terça-feira, 26 de abril de 2016

As Zonas Purgatórias e as Trevas



As Zonas Purgatórias e as Trevas

  


A Bíblia nos traz o papel da dualidade bem-mal no processo de desenvolvimento da humanidade. Desde tempos imemoriais, retratados de forma alegórica na Gênese, até o presente, essas forças se fazem presentes.
Meus irmãos, o mal não é simplesmente a ausência do bem, mas também constitui uma maneira de agir e pensar. Enquanto alguns se comprazem em seguir uma existência sem objetivo, deixando com que os desejos do corpo físico exerçam todo o controle sobre usas atitudes, comportando-se como crianças espirituais que não conseguem encarar as próprias responsabilidades. As surpresas se farão presentes quando deixarem as vestes carnais e passarem longos períodos nas esferas de refazimento e remorso. Contudo, estão em aprendizado e isso representa uma condição transitória e passageira.
Quando pensamos em trevas, não me refiro aos espíritos tomados pelo automatismo psíquico e fisiológico, mas sim àqueles que apresentam lucidez e conhecimento, mas se mantêm distantes da luz do amor divino.
Por esse motivo, os textos bíblicos falam do fruto da árvore do conhecimento, cujo consumo, pelo homem primitivo, simbolizado por Adão e sua companheira, teria precipitado a humanidade para fora dos jardins do Eden, o paraíso judaico. Obviamente, não podemos tomar a história de forma literal, mas convém ressaltar que esse processo é, até certo ponto, natural, fazendo parte do próprio nascimento da humanidade terrena, uma vez que a obtenção do saber necessita, como contra partida, da responsabilidade quanto ao seu uso. Aqueles que crescem com o esforço próprio saem, temporariamente, do paraíso da inocência infantil para reencontrá-lo, muitos milênios depois, na forma de plenitude do conhecimento e do livre-arbítrio. Quanto mais distante do corpo físico e de seus desejos imediatos e desarmônicos, mais leve o jugo, mais livre e pleno o irmão se encontra. Não quero, com essas palavras, estimular o martírio físico, que nada acrescenta, inerte e ocioso, mas estimular a responsabilidade e a renúncia de nossas tendências ao erro, destacando-se aquelas imperfeições que nascem do nosso egoísmo e orgulho.
Quando andamos pelo plano físico, nos deparamos com as aflições dessa humanidade nascente. Os dramas ecológicos, a agressividade contida sendo liberada em pontos isolados, o saber sendo utilizado de forma arrogante e criminosa por aqueles que o detém, o sentimento de poder e a busca pela supremacia dando as cores de fundo do cotidiano de muitos… Todos esses aspectos representam as dores do parto de uma nova humanidade, que já se ressente do comportamento humano na Terra.
Porém, sementes do amor divino foram cuidadosamente espalhadas por todos os vales e pontos geográficos dos vários planos terrenos. O Criador nunca abandonou Seus filhos e sempre manteve profunda atenção sobre o orbe terreno, aguardando o momento em que as dores surgidas em função de nossa invigilância, orgulho e irresponsabilidade viessem a despertar o novo homem em nossos corações.
Esse é o crescimento do homem pequeno, descendente dos hominídeos primitivos, que recebeu em seu ventre as muitas legiões de degredados de outros mundos, que passaram por profundo processo de reajuste e regeneração, restabelecendo um mínimo de coesão e harmonia social, bem como mudar a natureza do intercâmbio com o mundo espiritual, sempre determinada pela sintonia com os nossos sentimentos e atos.
Como bem colocado pelos Espíritos Codificadores, cuja liderança coube ao Espírito Verdade, irmão sublime que possui profundo envolvimento com o homem terreno e com os muitos exilados que aqui foram abrigados, não existem figuras verdadeiramente demoníacas, na acepção mais estreita do termo, na figura lendária de anjos decaídos em função de defeitos ou erros verdadeiramente humanos, como a soberba e a inveja. Os seres representados nessa história bíblica foram chamados de anjos em função de sua significativa capacidade mental e domínio que exerciam sobre as mentes mais simples que os recebiam no planeta Terra, em suas várias esferas.
O suor do trabalho, a dor das perdas imaginárias, a saudade do mundo ancestral, mesmo que latente, misturadas coma misericórdia do Criador foram, geração após, geração, moldando um novo caráter a esses irmãos, ao mesmo tempo em que eles elevavam as condições intelectuais dos filhos da terra, os humanos primitivos, além de imprimirem profundas modificações no períspirito que envergávamos na época, que passou a evoluir em um ritmo não observado até então. De fato, o Eden da ilusão deu lugar ao trabalho e suas consequências e, ao longo dos últimos 3,5 milhões de anos, aproximadamente, vagas de exilados de diferentes orbes chegaram e partiram, cada qual trazendo suas características psicológicas e participando de um processo de depuração e amalgamação, que formou a personalidade do homem terreno.
