A impiedade
A falta de piedade e de
indulgência na apreciação do comportamento dos outros, tem causado infelicidade
e desgosto na vida de muitas pessoas.
Um dia desses uma senhora narrava
o seu desconforto, quando percebia os comentários ácidos a seu respeito, quando
ela e o marido buscavam os primeiros lugares para se sentar, nos eventos de que
participavam.
Ela, uma senhora muito jovial,
sempre sorridente, simpática e cordial, é portadora de uma deficiência auditiva
grave.
Mesmo com a ajuda dos aparelhos
precisa da leitura labial para entender o que as pessoas falam.
É esse o motivo pelo qual sempre
busca os primeiros lugares, e o esposo lhe faz companhia.
Na tentativa de evitar os
comentários maldosos, ela costumava se justificar, sempre que havia alguém por
perto, quando ia se sentar na primeira fila.
Com o passar do tempo, notou que
não bastava dar satisfação a uns, pois sempre restava alguém para comentar
maldosamente a sua atitude.
Como o casal se tornou conhecido
em muitos dos lugares que freqüenta, é comum encontrar duas poltronas
reservadas, bem à frente, para se sentar. E isso incomoda os impiedosos de
plantão.
Mais uma vez temos que dar razão
a Jesus, quando recomendou o não julgueis.
Quem desconhece todos os porquês
das atitudes de cada pessoa, e estabelece julgamentos precipitados e maldosos,
acaba agindo com impiedade e injustiça.
Foi o que ocorreu com uma jovem
cantora, portadora de deficiência visual, que se apresentava num restaurante.
Um cliente, que simpatizou com a
moça, passou a fazer gestos de aprovação e a lhe mostrar, vez ou outra, um copo
com bebida, oferecendo-lhe um drinque.
Como a moça não demonstrava
nenhum sinal de interesse ou agradecimento, ao final da apresentação ele foi
até o palco e despejou um copo de bebida com pedras de gelo sobre os pés da
cantora, e falou: “Isto é para você deixar de ser mal-educada e indiferente aos
meus galanteios!”
A moça, que não sabia o que
estava acontecendo, saiu tateando, assustada, em busca de alguém que a ajudasse
a entender a situação.
E o rapaz, só depois do vexame,
se deu conta de que a cantora não era mal-educada, nem indiferente, apenas não
podia vê-lo.
Casos como esses nos levam a
refletir sobre como somos impiedosos ao julgar indivíduos que desconhecemos.
Não seria mais justo e coerente
não julgar?
E o que é mais lamentável é que
mesmo percebendo que fomos injustos e impiedosos, dificilmente pedimos
desculpas.
A consciência nos acusa, mas o
orgulho nos impede o gesto de humildade.
E o orgulhoso sofre mais, não há
dúvida. Ele prefere a autopunição, com enfermidades variadas, a um pedido
sincero de perdão.
É mais fácil para o orgulhoso
amargar uma doença, causada pela consciência de culpa, do que reconhecer que
falhou na apreciação de pessoas ou situações.
E como a consciência nos
acompanha dia e noite, e não podemos fazê-la calar-se, é preciso ouvi-la com
mais atenção.
***
Procure observar o mundo com
olhos de fraternidade, de piedade, de compaixão.
Considere que as aparências podem
nos enganar, muitas e muitas vezes.
Para construir um mundo onde a
felicidade esteja mais presente, é preciso corrigir o nosso olhar e a nossa
forma de apreciação de pessoas e situações.
Pensemos nisso, sempre que a
tentação de julgar os outros se apresentar.
Texto da Equipe de Redação do
Momento Espírita, com base em situações reais.
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