Lamentável Equívoco
Convencionou-se
que felicidade é despreocupação, logo seguida de alegrias em paisagens
rutilantes de Sol e de bem-estar.
Para
fruí-la, até a embriaguez dos sentidos, basta acumular haveres ou recebê-los de
outrem, de modo que a despreocupação acompanhe a trajetória do indivíduo fútil
e ditoso.
Lamentável
equívoco tal conceito, porquanto, esse estado, mais de prazer do que de
felicidade, somente existe como alguma forma de utopia.
A
existência humana é uma sucessão de desafios, mediante os quais, os valores morais
se fortalecem na luta, desenvolvendo as potencialidades íntimas do ser.
Qualquer
anseio por comodidade sem ação dignificadora, transforma-se em indolência que
trabalha em favor da decomposição moral e emocional do indivíduo.
Aquele
que não se vincula a um labor, exercitando a mente, vitalizando a emoção,
acionando o corpo, avança para a desorganização da existência e converte-se em
parasita social, nutrindo-se do esforço alheio e das concessões da vida, que
não deseja retribuir.
A
constituição orgânica é suscetível de alterações sutis ou expressivas, sempre
manifestando situações que alteram completamente os quadros ilusórios do prazer
que é sempre de breve duração.
Como
consequência, os estados emocionais estão sujeitos a mudanças de humor, mesmo
quando, aparentemente, tudo transcorre bem.
Essa
satisfação, disfarçada de felicidade, também oculta situações penosas em que o
Espírito se encontra.
Pode
indicar leviandade e desinteresse em relação aos acontecimentos morais ou mesmo
manifestar-se como síndrome de alguma alienação mental em processo de
agravamento.
A
criatura responsável não se aquieta no banquete do prazer, nem se amolenta no
veículo do comodismo, desfrutando sem produzir, gozando sem favorecer aos
demais.
É
propelida ao esforço do auto melhoramento, e, para tanto, empreende lutas e
sacrifícios que lhe exigem tensão emocional, desgaste de energias físicas que,
no entanto, renovam-se sem cessar, em face do próprio estímulo a que são
propelidas.
O riso,
que expressa alegria, quando deslocado no tempo e na oportunidade, demonstra
desequilíbrio, falta de sensatez, porque momentos se apresentam que exigem
seriedade e reflexão.
Certamente
que o sofrimento não representa felicidade, se olhado sob o ponto de vista do
imediatismo social.
Pelo
contrário, a sua presença no trânsito carnal constitui convite à avaliação de
como transcorrem os dias e as experiências, tornando-se uma advertência em
torno da maneira de se viver.
O ser
humano é um conjunto eletrônico regido pela consciência, que se exterioriza do
Espírito imortal.
*
Pretendendo
alcançar a meta programada para a reencarnação, desperta para a realização do
teu processo iluminativo.
Se
visitado pelas dores de quaisquer matizes, não te aflijas em demasia, antes
considerando que elas são mecanismos expungitivos que a Vida te proporciona, a
fim de que redundem como alegrias reais.
Se a
escassez de recursos econômicos te constringe ou se problemas se apresentam na
área da saúde, de forma alguma consideres o evento como sendo uma desgraça,
valorizando a experiência como recurso de aprendizado e renovação de
comportamento que trabalha pela tua edificação pessoal.
Se sofres
perseguições e te vês a braços com problemas que exigem atenção, mantém-te
sereno e encontrarás meios para superá-los todos.
Se a
ausência de afeto, de companheirismo, para ajudar-te na escalada evolutiva
magoa-te, renova-te na esperança de que amanhã encontrarás a alma querida que,
no momento, não pode estar ao teu lado.
Melhor a
solidão, não poucas vezes, do que as companhias turbulentas, afligentes e
desesperadoras, mediante, as quais, são impostas reparações morais muito
complexas.
Em
realidade, felizes são todos aqueles que, na Terra, por enquanto experimentam
aflição e abandono, enfermidades e dores, porque esses são recursos valiosos de
que se utiliza a Divindade para facultar o aprimoramento do Espírito que se
aformoseia na luta de crescimento íntimo.
As
pessoas que se banqueteiam no conforto e na saúde, na beleza e no prazer,
desfrutando de facilidades sem que retribuam de alguma forma, encontram-se em
parasitose doentia, explorando os tesouros do amor de Deus, que devem ser
multiplicados para o atendimento de todos os Seus filhos.
Com que
direito se atribuem, esses indivíduos, o mérito para existências privilegiadas
e regimes de exceção, quando as demais pessoas encontram-se em batalhas
contínuas para a aquisição do apenas necessário à sobrevivência?
Sucede
que, esses que ora sorriem na indiferença das alheias aflições, serão chamados
a contas e deverão compreender que, felicidade, na Terra, é lamentável equívoco
dos seus sentidos físicos e presunção como vanglória do seu desenvolvimento
intelectual.
Riam,
portanto, os que sofrem hoje, porque, concluídas as provas em que se encontram,
desfrutarão da felicidade, ora escassa, que se lhes instalará no coração,
fruindo as bênçãos da paz de consciência.
Pode
parecer paradoxal tal colocação. Nada obstante, é a realidade, porquanto, todo
aquele que recebe, na contabilidade da Vida é devedor, enquanto que aquele outro
que doa, é credor.
Aqueles
que ora desfrutam, encontram-se em provas de avaliação de conduta, a fim de que
aprendam a aplicar, conforme a parábola das Virgens loucas e das Virgens
prudentes que receberam combustível com finalidade exclusiva, que não podia nem
devia ser utilizado inadequadamente.
*
Por essas
razões, convencionou-se, também, por outro lado, que tais afirmações, essas que
fazemos, são apologia ao sofrimento, necessidade masoquista de realização
pessoal.
Mais um
equívoco esse, que a mínima lógica se encarrega de diluir, tendo-se em vista a
brevidade da existência física e a perenidade do existir como Espírito.
Agradece,
portanto, a Deus, os teus testemunhos, as tuas lutas ásperas, as tuas
ansiedades e carências.
Conforme
os administres hoje, poderás revertê-los em júbilos, em paz e em prosperidade
para amanhã.
Equívoco
é pensar que a existência humana é uma viagem ao país da fantasia e da ilusão,
não uma experiência de aformoseamento do caráter e de desenvolvimento do
Espírito.
Por isso,
Jesus foi muito enfático ao asseverar: O meu reino não é deste mundo, portanto,
a felicidade igualmente não o é.
Franco,
Divaldo Pereira. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Página psicografada pelo
médium Divaldo P. Franco, na sessão mediúnica da noite de 5 de julho de 2004,
no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Link: http://www.reflexoesespiritas.org/mensagens-espiritas/1916-lamentavel-equivoco
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