sexta-feira, 3 de junho de 2016

CONVULSÕES MORAIS

CONVULSÕES MORAIS

 
 

A mansuetude devia ser o estado natural do ser humano cuja consciência desabrocha para o discernimento.
Nada obstante é a belicosidade que lhe jaz adormecida que o comanda nas experiências relacionais do ser humano.
A predominância do instinto sobre a emoção, coloca-o invariavelmente em defesa, optando pelo comportamento de agressão, ao invés do sentimento de fraternidade que um dia unirá todas as criaturas num só rebanho.
Com facilidade surgem pugnas sem qualquer justificativa, separando os indivíduos que se deveriam unir cordialmente ao impositivo do ancestral instinto gregário. No entanto, o predomínio do primarismo psicológico faz que o ego sobreponha-se aos valores transcendentes do espírito e a dissenção estabeleça-se.
A saudável arte de conversar, de dialogar, permutando informações e conhecimentos, experiências e sabedorias, cede lugar às sistemáticas discussões que deixam mossas emocionais nos relacionamentos.
Armando-se contra o próximo por ver nele um potencial inimigo, logo surgem as suspeitas e desconfianças ampliando-se em agressões infelizes, ora verbais e noutras ocasiões de natureza física, inconsequentes...Seria muito mais fácil ver-se no outro o amigo, o coração afetuoso é capaz de produzir calor na afeição, dependendo, apenas, de um pouco de gentileza ou de paciência, ou mesmo de compaixão...
A gentileza vem cedendo lugar à grosseria, á ausência de civilidade, quando deveria ser um estado natural no comportamento, porquanto é essencial à saúde emocional e física, gerando simpatia e unindo as pessoas.
Dessas maneiras doentias de convivência, nascem as convulsões sociais, as agressões violentas nos lares, nas ruas, em todos os campos de atividade.
O ser humano, em consequência, desumaniza-se, retornando emocionalmente ao primarismo.
A cultura enlouquecida, como efeito do vandalismo que grassa, faz-se estímulo frequente para a ocorrência das convulsões externas, frutos espúrios dos tormentos íntimos.
A mansuetude e a doçura do coração, a que se refere o Evangelho de Jesus, deveriam constituir um alicerce comportamental para o equilíbrio social, porque é no indivíduo que a sociedade tem início. Se ele é pacífico, ao exercer uma função relevante torna-se pacificador, mas se é agressivo faz-se sicário de outros.
São esses homens e mulheres do dia a dia que em se tornando autoridade podem fomentar a paz e a guerra, de acordo com as características emocionais que os tipificam.
Todos estão fadados à plenitude e as experiências cotidianas constituem recursos valiosos para o abrandamento das paixões inferiores, para a aquisição da bondade e da mansidão.
O mundo moderno conseguiu milagres na sua face externa, sem lograr a iluminação, a pacificação do ser interior.
Em consequência, tornam-se inevitáveis as convulsões morais que têm a tarefa de demolir as construções antigas e mórbidas asselvajadas, cedendo espaço emocional para o desabrochar da natureza espiritual.
Nesse sentido, a filosofia de amor exarada no Evangelho de Jesus é a única portadora dos valores saudáveis para a mudança de patamar evolutivo, para a superação das tormentosas convulsões destrutivas.
Confiar mais dos próprios recursos morais e proporcionar ao próximo a oportunidade de autoedificar-se, dando-lhe chance de recuperar-se, quando se equivoque ou se comprometa negativamente, é dever impostergável.
A mansuetude é conquista do esforço pessoal e da determinação para a conquista da autocordura e da paz.
Não te permitas intoxicação com os vapores morbosos da dissenção, mantendo-te em equilíbrio mesmo quando ocorram situações vexatórias e que te provoquem reações de violência.
Provocações e agressividade surgem a cada momento desafiando-te, porque te encontras no mundo em processo de desenvolvimento intelecto-moral, sujeito, portanto, às condições ambientais e sociais.
Envolve-te na lã do cordeiro de Deus e evitarás o choque dessas reações violentas.
Desconfiança e acintes seguir-te-ão em pós, mas não te perturbes, permanecendo digno de respeito pelas palavras e atos.
Acusações indébitas e aversões espontâneas criar-te-ão embaraço, no entanto, não lhes consideres as injunções penosas, mantendo-te generoso e saudável, pois que renasceste na
Terra para ascender no rumo da
Grande Luz.Tem em vista que somente acontece aquilo que constitui motivo de progresso para o educando espiritual.
É claro que o desagradável, o perturbador, o incidente malsão, constituem rude provação, mas assim sucederá somente se o considerares sob esse aspecto.
Alterando o foco de observação e levando em conta tratar-se de bênção, diminuirá de intensidade a ação modesta e compreenderás o bem que defluirá da preservação da tua paz.
Quando o grão de areia invade a ostra, ao invés de expulsá-lo, ela o envolve, transformando-o em pérola reluzente.
De igual maneira, do aparente mal transforma-o em significativo bem.
Não será fácil evitar-se a convulsão social, enquanto não se corrigirem as de natureza moral.
Começa de tua parte, o programa de transformação da humanidade, em ti mesmo, não permitindo que a tua seja a contribuição perturbadora, aquela que impede o progresso geral.
Francisco, o santo de Assis, sempre considerava que tudo quanto lhe acontecia, e era vulgarmente tido como um mal, constituia-lhe bênção para a edificação espiritual e vivência de Jesus no seu dia a dia.
Imita-o, já que te parece difícil ser um símile do inolvidável Mestre de Nazaré.
A mansuetude é irmã da paz.
Mesmo que tenhas a percepção da serpente mantém a mansuetude do pombo.
Na montanha, Jesus tornou bem-aventurados os mansos, os pacíficos e humildes, elegendo-os como filhos de Deus.

Joanna de Ângelis(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 03 de abril de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)




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