Delinquência, Perversidade e Violência
Joanna de Ângelis (espírito)
A onda crescente de delinquência
que se espalha por toda a Terra assume proporções catastróficas, imprevisíveis,
exigindo de todos os homens probos e lúcidos acuradas reflexões. Irrompendo,
intempestivamente, faz-se avassaladora, em vigoroso testemunho de barbárie,
qual se loucura de procedência pestilencial se abatesse sobre as mentes, em
particular grassando na inexperiente Juventude, em proporções inimagináveis,
aflitivas.
Sociólogos, educadores,
psicólogos e religiosos preocupados com a expressiva mole de delinquentes de
toda lavra, especialmente os perversos e violentos, aprofundam pesquisas,
improvisam soluções, experimentam métodos mal elaborados, aderem aos
impositivos da precipitação, oferecem sugestões que triunfam por um dia e
sucumbem no imediato, tudo prosseguindo como antes, senão mais turbulento, mais
inquietador.
Os milênios de cultura e
civilização parece que em nada contribuíram a benefício do homem , que ,
intoxicado pela violência generalizada, adotou filosofias esdrúxulas, em
tormentosa busca de afirmação, mediante o vandalismo e a obscenidade, em fugas
espetaculares para as "origens".
Numa visão superficial das
consequências calamitosas desse estado sócio moral decorrentes, asseveram
alguns observadores que a delinquência, a perversidade e a violência fluem,
abundantes, dos campos das guerras sujas e cruéis, engendradas pela necessidade
da moderna tecnologia em libertar os países superdesenvolvidos do excesso de
armamentos bélicos e dos equipamentos militares ultrapassados, gerando focos de
conflitos a céus abertos entre povos em fases embrionárias de desenvolvimento
ou subdesenvolvidos, martirizados e destroçados às expensas dos interesses
econômicos alienígenos, dominadores arbitrários, no entanto, transitórios...
Indubitavelmente, a
Humanidade vê-se compelida a responder por esse pesado ônus, fruto do egoísmo
de homens e governos impenitentes, que fomentam as desgraças imediatas,
geratrizes de males que tais. . .
O homem condicionado à
técnica da matança desenfreada e selvagem, atormentado pelo medo contínuo, submetido
às demoradas contingências da insegurança incerteza e angústia disso
resultantes, adestrado para matar antes e examinar depois, a fim de a si mesmo
poupar-se, obrigando-se a cruciais situações. ingerindo drogas para
sustentar-se, açular sensações aniquilar sentimentos, só, mui dificilmente,
poderá reencontrar-se, mesmo que transladado dos campos de combate para as
comunidades pacíficas e ordeiras.
A simples injunção de uma
paz assinada longe do caos dos conflitos onde perecem vidas, ideais e dignidade,
jamais conseguirá transformar de improviso um "veterano" num pacato
cidadão.
Além desse fator odioso,
com suas intercorrências, referem-se os estudiosos aos da injustiça social
vigente entre as diversas classes humanas, de que padecem os proletários e os
menos favorecidos sempre arrojados às posições subalternas ou nenhures, mal
remunerados, ou sem salário algum, subnutridos, abandonados. Atirados aos
redutos sórdidos das favelas, guetos e malocas, vivendo de expedientes,
dependentes uns dos outros, em aventuras, urdem na mais penosa miséria
econômica, da qual se derivam as condições mesológicas deploráveis — causas de
enfermidades orgânicas e psíquicas de diagnose difícil quão ignorada; geradoras
de ódios, brutalidades e sevícias, nos quais se desarticulam os padrões do
sentimento, substituídos por frieza emocional resultante de inditosa
esquizofrenia paranoide — os desforços contra a Sociedade indiferente que os
relega a estágio primitivo, sub-humano.
Ás vezes sobrevivem alguns
descendentes, vítimas inermes do meio-ambiente, cujos hábitos e costumes
arraigados jungem-nos a viciações de erradicação difícil, quando não
perturbante, de que não se conseguem libertar, estiolando-se, mais
tarde...Todavia, devemos considerar, à margem das respeitáveis opiniões dos
técnicos e especialistas no complexo problema, as condições morais das famílias
abastadas—tendo-se em conta que a delinquência flui, também, abundante e
referta, assustadora e rude, em tais meios assinalados pela linhagem social e
pela tradição—cujos exemplos, nem sempre salutares, substituem o cumprimento
dos retos deveres pelo suborno ou os transferem para realização a servos e
pedagogos remunerados, enquanto os pais se permitem desconsiderações
recíprocas, desprezo a leis e costumes, impondo seus caprichos e desaires como
normas aceitas, convenientes, sobre as quais estatuem as diretrizes do
comportamento, agindo de maneira desprezível, apesar da aparência respeitável..
.
A leviandade de mestres e
educadores imaturos, não habilitados moralmente para os relevantes misteres de
preparação das mentes e caracteres em formação, contribui, igualmente, com
larga quota de responsabilidade no capítulo da delinquência juvenil, da
agressividade e da violência vigentes, ameaçadoras, câncer perigoso a dizimar
com crueldade o organismo social do Planeta.
Experiências em
laboratório com ratos hão demonstrado que a superidentidade de espécimes em
área reduzida torna-os violentos, após atravessarem períodos de voracidade
alimentar, de abuso sexual até a exaustão, fazendo-os, depois, perigosos e
agressivos, indiferentes às outras faculdades e interesses. Creem os
especialistas em demografia, que o problema é semelhante no homem que vive
estrangulado nos congestionados centros urbanos, onde as cifras da delinquência
se fazem superlativas, cada dia ultrapassando as anteriores.
