniciam seus estudos na doutrina espírita e que poderia ser facilmente respondida pelo estudo do capítulo XXII de O livro dos médiuns, intitulado “ Da mediunidade nos animais”, que contém no item 236 uma extensa dissertação do espírito Erasto sobre o tema, da qual cinto alguns trechos que parecem resumir o pensamento, mas reforço veemente a recomendação para que o leitor o estude profundamente:

Primeiramente, entendamo-nos bem acerca dos fatos. Que é um médium? É o ser, é o indivíduo que serve de traço de união aos espíritos, para que estes possam comunicar-se facilmente com os homens: espíritos encarnados. Por conseguinte, sem médium, não há comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, de qualquer natureza que seja.
Lembrai-vos da mula de Balaão, que, vendo um anjo diante de si e temendo-lhe a espada flamejante, se obstinava em não dar um passo. É que, antes de se manifestar visivelmente a Balaão, o anjo quisera torna-se visível somente para o animal. Mas, respeito, não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. É-nos sempre necessário o concurso consciente, de um médium humano, o que não achamos nem nos animais, nem na matéria bruta.
Isto posto reconheço perfeitamente que há nos animais aptidões diversas; que certos sentimentos, certas paixões, idênticas às paixões e aos sentimentos humanos, se desenvolvem neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e odientos, conforme se procede bem ou mal com eles...
Mas, daí a poderem servir de intermediários para a transmissão do pensamento dos espíritos, há um abismo: a diferença das naturezas.
Resumindo: os fatos mediúnicos não podem dar-se sem o concurso consciente, ou inconsciente, dos médiuns; e somente entre os encarnados, espíritos como nós, podemos encontrar os que nos sirvam de médiuns.

Fechando este extenso, mas importante parêntese, voltamos a Ernesto Bozzano. Pessoalmente, acho que alguns casos catalogados em seu livro são de difícil classificação e de analise ainda mais complexa, como seria de se esperar quando o assunto envolve animais e, consequentemente, uma natural dificuldade de comunicação e interpretação. Um bom exemplo disto é a primeira categoria, onde se transcrevem casos sobre pessoas que pressentiam a morte ou risco de morte de seus animais, onde, além de hipótese levantada pelo autor, também podemos pensar que os donos daqueles animais se encontravam num certo grau de desprendimento do corpo físico no momento de sono e estariam acompanhando o animal objeto de seu afeto e, portanto, tendo presenciado o ocorrido por si mesmos.
Contudo, em outros casos de outras categorias, a percepção do acontecimento de um fato distante pelos animais é inegável, e, seja qual for o mecanismo que se alegue para que esta percepção tenha ocorrido, este é um dado importante e que descarta a possibilidade de fraude, pois qual seria o interesse de um animal neste tipo de farsa? Em alguns casos, a percepção do fato pelo animal ocorreu simultaneamente às pessoas que estavam em sua companhia, dando peso e testemunhas ao ocorrido.
Delanne afirmou em A Reencarnação que as hipóteses materialistas de fenômenos alucinatórios ou histeria coletiva (que ainda hoje muitos estudiosos materialistas e céticos utilizam para tentar explicar fenômenos metapsíquicos) não se sustentam frente a estes casos envolvendo animais, os quais não estariam sujeitos aos mesmos mecanismos, com o que concordo plenamente.
Uma categoria de casos catalogada por Ernesto no livro que chamou minha atenção e que merece uma discussão mais detalhada é a dos animais que de alguma forma pressentem a morte de pessoas no curto prazo. Estes casos costumam impressionar bastante e ter ampla divulgação, e alguns exemplos mais recentes são o do gato Oscar, que previu a morte de 25 pacientes, e de um cão da raça Shnauzer chamado Scamp, que previu praticamente todas as 40 mortes de um asilo em Ohio (EUA) num período de três anos. Nestes casos, a ciência parece ter razão, ao menos em parte, quando indica o faro apurado de cães e gatos como o responsável pela detecção de substâncias que indicam que a morte do corpo físico está próxima, afinal, os animais só sinalizaram as mortes nas últimas horas próximas ao acontecimento. O que não exclui em definitivo a percepção por parte dos animais de questões que os homens com seus sentimentos físicos não conseguem perceber, a exemplo do jumento de Balaão, ou seja, deixamos a questão ainda em aberto.
O fato é que, sempre que os fatos envolvem animais, sua interpretação se torna mais difícil quando não impossível, mas, por outro lado, se torna mais genuínos e menos sujeitos às fraudes.

Fonte: AZAMBUJA, Rodrigo Cavalcanti. Os animais e o mundo espiritual. In: ______. Animais e espiritismo. Capivari, São Paulo:  Editora EME, 2014. p.127-133.







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