Liberdade
Ideias Principais:
Liberdade é saber respeitar os direitos alheios.
Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que
lhes cumpre respeitar.
É contrária a Lei de Deus toda sujeição absoluta de
um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força.
É contrária a natureza a lei humana que consagra a
escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e
moralmente.
Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente
a de obrar. Sem o livre-arbítrio o homem seria máquina.
Síntese do Assunto:
A liberdade é a condição básica para que a alma
construa seu destino. A princípio parece limitada às necessidades físicas,
condição social, interesses ou instintos. Mas, ao analisar-se a questão mais
profundamente, vê-se que a liberdade despontada é sempre suficiente para
permitir que o homem rompa esse círculo restrito e construa pela sua vontade o
seu próprio futuro.
Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o
homem traz, no entanto, inscritos na própria consciência, os limites da sua
liberdade.
Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde
avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer
argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade.
A liberdade legítima decorre da legítima
responsabilidade, não podendo triunfar sem esta.
A responsabilidade resulta do amadurecimento
pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz
fomentadora dos lídimos direitos humanos.
Pela Lei Natural todos os seres possuem direitos
que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do
seu uso.
A toda criatura é concedida a liberdade de pensar,
falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos
semelhantes do próximo.
Ser livre, portanto, é saber respeitar os direitos
alheios, porque desde que juntos dois homens, há entre eles direitos recíprocos
que lhes cumpre respeitar.
Vivemos num planeta que se caracteriza pela
predominância do mal sobre o bem; é um planeta inferior, onde seus habitantes
estão submetidos a provas e expiações; daí ser comum que muitos Espíritos não
possuem o discernimento natural para o emprego da liberdade que Deus lhes
concedeu. A ocorrência de abusos de poder, manifestadas nas tentativas de o
homem escravizar o próprio homem, nas variadas formas e intensidades, é o
exemplo típico do mau uso desta lei natural.
À medida que o ser humano evolui, cresce com ele a
responsabilidade sobre os seus atos, sobre as suas manifestações verbais e, até
mesmo, sobre os seus pensamentos. Neste estágio evolutivo, passa a compreender
que a liberdade não se traduz por fazer ou deixar de fazer determinada coisa,
irresponsavelmente. Passa a medir a sua linha de ação, de maneira que esta
questão não atinja desastrosamente o próximo. Compreende, enfim, que sua
liberdade termina onde começa a do seu próximo.
A vontade própria ou livre-arbítrio é, então,
exercitada de uma maneira mais coerente, mais responsável. O livre-arbítrio é
definido como a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria
conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou
mais razões suficientes de querer ou agir, escolher uma delas e fazer que
prevaleça sobre as outras.
Sem o livre-arbítrio, o homem não teria mérito em
praticar o bem ou evitar o mal, pois a vontade e a liberdade do espírito não
sendo exercitadas, o homem não seria mais do que um autômato. Pelo
livre-arbítrio, ao contrário, passa o indivíduo a ser o arquiteto de sua
própria vida, da sua felicidade ou infelicidade, da sua maior ou menor
responsabilidade em qualquer ato que pratique.
A liberdade e o livre-arbítrio têm uma correlação
fundamental na criatura humana e aumentam de acordo com a elevação e
conhecimento. Se por um lado temos a liberdade de pensar, falar e agir, por
outro lado, o livre-arbítrio nos confere a responsabilidade dos próprios atos
por terem sido eles praticados livremente e por nossa própria vontade.
A sujeição absoluta de um homem a outro homem, é um
erro gravíssimo de consequências desastrosas para quem o pratica. A escravidão
seja ela física, intelectual, socioeconômica, é sempre um abuso da força e que
tende a desaparecer com o progresso da humanidade. É um atentado à natureza
onde é harmonia e equilíbrio. Quem arbitrariamente desfere golpes cerceando a
liberdade dos outros, escravizando-se pelos diversos processos que o mundo
moderno oferece, sofre a natural consequência, e essa é a vergastada da dor,
que desperta e corrige, educa e levanta para os tirocínios elevados da vida.
A nossa liberdade não é absoluta porque vivemos em
sociedade, onde devemos respeitar o direito das pessoas. Baseando-se neste
preceito, torna-se absurdo aceitar qualquer forma de escravidão: física, moral,
social econômica, ideológica, religiosa, etc.
Durante muito tempo aceitou-se, como justa, a
escravidão dos povos vencidos em guerras, assim como foi permitido pelos
códigos terrenos que os homens de certas raças fossem caçados e vendidos, quais
bestas de carga, na falsa suposição de eram seres inferiores e, talvez, nem
fossem nossos irmãos em humanidade.
Coube ao Cristianismo mostrar que, perante Deus, só
existe uma espécie de homens e que, mais ou menos puros e elevados, eles o são,
não pela cor da epiderme ou do sangue, mas pelo espírito, isto é, pela melhor
compreensão que tenham das coisas e principalmente pela bondade que imprimam em
seus atos.
Com a abolição da escravatura, todos nós podemos
dispor livremente das nossas vidas.
Sem dúvida, estamos ainda muito distantes de uma
vivência mundial de integral respeito às liberdades humanas; todavia, já as
aceitamos como um ideal a ser atingido, e isso é um grande passo, pois tal
concordância há de elevar-nos, mais dia, menos dia, a esse estado de paz e de
felicidade a que todos aspiramos.
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