Destaquemos, aqui, a
falência das implicações morais e da ética religiosa do passado, que depois da
constrição proibitiva a todos os processos evolutivos viam-se ultrapassadas,
sentindo necessidade de atualização para a sobrevivência, saltando do estágio
primário da proibição pura e simples para o acumpliciamento e acomodação a
pseudo valores novos, não comprovados pela qualidade de conteúdo. A
permissividade total concedida por alguns receosos pastores, em caráter
experimental, contribuiu para a morte do decoro e a vigência da licenciosidade
que passou a vulgarizar a temática evangélica em indesculpável servilismo das
paixões dominantes...
O delinquente, no entanto,
padece, não raro, de distúrbios endógenos ou exógenos que o impelem ou
predispõem à violência, que se desborda ante os demais contributos sociais,
econômicos, mesológicos...
Sem qualquer dúvida, a
desarmonia endócrina, resultante da exigência hereditária, as distonias
psíquicas se fazem vigorosos impositivos para a alienação e a delinquência.
Muitos traumas psicológicos e recalques que procedem do próprio espírito
aturdido e infeliz espocam como complexos destrutivos da personalidade,
expulsando-os para os porões do desajuste da emoção e para a rebeldia
sistemática a que se agarram, buscando sobreviver, não raro enlouquecendo pela
falta de renovação e pela intoxicação dos fluidos e miasmas psíquicos que
cultivam.
Além disso, os distúrbios
orgânicos, as sequelas de enfermidades várias, os traumatismos ocasionados por
golpes e quedas são outra fonte de desarranjos do discernimento, ensejando a
fácil eclosão da violência e da agressividade.
Pulula, ainda, nos
complexos mecanismos da reencarnação em massa destes dias, o mergulho no corpo
somático de Espíritos primários nos quadros da evolução. Necessitados de
progresso e ajuda para a própria ascensão que, não encontrando os estímulos
superiores para o enobrecimento, são, antes, conduzidos à vivência das
sensações grosseiras em que transitam, desbordando os impulsos agressivos e os
instintos violentos com que esperam impor-se e usufruir mais fogosas cargas de
gozos em que se exaurem e sucumbem. Aderem à filosofia chã de viver
intensamente um dia. A lutarem e viverem todos os dias.
A simples preocupação dos
interessados — e a questão nos diz respeito a todos nós—, não resolve, se
medidas urgentes e práticas, mediante uma política educativa generalizada, não
se fizerem impor antes da erupção de males maiores e das suas consequências em
progressão geométrica, apavorantes. Teríamos, então, as cidades transformadas
em imensos palcos para o espetáculo cada vez mais rude da delinquência e dos seus
famigerados comparsas.
Tem-se procurado reprimir
a delinquência sem se combaterem as causas fecundas da sua multiplicação. Muito
fácil, parece, a tarefa repressiva, , inútil, porém, quando não se transforma
em um fator a mais para a própria violência.
A terapêutica para tão
urgente questão há de ser preventiva, exigindo dos adultos que se repletem de
amor nas inexauríveis nascentes da Doutrina de Jesus, a fim de que,
moralizando-se, possam educar as gerações novas, propiciando-lhes clima salutar
de sobrevivência psíquica e realização humana.
A valorização da vida e o
respeito pela vida conduzirão pais, mestres, educadores, religiosos e
psicólogos a uma engrenagem de entendimento fraternal com objetivos harmônicos
e metódicos — exemplos capazes de sensibilizar a alma infantil e conduzi-la com
segurança às metas felizes que devem perseguir.
Por coerência,
espiritualmente renovado e educado, o homem investirá contra a chaga vergonhosa
da injustiça social, contra os torpes métodos que fomentam a miséria econômica
e seus fâmulos, contra o inditoso e constritivo meio-ambiente pernicioso,
contra o orgulho, o egoísmo e a indiferença.
Os portadores de
perturbação psíquica de qualquer procedência e violentos serão amados e
atendidos por uma Medicina mais humana e mais interessada nos pacientes que
preocupada em auferir lucros e homenagens com que muitos dos seus profissionais
se envilecem, na tortuosa correria para a fama e o poder. . .
O homem iluminado
interiormente pela flama cristã da certeza quanto à sobrevivência do Espírito
ao túmulo e da sua antecedência ao berço, sabendo-se herdeiro de si mesmo,
modifica-se e muda o meio onde vive, transformando a comunidade que deixa de a
ele se impor para dele receber a contribuição expressiva, retificadora.
Os homens são, pois, os
seus feitos.
A sociedade são os homens
que a constituem
A vida humana resulta dos
Espíritos que a compõem.
Com sabedoria
incontestável elucidou Jesus, o Incomparável Psicólogo, que prossegue
vitorioso, não obstante os séculos transcorridos: "Busca, primeiro, o
reino de Deus e Sua Justiça e tudo mais te será acrescentado",
demonstrando que, em o homem se voltando para a Pátria Espiritual—a verdadeira —
e suas questões, de fundamental
importância, os demais interesses serão resolvidos como efeito natural das
aquisições maiores.
Nesse cometimento todos
estamos engajados e ninguém se pode omitir, porquanto somos igualmente
responsáveis pelas ocorrências da delinquência, perversidade e violência—esses
teimosos remanescentes da natureza animal do homem em luta consigo mesmo para
insculpir o bem e libertar dos grilhões do primarismo terreno a sua natureza
espiritual.
Toda contribuição de amor
como de paciência, toda dádiva de luz como de saber são valiosa oferenda para o
amanhã de paz e ventura que anelamos.
(Após a Tempestade,
psicografia de Divaldo Pereira Franco pelo espírito de Joanna de Ângelis)
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