Muitos desses espíritos, com a evolução que as vivências sucessivas forneciam, acabaram retornando para suas coletividades ancestrais e de lá passaram a trabalhar para que, no futuro, pudessem dar o suporte necessário aos que ficaram na Terra e para os espíritos autóctones daqui, quando da chegada de mais uma transição planetária, processo que teve início com o nascimento do Cordeiro, nosso amado Mestre Jesus.
Quando o Cristo esteve entre nós, Ele iluminou de tal forma a esfera física terrena e os planos espirituais que a bordejam que muitos espíritos mais recalcitrantes ao avanço moral da humanidade não conseguiam se aproximar das coletividades da Palestina em que o Mestre atravessava. O comportamento benevolente de Pilatos, o cruel e sanguinário representante do poder temporal romano na Judeia, diante de Jesus, mostra que o prefeito romano de fato desejava se desfazer do galileu sem condená-lo à morte, procurando apenas agredi-lo como forma de mostra-lo sem força diante de seus seguidores, posto que se sentia, inacreditavelmente aos olhos dos historiadores modernos, inferiorizado diante do homem de Nazaré. Isso pode parecer absolutamente inacreditável aos olhos modernos, que se acostumaram a ler histórias verdadeiras da força e crueldade romanas, mas não podem imaginar a leveza e a bondade infinitas que pareciam emanar da fisionomia daquele nazareno. A natureza excelsa do peregrino divino induzia a reforma pessoal em todos os que com ela tinham contato.
Com a crucificação, Seu espírito luminoso se lançou em direção às regiões mais trevosas da psicosfera terrena, as áreas abissais, de onde sua luz se irradiou para todas as direções, desfazendo os vínculos de escravidão e servidão que a maioria da humanidade desencarnada tinha estabelecido com os líderes mais ativos das falanges das trevas, que haviam comemorado a crucificação do Cristo. Logo veriam que a cruz libertara o Filho do Homem para a parte mais importante do final do seu ministério.
Meus irmãos, Jesus estava mais livre e vivo do que nunca após a crucificação. Sua luz, em meio a tantas trevas terrenas, permitiu uma mudança de atitudes de incontáveis espíritos revoltados e sofredores, atingindo, inclusive, os líderes mais draconianos das falanges do mal, que iniciaram sua reeducação nas diversas esferas do orbe terreno, ou foram submetidos a novo reencarne em outros orbes, no que sabemos ter sido o início da nova transição planetária para a Terra. Esses espíritos erravam por falta de um “norte” em suas existências vazias, mas a mensagem do Cristo restabelecia a vontade de progresso. Contudo, hoje quando nos referimos ao mal institucionalizado, não falamos desses amigos que há 2000 anos se voltaram para a luz.
Existem sim espíritos cultos e cristalizados no mal, capazes de fazer enlouquecer os encarnados menos atentos e que adoram o estereótipo demoníaco com os quais são retratados pelas igrejas mais literalistas. Esses filhos de Deus são capazes de retirar toda a sensação de leveza e felicidade com sua presença, que não mais acontece no plano terreno em função da elevação vibratória da humanidade, ou com a sintonia mental. Essa impossibilidade de perambular pela crosta e pelos umbrais mais próximos do plano físico se dá pela diferença vibratória da psicosfera terrena, ainda bastante pesada, e a condição espiritual desses irmãos, infinitamente mais densa, de forma que ficam confinados nas áreas mais sombrias do planeta.
Esses exilados decidiram se manter à margem dos processos de reencarnação, posto que julgavam que reencarnar através de uma espécie quase simiesca era algo indigno de suas qualidades e passaram eras se mantendo atrás do comando das legiões de revoltados e espíritos rebeldes que assolam o mundo até o presente. Atualmente não podem mais retornar ao ventre materno na Terra, posto que as mulheres não seriam aptas a mantê-los no ventre. Eles procuram interferir com todos os pontos do progresso humano. De seus castelos mentais, dominam as mentes de incontáveis seres, encarnados e desencarnados, que lhes favorecem as ações e fornecem as energias necessárias para a perpetuação do seu modo de vida e para minimizar ou postergar as degenerações perispirítica que assolam todos aqueles que permanecem períodos de tempo prolongados em ambientes densos e trevosos.
Esses são os líderes do mal, mas não são demônios, que não existem. Esses espíritos serão submetidos, como já o estão sendo, a novo degredo e as dores do processo irão dar o impulso que falta para sua redenção pelo trabalho, de forma que não são demônios, quero frisar. A evolução é regra e observa-se o saneamento das sombras, produzindo-se uma pronunciada transformação da psicosfera terrena, inviabilizando o domínio que esses espíritos exercem sobre áreas ainda bastante extensas do orbe.
