Promessas e Estelionatos
Diz Emmanuel
que, a partir do momento em que já portamos alguma luz, adquirimos a
responsabilidade de expandi-la. Na espiritualidade, compreendemos a extensão
das imperfeições que ainda nos privam da felicidade e pedimos nova encarnação.
Prometemos!
Juramos de pés juntos que dessa vez nos aprumaremos. Chegando ao
plano terrestre, o amontoado de promessas e ansiedades não se converte em
realizações espirituais. Alerta André Luiz que a edificação do reino
interior não se realiza só com palavras e exige trabalho persistente e
sereno.
Costumamos
chamar de estelionatário o que promete, mas não cumpre, assume compromisso e
dele foge ou ainda o que acena com vantagem e somente cuida de seus interesses.
Ora, não nos enquadramos exatamente nessas condições ao participarmos de
complexo planejamento, que conta com a participação e o patrocínio de parentes,
amigos e mentores desencarnados e, ao contato com a realidade terrestre, dele
nos distanciarmos? Não nos enquadraríamos exatamente na condição de estelionatários?
Não
desprezes o dom que há em ti, alerta-nos Paulo. O conhecimento aumenta a nossa
responsabilidade, principalmente diante da mensagem renovadora do Espiritismo.
Retornamos
ao velho círculo vicioso citado por André Luiz, em Missionários da Luz
quando, fora do âmbito terrestre, diante de nossas necessidades cármicas,
prometemos fidelidade e realização, mas, logo que reencarnamos, esquecemo-nos
dessas promessas, voltamos ao endurecimento espiritual e ao menosprezo às leis
de Deus.
Precisamos
entender, definitivamente, que uma nova encarnação não é uma aventura, nem nos
move o acaso ou a vontade aleatória do Criador. Ela faz parte de um contexto
global em que estamos inseridos, obedecendo a um planejamento evolutivo que, no
mais das vezes, contou com nossa anuência e compromisso.
Como afirmou
o abolicionista americano Wendell Phillips, a eterna vigilância é o preço da
liberdade. O mesmo se aplicará às promessas que fizemos na espiritualidade,
se não quisermos perder a atual encarnação. O sucesso do nosso presente projeto
de vida dependerá de vigilância e persistência.
Moisés,
Paulo de Tarso, Albert Schweitzer, Oskar Schindler, Zilda Arns, só para citar
os mais conhecidos, renunciaram ao conforto, à segurança e à própria vida. Como
entender, aos olhos humanos, o comportamento dessas criaturas, dentre muitas
outras que se destacam na história da civilização?
O que elas
têm em comum? Todas essas pessoas perguntaram-se se poderiam continuar em suas
situações de conforto e segurança, enquanto milhares não tinham direito à
mínima condição de sobrevivência. Prometeram e cumpriram suas promessas e
vivenciaram o seu profundo amor pela humanidade.
A maioria de
nós talvez ainda não esteja preparada para esses rasgos de desprendimento, em
favor de causas universais. Com certeza estamos, todavia, habilitados a superar
nossos interesses próprios, ensaiando desprendimento e respondendo pelas
responsabilidades que assumimos perante o plano maior.
Prometemos?
Cumpramos! Ou vamos, mais uma vez, retornar à espiritualidade como meros
estelionatários, como já fizemos tantas vezes?
Sidney Fernandes
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