Desobsessão – Uma Terapia
Espírita
As influências espirituais
negativas sobre as pessoas têm sido relatadas em inúmeras culturas, povos e
sociedades. Cada grupamento social, dependendo das crenças que professa, aborda
o problema de modo particular. Existem, portanto, inúmeras formas de se tratar
da questão. Há exorcismos, rituais de purificação, sacrifícios, tratamentos
variados, muitos dos quais eivados de temores, preconceitos, ignorância e ações
desnecessárias quando não prejudiciais.
Uma das mais notáveis
contribuições da Doutrina Espírita diz respeito ao tratamento dos fenômenos
obsessivos. Com abordagem única, o Espiritismo traz ferramentas aprimoradas à
correta solução das ocorrências, desde a obsessão simples até os desafiadores
casos de subjugação, ou os mais difíceis, os de fascinação, em que o
discernimento e a lucidez encontram-se comprometidos.
O Espiritismo inaugurou
uma nova era na abordagem dos fenômenos mediúnicos, dentre os quais a obsessão,
e foi além, ao propor uma terapêutica especializada que vem sendo implementada
com excelentes resultados, porque fruto de observação, estudo, orientações
seguras do mundo espiritual superior e experiências bem-sucedidas.
Muitas são as tradições e
escolas espiritualistas que, de uma forma ou de outra, tratam dos fenômenos
mediúnicos e obsessivos, e todas dignas do máximo respeito, mas, a nosso ver,
nenhuma oferece tantos instrumentos para a adequada solução das perturbações
obsessivas nem traz tanta compreensão quanto aos procedimentos preventivos e
terapêuticos em tais casos.
A bibliografia espírita é
rica fonte de ensinamentos no que diz respeito à desobsessão, com livros
notáveis, como os dos espíritos André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda.
Nessas obras explica-se minuciosamente a complexidade dos fenômenos obsessivos,
os procedimentos diagnósticos feitos pelos instrutores espirituais e os
esforços que empreendem no atendimento aos enfermos dos dois lados da vida –
encarnados e desencarnados – todos igualmente necessitados de atenção, cuidado
e ajuda.
Quando a obsessão se
estabelece, principalmente a de caráter mais grave, a terapia desobsessiva
oferecida pelo centro espírita revela-se de especial importância. Nos núcleos
espíritas bem estruturados há equipes especializadas no mister desobsessivo,
compostas por médiuns que se prestam às manifestações dos irmãos desencarnados
perturbados, outros médiuns de apoio e orientadores, além das equipes de
desencarnados aptas a realizarem as tarefas mais difíceis e elaboradas, muitas
delas na grandeza do anonimato e motivadas pela genuína compaixão e pelo amor
fraterno.
Não é demais enfatizar que
a equipe de trabalhadores da desobsessão jamais deve interferir em outros
tratamentos a que o paciente esteja se submetendo, sejam médicos ou
psicológicos. A desobsessão, quando conta com a colaboração efetiva do paciente
– o que é sempre desejável, mas nem sempre possível num primeiro momento – pode
ajudar, e muito, na melhora de diversos sintomas, até mesmo físicos, obviamente
aqueles oriundos da ação perturbadora do desencarnado.
Para se participar de
serviços mediúnicos de desobsessão é necessário possuir vários atributos,
frutos do esforço próprio, os quais são imprescindíveis ao bom resultado nos
labores dessa natureza. Disciplina, paciência, perseverança, abnegação,
respeito pelo sofrimento alheio, conhecimento doutrinário, segurança mediúnica
e boa vontade são alguns dos pré-requisitos ao bom funcionamento da equipe
devotada à sublime e delicada tarefa da desobsessão.
As orientações espíritas
por via mediúnica a respeito do assunto ressaltam a importância de se tratar o
desencarnado, atualmente no papel de obsessor, com o mesmo cuidado e atenção
dedicados ao encarnado – o obsidiado, sem vitimizar ninguém nem emitir qualquer
juízo de valor quanto à conduta alheia. O esclarecimento fraterno, a sugestão
de renovação interior e, sobretudo, a irradiação do amor, são valiosos
medicamentos às almas em sofrimento nos dois planos da existência.
O Espiritismo, ao revelar
as leis naturais que regem o destino humano, enfatiza que só se colhe o que se
haja semeado, e que qualquer processo obsessivo atual (exceto os casos de
provação a que se está sujeito na Terra) tem suas raízes no passado
reencarnatório do obsidiado, motivo pelo qual a transformação moral deste é
fator essencial para que haja possibilidade de cura da obsessão. Nos casos mais
difíceis e prolongados, a paciência, a perseverança no bem e a resignação
constituem recursos protetores que asseguram o bom termo do caminho
desobsessivo. Nesse sentido a Doutrina Espírita oferece rico material para estudo
e reflexão, necessários ao autoconhecimento e consequente autotransformação –
único caminho que conduz à definitiva e verdadeira libertação.
Importante ressaltar que,
da mesma forma que as imperfeições e dívidas cármicas da criatura permitem e
promovem a sintonia com os adversários desencarnados que passam a persegui-la e
perturbá-la, as virtudes conquistadas e cultivadas constituem a fortaleza
interior inexpugnável, refúgio e proteção que todos possuem, desde que passem a
viver em harmonia com as leis divinas e reparem os erros passados pela prática
incessante do bem. Desse modo, a verdadeira e definitiva desobsessão, em
essência, é uma autodesobsessão, um processo de autocura. Até que se alcance
esse nível de plena liberdade, o serviço fraternal de desobsessão continua
sendo abençoado recurso que reflete a misericórdia divina personificada nos
trabalhadores do bem presentes nos dois planos da vida.
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