Menino
Bandido
Na praça, a
multidão, tumultuada, observava um homem triste, algemado, em plena rua.
Os gritos de
condenação ecoavam por todos os lados: Assassino! Celerado!
É uma
fera solta! Diziam
uns.
É um
monstro que merece o devido castigo. Gritavam outros.
Donde
vieste, matador cruel?
E o infeliz,
cansado, mal se aguentando nos pés, implora por misericórdia.
Por Deus,
me poupem a lembrança!
Já basta
a aflição que me oprime a alma...
Vocês me
perguntam quem eu sou e de onde venho. Pois bem, eu vou lhes dizer.
Eu fui
aquela criança a quem todos fecharam a porta...
Fui o
pequeno mendigo que todos viram passar, indiferentes à minha sorte.
Fui
aquela criança sem lar, sem escola, sem saúde, sem esperança...
Faminto,
descalço e roto, a minha vida era assim...
Cresci na
lama do esgoto e nunca tive alguém por mim...
Jamais
provei um abraço caloroso de mãe ou de pai, de irmão ou de amigo.
Hoje
dizem que sou um réprobo, mas o que se pode esperar de alguém excluído da
sociedade como eu?
E, por fim,
limpando o pranto abundante que lhe corria no rosto, conclui:
Nem eu
mesmo sei quem eu sou. Talvez seja um monstro, um assassino cruel, um
assaltante sem escrúpulo ou, quiçá, seja apenas um pequeno mendigo moral,
diante dos olhos de Deus.
A multidão
silenciou...
Nada mais se
ouviu além dos passos trôpegos daquele homem triste a caminhar na direção do
cárcere...
* * *
Se
analisássemos a história de cada ser humano que se perde nos lodaçais do crime,
talvez fôssemos menos implacáveis em nossos julgamentos.
Lembremos
que essas criaturas que vivem à margem da sociedade são nossos irmãos,
necessitados de amparo e orientação.
São seres
que sentem, sofrem, lutam e se desesperam diante da nossa indiferença.
Jesus,
conhecedor da história de cada um dos Espíritos confiados à Sua guarda, sabia
que os homens são mais frágeis do que perversos.
E é essa
fragilidade que os faz amargos, rebeldes e violentos diante da própria
impossibilidade de soerguimento.
São esses os
verdadeiros enfermos da alma que necessitam de médico, de tratamentos e não os
sãos, conforme afirmou Jesus.
* * *
Existem
países em que o regime penitenciário é totalmente voltado à regeneração do
infrator e não de punição pura e simples.
As
autoridades entendem que a pessoa que comete crimes está enferma e como tal
deve ser tratada.
É por esse
motivo que nesses países o delinquente trabalha e estuda. Se tirou a vida de um
pai, por exemplo, deve sustentar financeiramente a família da vítima, bem como
a sua própria família, de maneira a não se constituir num peso para o Estado.
Ao cumprir a
pena, o indivíduo está apto a ser reintegrado à sociedade, da qual, em verdade,
jamais foi excluído.
Redação
do Momento Espírita com base na poesia A primeira
pedra, do livro Antologia dos imortais, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 26.04.2010.
pedra, do livro Antologia dos imortais, por Espíritos diversos,
psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. Feb.
Em 26.04.2010.
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