Podemos dizer que a educação das trevas interiores, nossas imperfeições, reduz o domínio que tais companheiros de jornada têm sobre a humanidade como um todo, forçando-os a uma mudança de postura, de uma condição parasitária para uma atitude proativa. Esse processo é o cerne de toda a regeneração planetária. Demônios, se existissem, não evoluiriam, ao passo que os homens sim. Somos todos humanos, com escolhas mais ou menos felizes, apenas isso.
A partir de seus círculos de poder, eles exercem domínio extremo sobre colaboradores nas regiões mais densas do Umbral, situadas acima da condição vibratória em que eles se encontram. Por meio dos espíritos umbralinos, acabam interferindo no plano físico. Atacam toda e qualquer iniciativa da espiritualidade superior que busque trazer conhecimento para o homem terreno, principalmente quando, no processo, encontra-se a transformação das igrejas mais literalistas, que ainda pregam o “olho por olho” e a inércia espiritual, bem como a disseminação de doutrinas sérias, que pregam a disciplina de atos e pensamentos, a renúncia aos desejos de poder e domínio, bem como a responsabilidade pessoal no destino que cada um traça para si mesmo ao longo dos ciclos reencarnatório. Essas verdades estão profundamente alicerçadas na Doutrina dos Espíritos.
Acreditar que todo mal advém da ignorância não ajuda a saná-lo. Uso essa expressão forte para dizer que temos de retirar de nosso íntimo todas as pretensões de domínio, fontes de muita desarmonia. Essa renúncia pode ferir e doer por breves momentos, mas traz a cura para nossas doenças da alma, disseminando alegria e esperança.
Missionários têm adentrado o plano físico através do berço e espalhado os ares da renovação que sopram para todos os lados e direções. O homem passou a conhecer melhor seus limites e a compreender sua humanidade. A era da responsabilidade se inicia e ela traz consigo grandes desafios e promessas. Diante dos enviados do Alto, as instituições e falanges dos senhores da escuridão não se calam e promovem ataques contra a renovação de princípios que hoje observamos na crosta e quase sempre utilizam-se da vaidade, sexualidade e ganância dos medianeiros do bem para denegri-los diante de todos.
No processo de renovação, as forças da escuridão lançaram o homem em conflitos mundiais fratricidas e quase produziram uma hecatombe nuclear generalizada, mas logo descobriram que a destruição generalizada fez crescer a crença humana de que apenas a união de todos poderia gerar a paz e a estabilidade tão necessárias ao progresso. Dessa forma, em hordas maciças de espíritos vampirizadores, as trevas semearam a desorganização social e a dependência química passou a grassar livremente, constituindo um verdadeiro câncer social profundamente metastático (Nota do médium: algo que se dissemina através de metástases, como o câncer), capaz de desequilibrar e desestruturar a célula mãe da sociedade, a família.
Vejam que, mesmo indiretamente, as falanges das trevas atuam até no âmbito familiar, pessoal, onde a mente e os sentimentos pessoais são os verdadeiros campos de batalha. Preciso ressaltar, também, que a libertinagem sexual, a banalização da fé e a corrupção de valores entre os mais jovens vêm sendo cuidadosamente tramada como forma de fazer nascer o conceito de que somos maus por natureza e que não devemos lutar contra essa tendência. Querem que pais, mães, educadores, professores e mestres percam o estímulo nas suas atividades redentoras, posto que se o berço constitui o melhor hospital que o orbe terreno possui, não podemos esquecer que a vida é escola onipresente, onde todos somos alunos e, ao mesmo tempo, professores do pouco que já logramos aprender.
Nos decênios que se seguirão, muita desilusão será semeada entre os homens, mas não podemos desanimar da nossa reforma de valores, porque o Cristo não desanimou da árdua tarefa de nos conduzir ao Pai. Deus e Seus prelados sublimes não nos abandonaram e o universo está assistindo a mais um processo de regeneração planetária, com suas dores e conquistas.
Como disse Jesus, renascendo da água e do espírito nos habilitamos para novas jornadas e saltos evolutivos, que culminarão com a obtenção do mais elevado bem conhecido, a liberdade.
Essas palavras podem soar estranhas, mas a verdadeira liberdade não é dada, mas conquistada, com a harmonização plena de nosso passado, sem culpas e remorsos, sem débitos ou por meio de ardis, o que é muito diferente da sensação de liberdade que conhecemos nesses nossos primeiros passos nessa caminhada evolutiva.

Autor: Joseph Gleber
Médium: Elerson Gaetti

Link: https://espiritismoeconhecimento.wordpress.com/2012/10/24/psicografia-as-zonas-purgatoriais-e-as-trevas/
Imagem: http://blogs.diariodonordeste.com.br/blogdecinema/tag/e-a-vida-continua/




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