INDIVIDUALISMO
Emmanuel
Em contato com os ideais
da Revelação Nova, o homem, sentindo dilatar-se lhe naturalmente a visão,
começa a perceber, com mais amplitude, os problemas que o cercam.
Aguça-se lhe a
sensibilidade, intensifica-se lhe a capacidade de amar. Converte-se lhe o
coração em profundo estuário espiritual, em que todas as dores humanas
encontram eco.
Por isso mesmo,
acentuam-se lhe os sofrimentos, de vez que as suas aspirações não surpreendem
qualquer sintonia nos planos inferiores em que ainda respira.
Desejaria o aprendiz
acompanhar-se por todos aqueles que ama, na caminhada para a vida superior,
entretanto, à medida que se adianta em conhecimentos e se sutiliza em sensações,
reconhece quase sempre que os amados se fazem dele mais distantes.
Aqui, é a companheira que
persevera em rumo diferente, além, é o coração paternal que, por afetividade
mal dirigida, dificulta a ascensão para a luz... Ontem, era um filho a golpear
lhe as fibras mais íntimas; hoje, é um amigo que deserta...
Se o discípulo não se
rende à perturbação e ao desânimo, gradativamente começa a compreender que está
sozinho, em si mesmo, para aprender e ajudar, entendendo, outrossim, que na
boa-vontade e no sacrifício adquire valores eternos para si próprio.
Quanto mais cede a favor
de todos, mais é compensado pela Lei Divina que o enriquece de força e alegria
no grande silêncio.
Na marcha diária, chega à
conclusão de que o individualismo ajustado aos princípios inelutáveis do bem é
a base do engrandecimento da coletividade. Reconhece que o espírito foi criado
para viver em comunhão com os semelhantes, que é a unidade de um todo em
processo de aperfeiçoamento e que não pode fugir, sem dano, à cooperação, mas,
à maneira da árvore no reino vegetal, precisa crescer e auxiliar com eficiência
para garantir a estabilidade do campo e fazer-se respeitável.
Ninguém vive só, mas chega
sempre um momento para a alma em que é imprescindível saber lutar em solidão
para viver bem.
Para valorizar o celeiro e
enriquecer a mesa, a semente descansa entre milhões de outras que com ela se
identificam; todavia, quando chamada a produzir com a vida para o conforto
geral, deve aprender a estar isolada no seio frio da terra, desvencilhando-se
dos envoltórios inferiores, como se estivesse reduzida a lodo e morte, a fim de
estender novos ramos e elevar-se para o Sol.
Sem o indivíduo forte e
sábio, a multidão agitar-se-á sempre entre a ignorância e a miséria.
Esforço e melhoria da
unidade, para o progresso e sublimação do todo, é uma lei.
A navegação a vapor,
atualmente, é patrimônio geral, mas devemo-la ao trabalho de Fulton.
A imprensa de hoje é força
direcional de primeira ordem, contudo, não podemos olvidar o devotamento de
Gutenberg, que lhe amparou os passos iniciantes.
A luz elétrica, nos dias
que passam, é questão resolvida, no entanto, a Edison coube a honra de sofrer
para que semelhante bênção desintegrasse as noites do mundo.
A locomotiva, agora, é
máquina vulgar, mas no princípio dela temos a dedicação de Stephenson.
Na Terra, surgira Newton,
invariável, à frente de todos os conhecimentos alusivos à gravitação universal
e o nome de Marconi jamais será apagado na base das comunicações sem fio.
Cada flor irradia perfume
característico.
Cada estrela possui brilho
próprio.
Cada um de nós é portador
de determinada missão.
O Espiritismo, confirmando
o Evangelho, vem amparar os homens e convidar o homem a aprimorar-se e
engrandecer-se, consoante a sabedoria da Lei que determina: "a cada um,
segundo as suas obras".
(Extraído do livro "Roteiro", Cap. 33,
psicografado por F. C. Xavier, FEB, 9ª edição.)
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